Pesquisar no Blog

quarta-feira, 25 de março de 2020

EM TEMPOS DE CORONAVÍRUS COMO FICAM AS VISITAS AOS FILHOS NO CASO DE PAIS SEPARADOS


Outras situações do Direito de Família também tiveram demanda elevada com o advento da Covid-19


A pandemia causada pelo coronavirus (COVID-19) vem causando impactos na sociedade mundial, obrigando os governos a tomarem medidas de segurança para proteger a população contra esta doença, que vem impondo comportamentos humanos não experimentados anteriormente.

No âmbito do Direito de Família tem surgido compreensíveis preocupações relacionadas com o exercício materno e paterno dos direitos de guarda e visitas, bem como, de comunicação dos pais separados e seus filhos.

Embora exista a preocupação em respeitar os direitos fundamentais dos filhos menores e incapazes, especialmente no que diz respeito às visitas do genitor que não detém a guarda do filho, não se contesta que deve-se preservar, com absoluta prioridade, o direito à vida, minimizando o impacto dessa experiência única nunca antes vivenciada. É de total importância que se observe o supremo interesse da criança e adolescente, devendo os pais resguardar os filhos para que fiquem a salvo, não negligenciando os cuidados que devem ser observados, mantendo-os, momentaneamente, reclusos em casa.

Nas visitas, por exemplo, importante haver um juízo de ponderação para que a criança seja protegida, buscando-se o ponto de equilíbrio entre o exercício do direito de guarda e de visitas dos pais com seus respectivos filhos.
É certo que os pais precisam encontrar as prioridades dos filhos menores e que ambos têm o dever constitucional de proteger, não impedindo ou criando obstáculos, na convivência e a comunicação do outro genitor, respeitando ambos em acordo ou determinado judicialmente.

Entretanto, a grave situação que todos estamos atravessando, justifica a tomada de medidas de exceção. Assim, enquanto essa situação toda instalada de grande disseminação viral e respeitando as restrições de circulação de pessoas, há de se evitar exposição desnecessária para o menor, isto enquanto não normalize a situação, inclusive, e se for o caso, acordando futuras compensações de convivência para outros dias,  procurando um exercício responsável do poder familiar.

Se algum dos genitores apresentar sintomas de contágio ou tenha resultado positivo o teste do COVID – 19, no interesse dos filhos menores e para evitar sua propagação, deve se manter a guarda e custódia com o outro genitor, suspendendo provisoriamente a comunicação do genitor infectado, sem prejuízo da ampliação inclusive, dos contatos paterno-filiais pelos meios de comunicação hoje existentes por internet, com o objetivo de não afastar a criança do genitor infectado, servindo como melhor sugestão o diálogo dos pais buscando proteger o filho e aqueles que com ele convivem, fazendo prevalecer sempre o seu instinto de proteção e de bom senso.

Porém, se, lamentavelmente, não houver entendimento nesse sentido, tal questão poderá culminar em litigio.


Outras demandas do Direito de Família

Com o advento da Covid-19, o atendimento sobre outros assuntos do âmbito do Direito de Família cresceu. Alguns especialistas acreditam que com a percepção sobre a efemeridade da vida, as pessoas estão buscando sanar pendências que possuem há anos.

No Paraná, por exemplo, a imprensa divulgou que houve 70% de aumento na procura pelos serviços de cartório até a semana passada. Entre tais serviços, um dos mais procurados é a regularização de testamento.

Outro serviço é o casamento. Casais que já vivem muitos anos juntos estão agora procurando regularizar a situação com o registro de união estável ou de casamento mesmo, a fim de deixar questões econômicas e de herança em ordem ou até para dar direito de inclusão ao plano de saúde para um dos cônjuges.


Maria da Penha

“Violência doméstica contra as mulheres é outra questão que também aumentou em número de casos por causa do isolamento social”, aponta doutora Priscila Goldenberg.

O portal de notícias Universa traz que no Rio de Janeiro o aumento foi de 50% nos últimos dias. Em São Paulo, muitos órgãos também já registraram aumento desses casos, provocados pelo confinamento forçado dos casais.



Priscila Goldenberg – Especialista em Direito de Família


Qual o impacto do coronavírus na dinâmica das cidades?


Especialista comenta os efeitos da pandemia na vida urbana do Brasil e do mundo


A recomendação das autoridades de diversos países é a mesma: isolamento. O aumento dos casos do novo coronavírus (Covid-19) alterou a vida de milhões de pessoas que precisaram adaptar a rotina, o trabalho, o lazer e a forma de se comunicarem.
De acordo com o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, em 2018, 55% da população mundial – ou 4,2 bilhões de pessoas – viviam em centro urbanos. E com a pandemia, as cidades, cada vez mais estruturadas para acolher a maior quantidade possível de pessoas, ficaram vazias.
“É na cidade onde as pessoas realizam, por excelência, as trocas. O isolamento é algo completamente atípico, que deve ocorrer apenas em situações específicas, como na atual pandemia ou em guerras”, afirma Evandro César dos Santos, mestre em educação e coordenador do material de cidades da BEĨ Educação no Colégio do Carmo, em Santos.

Segundo o especialista, o vírus está causando um impacto nunca antes visto nas cidades brasileiras, já que o país jamais tinha restringido o acesso ao espaço público – do comércio a áreas destinadas ao lazer. “Em um momento como este, notamos a dinâmica da vida urbana. Levamos nossa rotina de trabalho ou estudos automaticamente e não percebemos a falta que itens básicos do direito à cidade nos fazem”, diz.

Ele também ressalta que o isolamento tem um impacto no bem-estar das pessoas, principalmente das mais pobres, já que o receio de perder o emprego gera preocupação e agrava quadros de estresse e ansiedade. Por isso, quanto mais cedo todos se conscientizarem, ficando em casa e assim reduzindo a transmissão do vírus, mais rápido as pessoas poderão recuperar seus hábitos. “Durante grandes catástrofes, as pessoas tendem a refletir mais sobre seu papel no coletivo. Afinal, a cidadania se faz na cidade, e em uma cidade onde todos tenham empatia pela situação do outro.”





BEĨ Educação


Isolamentos horizontal e vertical


Opinião 


Todos em casa ou apenas os de maior risco? Ambas podem ser alternativas acertadas. Cada uma no seu tempo.

Hoje, há quem prefira a primeira alternativa (comungo com estes), outros a segunda. Houve até quem admitisse a proposta de isolamento algum, afastada face ao risco de grandes perdas. As perdas em questão seriam ponderadas na balança de nossos valores morais e esses dão destaque ao indivíduo, valorizam os idosos e os fragilizados.

Assim, deixar-nos levar inertes pela epidemia representaria desastre de grandes dimensões.

Decidiu-se mitigá-la: "achatar a curva". Sem perder de vista as consequências do isolamento horizontal (reclusão extrema e paralisação da Economia), priorizou-se evitar as mortes dos mais frágeis da sociedade.

Sim. Dar fôlego ao sistema de Saúde talvez poupe alguns deles. Amargaremos destarte profundos efeitos colaterais - uma grande recessão -, mas o faremos conscientemente.

Assim fazendo, o prejuízo será maior? É uma hipótese.

Na tomada de decisão, a hipótese distante perde do maior peso que tem o perigo real, próximo e iminente.

A decisão de isolamento horizontal preocupa, mas não pesará insuportável e indelével na consciência da sociedade. Pagar-se-á caro... Que assim seja.

Por outro lado, que atentos à progressão da doença, aproveitemos as oportunidades que surgirão (espero bem que nas próximas semanas) e façamos transição para o isolamento vertical, caso isso venha a ser exequível.

Essencial será, portanto, ter olhos abertos, mãos rápidas e firmes.




José Luiz Gomes do Amaral
Presidente da Associação Paulista de Medicina


Posts mais acessados