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sexta-feira, 10 de julho de 2020

Sunas: a Rede Social do desabafo e ajuda emocional


Por meio de um espaço seguro, anônimo e gratuito, plataforma Sunas visa ajudar usuários a cuidarem da saúde mental e incentivar o compartilhamento de experiências


Ser uma rede social fundamentada na empatia e no apoio emocional: essa é a principal função da plataforma online Sunas, que foi lançada no início deste ano no Brasil e vem ganhando muitos usuários durante a pandemia. Disponível na internet de forma gratuita desde março, o Sunas se tornou um local destinado ao compartilhamento genuíno de sentimentos, problemas, experiências, reflexões e poesias.

A rede social funciona como uma plataforma de suporte emocional, que busca unir pessoas que vivenciam os mesmos problemas através de um espaço seguro, anônimo e gratuito. Por meio da comunidade, profissionais de saúde, como psicólogos, e pessoas que já vivenciaram os mesmos problemas, podem dividir experiências e conhecimentos para auxiliar no tratamento de muitas questões, como o da ansiedade, por exemplo.  De forma similar as demais redes sociais, o Sunas oferece opções de interações entre as pessoas através de comentários e de reações aos relatos, como “Estou te ouvindo”, “Estou pensando em você”, “Eu te entendo” e “Você me ajudou”.

“Queremos que as pessoas saibam que existe uma rede social em que elas podem abordar como se sentem sem receio ou vergonha, através do anonimato, e receber apoio. Isso trás benefícios relacionados com o alívio sentido devido a identificação entre pessoas que passam por problemas similares, além do alívio de colocar para fora sentimentos e conflitos”, explica Sarah Pires, fundadora e CEO do Sunas.

Sarah ressalta ainda que a ideia é facilitar o acesso a conteúdos que explicam a fundo questões relacionadas à saúde mental, um fator extremamente importante para o entendimento dos sentimentos.

O Brasil é o país com os maiores índices de depressão na América Latina. Nos últimos dez anos, o número de pessoas com depressão em todo o mundo aumentou 18,4%. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 7,6% da população de adultos brasileiros já foi diagnosticado com o transtorno mental. Segundo o mesmo estudo, 18,6 milhões de brasileiros sofrem de ansiedade, assim classificando o país como o mais ansioso no mundo. Agora, com a pandemia e o isolamento social, esse número tende a crescer. De acordo com um levantamento do Sunas realizado no último mês, os temas “Quarentena” e “Ansiedade” lideraram as pesquisas, representando 19% e 14% dos acessos e interações, respectivamente.

“Diferente de muitas outras redes sociais, queremos eliminar esse paradigma de que internet é um local que só dá espaço para expressar felicidade e sucesso. Aqui, os usuários podem ser sinceros consigo mesmos e compartilhar realmente como se sentem para que a experiência seja eficaz”, explica Sarah. Além disso, a plataforma encurta as distâncias entre usuários e profissionais da saúde, proporcionando acesso a conteúdos que auxiliam no processo de compreensão das dificuldades referentes aos temas que englobam a saúde mental, através de textos, vídeos e podcasts.

O Sunas foi criado porque acredito no poder da partilha para tornar nossos problemas mais leves, pois ao compartilhar o que sentimos podemos experimentar sensação de alívio e também ajudar outras pessoas com nossas experiências, diz a idealizadora da rede social.

Dividida em diversas categorias como racismo, homofobia, luto, traumas, adversidades físicas, entre outras, a plataforma oferece uma comunidade segura e anônima para trocar experiências, compartilhar dificuldades e sentimentos, em que as pessoas podem expressar como se sentem sem sentir receio. Assim, conquistando alívio, amparo de outros membros e apoio de conteúdos de profissionais da saúde.

Para garantir a segurança dos usuários e evitar conteúdos inapropriados e informações equivocadas, tudo o que é publicado, tanto postagens anônimas na comunidade, quanto comentários e também postagens dos profissionais da saúde, passa por uma curadoria antes de ser aprovado. Os critérios levados em consideração são: não ser ofensivo, agressivo ou preconceituoso, preservar o anonimato, ter um teor positivo e empático. Com relação aos conteúdos profissionais, é levado em consideração se o material traz um conteúdo relevante e que de fato visa ajudar e se não é uma autopromoção do profissional.

O nome “Sunas” possui dois significados: primeiro, utilizado como gíria, que significa “estar de boa, tranquilo e sossegado”. É exatamente esse sentimento que a plataforma deseja para seus usuários. Segundo: “Suna”, palavra árabe, significa “caminho trilhado", logo, Suna do profeta significa o caminho trilhado pelo profeta.

Quer fazer parte dessa comunidade? Acesse: https://www.sunas.com.br/.



Sunas:
O Sunas é uma plataforma de saúde emocional totalmente gratuita que busca unir pessoas que vivenciam os mesmos problemas através de um espaço seguro e anônimo. Assim os usuários podem desabafar, partilhar sentimentos e experiências, além de receber o apoio de profissionais da saúde, como psicólogos. Esses por sua vez interagem com os usuários através de conteúdosrelacionados saúde mental, disponibilizados por meio de texto, vídeo e podcast
Criada em março de 2020 por Sarah Pires, a startup social é incubada pelo Instituto Fazendo Acontecer - ONG de Educação Empreendedora e incubadora de startups sociais. Atualmente, o Sunas já conta com mais de 340 membros e 74 profissionais da saúde cadastrados, destinados a facultar conteúdos focados nas questões trazidas pelas pessoas da comunidade.





Sarah Pires - Empreendedora social, Sarah fundou o Sunas em março de 2020 e atualmente é sócia majoritáriaFormada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Sarah concluiu a faculdade e se tornou empreendedora, liderando o Sunas. Compreensiva, empática e determinada, Sarah tem como propósito de vida ajudar as pessoas e desde pequena é o que tem feito com familiares e amigos


Julho Verde: mesmo com pandemia, em caso de sinais procure orientação médica



Especialista do IBCC Oncologia alerta para a ocorrência de rouquidão ou alteração na voz por mais de 15 dias 


Já se tornou comum usarmos meses característicos para conscientização sobre alguns tipos de doença, como o Outubro Rosa, em que tratamos como prevenir e diagnosticar precocemente o câncer de mama. São iniciativas que têm como principal objetivo descobrir esses tumores em estágios iniciais, já que, dessa maneira, os médicos podem encontrar o tratamento mais correto e efetivo para o paciente.

Nesse sentido, a campanha Julho Verde visa conscientizar e combater o câncer de cabeça e pescoço já que os números de novos casos da doença são alarmantes.

Durante todo este mês, várias instituições, entidades de classe, órgãos governamentais e sociedade civil atuam com ações para ampliar a conscientização das pessoas por meio do mote "Seu Corpo é sua vida. Não o destrua!".

Para a médica Dra. Beatriz Cavalheiro, cirurgiã de cabeça e pescoço do IBCC Oncologia, o tema deste ano faz todo sentido. “Hábitos saudáveis e consciência corporal são responsabilidades de cada um. Nossa saúde é nosso maior patrimônio e a informação, obtida por meios confiáveis, é um dos recursos para preservá-la”, diz a especialista ao elencar dicas e sinais que devem der observados com atenção.

·         Rouquidão progressiva e por mais de 15 dias.

·         Alteração na voz.

·         Dor ou incômodo ao engolir.

·         Escarro ou tosse com sangue.

·         Falta de ar.

·         Feridas ou aftas se não cicatrizarem em 15 dias.

·         Nódulos no pescoço.


De acordo com a Dra. Beatriz, os cânceres de cabeça e pescoço podem ser agrupados em 4 áreas principais:

·         Tireoide

·         glândulas salivares

·         pele

·         via aéreo-digestiva alta (boca; garganta – orofaringe, hipofaringe e laringe; rinofaringe; cavidade nasal).

De acordo com os últimos dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), os tumores dessa região do corpo já estão entre os mais incidentes na população brasileira. Mesmo com a ocorrência de 43 mil novos casos para este ano e, apesar de frequente, as pessoas não dão a atenção devida para prevenir a doença.

Para a Dra. Beatriz, a única forma de reduzir esses números é pela conscientização a respeito dos principais fatores de risco. São eles:

·         fumar, tanto cigarro comum como eletrônico ou narguilé

·         consumir em excesso bebidas alcoólicas

·         ter má higiene oral

·         proceder com alimentação pobre em frutas e vegetais

·         ter dentes em mal estado geral de conservação


A médica destaca ainda outras três questões igualmente importantes:

·         a exposição ao sol sem proteção pode ser mais um fator de risco para a ocorrência de câncer de pele.

·         os efeitos do fumo e do álcool são potencializados quando presentes em um mesmo indivíduo e podem causar o câncer de garganta.

·         vacinar-se contra o HPV e usar preservativo podem ajudar a reverter o aumento de casos de cânceres associados a contaminação por via sexual. 

Para a especialista é preciso mudar os hábitos de vida. Reconhecer o próprio corpo, ter atenção aos pequenos sinais e buscar precocemente atendimento médico ajudam no diagnóstico e tratamento iniciais e complementa “as lesões descobertas previamente, podem ainda ser pré-tumorais e isso reduz bastante os casos fatais”.

Por isso, se possuir traumas repetidos na boca, como aqueles que ocorrem em próteses dentárias com dentaduras mal ajustadas, procure um especialista. “Seja ativo na busca por atendimento profissional. Insista e trabalhe ativamente para que existam profissionais de saúde em sua comunidade!”, ressalta a médica.

“Os cânceres de cabeça e pescoço são curáveis, mas dependem do estágio em que são diagnosticados. Quanto mais precoce e inicial, maiores as chances de cura e menores as consequências do tratamento sobre a anatomia e a função do órgão afetado”, diz.

Para os tumores iniciais de cabeça e pescoço o tratamento mais comum é o cirúrgico. Já nos cânceres mais avançados podem ser tratados com a combinação de técnicas cirúrgica, quimioterápica e radioterápica. E em situações específicas, o tratamento de escolha se dará por radioterapia com ou em associação a quimioterapia.

A oncologia clínica tem trabalhado com drogas novas, podendo utilizar, inclusive, a própria imunidade do paciente para a luta contra o tumor. Técnicas de reconstrução e reabilitação são constantemente aperfeiçoadas, mas nada substitui a determinação do paciente, seus familiares e profissionais envolvidos. Muitos tratamentos ainda são experimentais e vinculados a serviços universitários, mas, é inegável que a ciência caminha a passos largos”, acrescenta a médica.

O prosseguimento do tratamento deve ser lembrado, pois esses cânceres podem voltar, especialmente se o paciente insistir e manter os fatores de risco que ocasionaram a doença. É um compromisso para a vida toda. “O autoexame da boca é importantíssimo. O indivíduo, em frente a um espelho e com boa iluminação, deve olhar o interior de sua cavidade oral, incluindo o céu da boca e assoalho elevando-se a língua para o alto, além de gengivas, revestimento das bochechas e língua”, finaliza.

Anualmente, o Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço é celebrado no dia 27 de julho e a campanha Julho Verde é organizada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP).


Como usar uma máscara de proteção nasobucal sem embaçar os óculos?


 Saiba como usar a máscara de proteção nasobucal e os óculos ao mesmo tempo


 Este pode ser um dos problemas mais inofensivos da pandemia de coronavírus, mas, no entanto, é um incômodo: óculos embaçados. Isso acontece quando o hálito quente escapa pela parte superior da máscara e atinge a superfície mais fria das lentes dos óculos.


Quando são necessários óculos e máscaras ...

“Por mais irritante que seja, não pare de usar sua máscara. A máscara de proteção nasobucal ajuda a impedir a propagação do COVID-19. Em vez disso, siga nossas dicas para manter seus óculos, óculos de sol ou óculos de segurança limpos”, orienta o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do Instituto de Moléstias Oculares, IMO.

Nos Estados Unidos, infelizmente, os oftalmologistas estão tratando cada vez mais lesões em pessoas que não usavam óculos de segurança enquanto mascaradas. Há relatos de trabalhadores da construção civil que sofreram lesões oculares, após removerem os óculos de proteção embaçados e de pessoas em quarentena, que não achavam que precisavam proteger os olhos, enquanto realizavam pequenos reparos em casa e no jardim.

“Se houver um produto químico envolvido no trabalho, sempre recomendo aos pacientes usarem óculos de proteção", diz a oftalmologista Sandra Alice Falvo, que integra o corpo clínico do IMO.

Portanto, seja você um trabalhador da construção civil ou apenas um jardineiro amador em quarentena, aqui estão algumas dicas para impedir que sua máscara de proteção nasobucal embace seus óculos:

  1. Coloque sua máscara no seu rosto

“Se a sua máscara não se encaixa bem no seu rosto, é provável que o ar quente escape e embace suas lentes. Ao colocar a máscara, certifique-se de apertar a parte superior da máscara – o clipe nasal – para se ajustar ao formato do nariz. Se a sua máscara permitir, aperte os lados também para um bom ajuste. Use esparadrapo antialérgico ou fita adesiva antialérgica para fechar o espaço entre o nariz e a parte superior da máscara”, ensina Sandra Falvo.

  1. Coloque seus óculos sobre a máscara

“Tente puxar a máscara sobre o nariz e coloque os óculos em cima dela. Isto impedirá que o ar escape, evitando o embaçamento. Se você fizer isto, verifique se a máscara se encaixa corretamente no rosto. O nariz e boca devem estar completamente cobertos”, ensina Centurion. Caso seja necessário, passe na ótica da sua confiança para verificar a correta adaptação e/ou ajuste da armação dos óculos.


  1. Limpe seus óculos antes de usá-los

Como lavar e/ou higienizar os óculos, ensina Virgílio Centurion:

-  Água corrente, temperatura ambiente;

-  Uma gota de limpa vidros e/ou detergente nas duas faces (anterior e posterior) das duas lentes;

-  Friccionar suavemente com os dedos sobre o jato de água da torneira;

-  Secar com lenço de papel fino ou feltro adquirido em ótica.





IMO-Instituto de Moléstias Oculares
Fanpage: @imosaudeocular
Instagram: @imosaudeocular


Estudo mostra associação do sobrepeso com fraturas nas crianças



Especialista da ABTPé comenta pesquisa e os riscos de fraturas na infância


Estudo envolvendo mais de 460 mil crianças acompanhadas até os 15 anos de idade demonstrou que as fraturas nos membros superiores e inferiores foram mais comuns nas crianças com maior peso. A pesquisa, realizada na Espanha, foi destacada recentemente no Journal of Bone and Mineral Research, publicação da Sociedade Americana de Pesquisa Mineral e Óssea (ASBMR), uma das mais importantes sociedades no mundo dedicadas à pesquisa óssea. Os pesquisadores se basearam em estudos prévios em pacientes adultos que evidenciaram associações entre fraturas e obesidade.

Os envolvidos no estudo foram divididos em quatro grupos segundo o índice de massa corporal: baixo peso, peso normal, sobrepeso e obeso, e foi analisado que as crianças com IMC (Índice de Massa Corpórea) mais elevado apresentaram probabilidade significativamente maior de sofrerem fraturas do que crianças com peso normal.

“É sabido que a obesidade infantil aumenta a chance de obesidade na vida adulta e este estudo demonstra outro efeito preocupante do aumento de peso. A fratura é uma das lesões mais graves do esqueleto e ela é ainda mais preocupante na criança com esqueleto imaturo, pois a lesão pode comprometer a fise, região onde ocorre o crescimento ósseo, com possibilidade maior de levar a distúrbios de alinhamento e do crescimento”, explica o presidente da ABTPé (Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé), Dr. José Antonio Veiga Sanhudo.

O especialista salienta que não é raro o desenvolvimento de discrepância no comprimento dos membros após uma fratura. Se a lesão acomete a fise propriamente dita, pode ocorrer uma lesão celular com diminuição do crescimento desta perna. Por outro lado, se a lesão ocorre em uma região próxima, mas não exatamente na fise, pode haver um estímulo ao crescimento ósseo neste local pela hipervascularização secundária à fratura.

“Ou seja, sabendo que as fraturas são especialmente graves na criança e com a sua recente associação com o sobrepeso, temos motivos de sobra para regular a dieta dos nossos filhos”, fala Dr. Sanhudo.



Obesidade infantil no Brasil

Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 13% das crianças brasileiras, de 5 a 9 anos, sofrem de obesidade, que se dá pelo excesso de gordura corporal, quando ultrapassa 15% do ideal, e também por outros critérios como doenças crônicas, IMC e genética.

Já as notificações do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional de 2019, revelam que 16,33% dos brasileiros entre cinco e dez anos estão com sobrepeso, 9,38% são obesos e 5,22% apresentam obesidade grave. Entre os adolescentes, 18% têm sobrepeso, 9,53% são obesos e 3,98% apresentam obesidade grave.

A nível mundial, dados da Organização Internacional World Obesity apontam que atualmente cerca de 158 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos convivem com o excesso de peso e esse número deve aumentar para 254 milhões em 2030 em todo o mundo.





Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (ABTPé)


Como ver o que não se mostra – entendendo mecanismos celulares da infertilidade masculina

Marian Anbu Juwan/Pixabay

Até 1992, um casal que apresentasse infertilidade por uma causa masculina teria poucas opções para que aquele homem se tornasse pai biológico. Em janeiro daquele ano, porém, nasceu a primeira criança concebida por uma técnica denominada injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI). Nela, um espermatozoide é injetado diretamente dentro do óvulo, permitindo que mesmo homens com pouquíssimos espermatozoides (amostras férteis apresentam em geral mais de 30 milhões de espermatozoides) consigam atingir a paternidade biológica. Um salto enorme!

Ainda que tenha permitido tratar muitos casos antes sem opção, a questão não estava resolvida. Isso porque espermatozoides bons e ruins podem ser muito parecidos entre si, e diferenciá-los na hora de escolher qual será injetado no óvulo não é uma tarefa simples. Nosso grupo de pesquisa no Programa de Pós-graduação em Urologia da Escola Paulista de Medicina da Unifesp tem trabalhado durante as últimas duas décadas para estudar essas diferenças. Nossa ideia, desde o começo, é avaliar aspectos dos espermatozoides que eludem à análise clássica. Iniciamos, àquela época, análise da fragmentação do DNA dos espermatozoides. Basicamente, é uma técnica que avalia se o espermatozoide está com o DNA bom ou quebrado (i.e. fragmentado). Como o DNA do espermatozoide será utilizado pelo óvulo para compor metade do DNA do bebê que vai se formar, o impacto em potencial é enorme.

Hoje, quase 20 anos após o início dos estudos, notamos aumento expressivo no número de laboratórios que oferecem testes para avaliar fragmentação de DNA dos espermatozoides. Tenho esperança de que isso reflita em uma busca maior de homens para avaliar a saúde reprodutiva. Muitos estudos recentes demonstram associação entre infertilidade masculina e hipertensão arterial sistêmica, alguns cânceres ou outras doenças.

Neste sentido, esperamos que outras avaliações sejam em breve incorporadas à avaliação da infertilidade masculina. Temos estudado, por exemplo, as mitocôndrias dos espermatozoides. Elas são responsáveis por boa parte da produção de energia, e estudá-las tem permitido acompanhar a evolução do tratamento de doenças que levam à infertilidade, como a varicocele (varizes nas veias que saem do testículo). Os resultados são encorajadores – tratar varicocele  leva à melhora na integridade do DNA e na atividade dessas mitocôndrias. Interessantemente, revisão recente demonstrou que tratar varicocele em homem de casal infértil pode aumentar em até oito vezes a chance de gravidez.

O passo seguinte é desenvolver maneiras de escolher espermatozoides bons e separá-los dos que apresentam alterações. Recentemente, por exemplo, conseguimos marcar espermatozoides com DNA fragmentado para que grudassem em um ímã, enquanto os que permaneceram soltos apresentavam DNA íntegro. Um novo método que selecione espermatozoides melhores poderá trazer mais segurança à ICSI e aumentar a chance de que, ao final do processo, nasça um bebê saudável e sem alterações.





Ricardo Pimenta Bertolla - diretor-financeiro e de captação da FapUnifesp (Fundação de Apoio à Unifesp), professor livre-docente da disciplina Urologia da Escola Paulista de Medicina e coordenador do programa de pós-graduação em Urologia, ambos da Unifesp. Possui mais de 60 artigos publicados em revistas internacionais, e é editor da Scientific Reports, do grupo Nature. Além disso, é autor de ficção, sob o nome R. Pimenta.


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