Por que a carreira militar pode ajudar sua luta empreendedora?

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Decidi investigar um pouco mais sobre a travessia da carreira militar ao universo empresarial após a repercussão positiva do meu artigo “10 Táticas Militares para Vencer a Guerra Empreendedora”. Como ex-integrante da Tropa de Elite do Exército brasileiro, e agora investidor de startups, chamou minha atenção o suporte recebido em países com forte tradição militar para levar a experiência adquirida nos campos de batalha ao mundo dos negócios.

Em Nações como Estados Unidos e Israel, os militares são incentivados a começar a planejar uma nova vida empreendedora quando ainda estão nas Forças Armadas. O resultado é uma presença relevante na economia dos “empreendedores de farda”, também chamados de “vetrepeneurs”.

No mercado americano, anotem, um em cada 10 empresários é veterano, segundo levantamento do US Census Bureau. Outro estudo da Syracuse University revelou que impressionantes 49% dos veteranos da Segunda Guerra Mundial construíram seus próprios negócios. E uma pesquisa da United States Small Business Administration indicou que eles têm 45% mais chances de se tornarem profissionais autônomos.

Mas por que ex-combatentes podem se tornar empreendedores diferenciados? O que trazem das trincheiras para estruturar negócios bem sucedidos?

São muitas as habilidades sócio-emocionais adquiridas nos quartéis que se tornam armas poderosas para lutar na batalha empreendedora, como a capacidade de liderar e trabalhar em equipe, saber resistir a fortes pressões, estar disposto a passar por sacrifícios, ter coragem, responsabilidade e resiliência.

Acima de tudo, militares têm o planejamento estratégico no DNA, são criativos para resolver problemas e têm foco na execução de tarefas, como bem salienta Mark L. Rockefeller, que integrou a Força Aérea dos Estados Unidos na Guerra do Iraque e hoje é CEO da StreetShares, a principal empresa americana de financiamento para empresas fundadas por veteranos.

“Os ‘vetrepeneurs’ têm suas próprias aceleradoras, incubadoras e empresas de venture capital. Eles fazem as coisas de forma diferente e aplicam aprendizados do serviço militar em seus negócios. E são perseverantes como ninguém”, assinalou Rockefeller em seu blog.

“O exército me preparou para articular e cumprir uma missão com recursos limitados, sono escasso e constantes mudanças”, ratifica em entrevista ao site Entrepeneur o empresário Jeremy Gocke, fundador e CEO da agência de branding Ampsy, que dedicou três anos ao exército americano.

Por aqui no Brasil, um famoso passou pela vida militar e levou para seus negócios a experiência adquirida no exército. Ninguém mais, ninguém menos do que o megaempresário Silvio Santos, que frequentou a Escola de Paraquedistas no bairro de Deodoro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde chegou a realizar alguns bons saltos.

Outro caso exemplar no País de um soldado que enfrentou 20 duros anos no Exército antes de empreender é Jimmy Cygler, presidente da Proxis, empresa brasileira de contact center. Ele lutou na Guerra dos Seis Dias, na Guerra do Yom Kipur e na Guerra do Líbano e trouxe sua vivência militar para estruturar uma das PMEs que mais crescem no Brasil, de acordo com levantamento da Deloitte.

Eduardo L’Hotellier, CEO do GetNinjas, estudou no Instituto Militar de Engenharia (IME) e também atribui à experiência militar a melhor formação que recebeu para criar seu próprio negócio.

O empresário João Márcio Moreira estruturou a franquia de lavanderias BonaSecco após ter construído uma carreira no exército. Fundada em 2003, a rede contabiliza hoje 37 unidades em 11 Estados e não para de crescer.

Não faltam lições militares aos que desejam empreender. Para encerrar, deixo quatro delas que Rockefeller indicou ter adotado na estruturação da StreetShares:

1.   Estabeleça uma clara missão estratégica e quebre esta missão em pequenas metas táticas;

2.   Recrute gente talentosa, construa espírito de equipe e acompanhe o progresso diariamente através de objetivos táticos;

3.   Mantenha o foco na missão o tempo todo, mas permita que a equipe inove – “adapte e supere”;

4.   Lidere na frente de batalha e esteja pronto para se sujar.

E você? Quais aprendizados pode dividir que te ajudaram a vencer a guerra empreendedora?

Lima Santos  - CEO da 5xmais Holding Business, empresa de investimento em startups, e ex-integrante da Tropa de Elite do Exército Brasileiro

ora”.