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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

A leitura como um aprendizado para a vida



Um dos mais importantes temas em educação e em formação humana é, certamente, a leitura e a formação de leitores.

Adquirindo um sentido muito mais amplo do que apenas decifrar a palavra escrita, o ato de ler deve ser entendido sob muitos matizes: como atribuição de sentido ao texto escrito, como prática social, como compreensão do contexto (“a leitura do mundo precedendo a leitura da palavra”, lembrando Paulo Freire, para quem a “compreensão do texto implica a percepção das relações entre texto e contexto”), etc. Ler, assim, é explorar o texto em busca de respostas textuais e contextuais, é ser questionado pelo mundo e por si mesmo, o que gera uma ação crítica do sujeito no mundo.

Nesse sentido, o ato de leitura é um ato de abertura para o mundo. Ao entrarmos no território dos textos com tudo o que somos e lemos, emergimos da leitura com mais clareza do nosso universo interior e exterior, reinaugurando nosso repertório. Olhar é ler, e ler, antes de tudo, é uma operação de percepção, em que estão envolvidos muitos processos: neurofisiológico, cognitivo, afetivo, argumentativo, simbólico, não necessariamente nessa ordem, daí a complexidade e abrangência do conceito de leitura.

Discutir, estudar ou revisar o conceito que temos ou tínhamos de leitura, neste momento do século 21, é mais do que oportuno. Em primeiro lugar, porque exige pensar a respeito da formação de leitores e escritores no espaço escolar, tendo como mote nada mais do que uma das funções essenciais da escola, que é desenvolver a competência comunicativa dos alunos, tornando-os, assim, capazes de compreender a realidade em que estão inseridos e participar ativamente da construção do mundo histórico e cultural. Em segundo lugar, e não menos importante, a função da escola em educar sensibilidades, em formar pela arte. Não há como pensar em um projeto de nação sem pensar em leitura e formação de leitores.

Se a função do educador e da escola der conta de tornar o aluno capaz de ler e pronunciar o mundo, citando novamente Paulo Freire, responderemos ao desafio maior de não só formar leitores críticos e conscientes de sua cidadania, mas também pessoas que exercitem a expressão da criatividade e do espírito como preparo para uma vida adulta de valorização do humano.






Júlio Röcker Neto - gerente editorial da Editora Positivo, especialista em Leitura de Múltiplas Linguagens (PUCPR) e mestre em Literatura (UFPR).



A importância do imaginário infantil na primeira infância



O desenvolvimento cognitivo, que começa antes mesmo do nascimento prossegue durante a época das brincadeiras. Corriqueiramente chamado de período “pré-escolar”, a fase da creche, é uma época mágica e cheia de fantasias, em que a criança passa por um importante processo de aprendizagem, é um estágio que mais apropriadamente devemos chamar de “primeira infância” e que sem dúvida tem um “projeto” de desenvolvimento bastante próprio.
Um dos prazeres de observar crianças é ouvir a compreensão fantasiosa e subjetiva que elas têm de sua própria vida. Elas nos divertem com seu pensamento imaginativo e mesmo mágico, quando conversam com o amiguinho invisível, ou quando ficam conjecturando onde o sol dorme, ou quando afirmam com segurança que elas dormem de olhos abertos. Ao mesmo tempo, nos surpreendem quando se confundem com metáforas (como “mamãe está presa no trabalho” ou “o motor do carro morreu”) e quando se mostram ilógicas quanto a ocorrências corriqueiras (por exemplo, acreditando que a lua as seguem quando andam à noite). Aos 3 anos, elas acreditam que os desejos geralmente se concretizam e que os adultos, as crianças e provavelmente os gatos e os cachorros (mas não os bebês) podem formular desejos se (assim) quiserem (Woolley et al., 1999). Evidentemente, o pensamento é guiado pelas fantasias e imaginário infantil.
Quando, pelo senso comum, falamos em “fases de vida” estamos propriamente preestabelecendo estágios, momentos em que devemos vivenciar determinadas experiências mais ou menos parecidas de acordo com determinado período do desenvolvimento. É certo que cada pessoa terá uma experiência particular, de acordo com a cultura e o meio social em que vive, entretanto, o período de maturação cerebral deve acontece mais ou menos nas mesmas épocas para todos os seres humanos, o que explicará, por exemplo, o motivo pelo qual a primeira infância, a fase escolar, a adolescência, a fase adulta e a velhice possuem características muito particulares e específicas. Hoje nos atentaremos à primeira infância.
Sabemos que o processo de mielinização, envoltório da bainha de mielina nos axônios, já acontece durante o período pré-natal, o nosso cérebro já começa a ser preparado para fazer importantes conexões, e assim nos preparar para o mundo pós natal, que requer o mínimo de instinto de sobrevivência. É importante entendermos esse conceito, pois é pelo processo de maturação cerebral que poderemos entender melhor o porque determinados comportamentos acontecem em algumas fases e outros não.
Aos 2 anos de idade a criança já tem um cérebro em peso e tamanho muito próximos ao de um adulto, o que poderia supor que esse cérebro faria as mesmas conexões que um cérebro maduro, entretanto essa suposição não é verdadeira, pois o cérebro humano, de acordo com pesquisas recentes, apesar de iniciar seu processo de maturação lá no período pré-natal só chegará a termo por volta dos 20 e poucos anos de idade, ou seja, não é apenas fundamental que tenhamos um cérebro, mas que tenhamos um cérebro que mature e proporcione conexões eficazes, capaz de criar uma orquestra em sintonia que comande nossos comportamentos, emoções e sentidos de forma funcional. Daí a importância da estimulação e dos marcos de cada estágio do desenvolvimento.
Quando falamos em imaginário infantil, amigo invisível, papai Noel, coelhinho da páscoa entre tantos outros símbolos, estamos nos referindo a um período em que o cérebro está fazendo muitas conexões (sinapses), e precisa de estimulação externa (do meio) para continuar trabalhando, e assim, em algum momento do desenvolvimento começar a fazer suas podas neurais (eliminação de neurônios que não estão sendo utilizados) e fortalecer sinapses (a grosso modo, conexões neuronais) necessárias para ultrapassar um estágio.
Depois de entendermos que, necessariamente, precisamos de conexões cerebrais que sejam funcionais e nos permitam estabelecer o elo com o mundo a partir de comportamentos e emoções, fica fácil associarmos o porque o imaginário infantil é tão importante para a criança na primeira infância, pois é esse imaginário permeado de símbolos e fantasias que permitirá aos pequenos a lidar com uma “fase” que é tão diferente da do adulto. O cérebro deles, devido a falta de maturação para a idade, que é esperado, não pode agir e dispor de racionalidades como o nosso, por isso “lançam mão” de ferramentas pertinentes ao que eles podem lidar, de acordo com idade cronológica e maturação cerebral. Quanto mais imaginação e fantasia a criança criar mais sua criatividade, abstração e flexibilidade cognitiva estarão aptos a ingressar no estágio posterior.
Quando damos asas ao papai Noel e ao coelho da páscoa estamos estimulando um cérebro a pensar, ciar e inibir imagens, acrescentar conteúdos de seu cotidiano a novos temas, ou seja, estimulação da aprendizagem, linguagem, percepção entre tantas outras funções, pois não se resume apenas em um papai Noel ou coelho da páscoa, mas sim em um contexto histórico que é importante os pais apresentarem, que faz parte de uma cultura e durante muito tempo eles se sentirão motivados a escreverem (mais uma habilidade a aprender) cartas e a encontrarem ovos espalhados pela casa (brincadeira que envolve imaginação, coordenação e raciocínio lógico), portanto a concretude que nos leva a  pensar em seres totalmente inocentes não pode fazer parte desse momento da infância, aliás ela é bastante prejudicial. E quando chegar o momento de “descobrir” que papai Noel e coelho nunca existiram será o momento de entender que nem tudo é perfeito e que a partir dali deverão aprender a lidar com frustações, o que é muito saudável. 
Quando damos um lego para uma criança montar devemos observar o quão criativa aquela criança está sendo, o que ela está criando, pois suas montagens refletem seu dia a dia, mais que isso, sua montagem reflete seu imaginário, uma criança com um cérebro em franco desenvolvimento, fazendo milhares de conexões precisa ter ideias “mirabolantes”, precisa criar, criar e criar, todas as crianças com um desenvolvimento neurotípico (que não apresenta distúrbios significativos no funcionamento psíquico)  têm potencial para isso, entretanto se não forem estimuladas por seus cuidadores infelizmente essa imaginação ficará pobre, o que subentende-se um cérebro trabalhando menos e um cérebro trabalhando menos subtende-se desuso, ou seja, funções importantes podem deixar de ser desenvolvidas.
Portanto, uma criança que brinca é uma criança que cria e uma criança que cria é um ser humano desenvolvendo um potencial diverso em um estágio de desenvolvimento que deixará consequências para estágios posteriores. É importante lembrar aos cuidadores (aqueles que cuidam e criam) que brincar não significa deixar o filho na frente de um tablet horas a fio, deixar o filho na frente da tv nas horas vagas, comprar um lego que venha com sugestões de montagens, “abarrotar” a casa de brinquedos que não estimulam coordenação motora e principalmente não estimulam a imaginação e a criação própria, não existe nada mais promissor e saudável para uma criança do que ela própria fazer sua boneca de pano ou inventar seu carrinho com a caixa de papelão.




Fernanda Machado CRP 06/121510 - Psicóloga em terapia cognitivo comportamental com formação em transtornos psiquiátricos e neuropsicologia.


Crianças na internet preocupam os pais



Especialista alerta para que pais se mantenham atentos aos conteúdos acessados pelos filhos no ambiente virtual


A moda dos desafios em redes sociais não é mais novidade no Brasil e em outros países, e a recente morte de uma menina de 7 anos devido a este tipo de “jogo” aumentou a importância da discussão e do alerta aos pais. Outros perigos também podem ocorrer com os pequenos a partir do uso indevido e exagerado da internet, como, por exemplo, torná-los cada vez mais adultos, antissociais ou extremamente ansiosos em virtude da velocidade das informações.

Para a psicóloga Sarah Lopes, do Hapvida Saúde, os cuidados dos responsáveis com relação às orientações devem levar em consideração a idade da criança e períodos de navegação. “Até os 5 anos, as crianças podem ficar no máximo uma hora conectada de forma fracionada. Além disso, existem aplicativos do próprio sistema operacional que bloqueiam sites inapropriados de acordo com a idade. Os pais devem ser cuidadosos evitando invadir a privacidade ou caso haja algo que requer explicações tentar conduzir sem coagir às crianças”, orienta.

O imediatismo, possibilidade de se esconder atrás de uma tela, jogos, desafios e redes sociais se apresentam de maneira atraente para os jovens. Por isso, controlar o tempo que os filhos permanecem no mundo virtual é essencial para a segurança. “É, de certa forma, injusto impedir que as crianças não tenham acesso algum a jogos, exceto os que são violentos.  Mas os responsáveis precisam fazem concessões, fazendo com que as crianças não se sintam excluídas”, comenta a especialista.

A tecnologia também pode ser usada para o monitoramento através de aplicativos que controlam tempo e conteúdo acessado. A escola também pode ser uma aliada da família evitando o uso de aparelhos eletrônicos, como celulares e tabletes, no ambiente escolar, e orientando os alunos sobre os riscos. “Podem incluir aulas sobre o uso correto do ambiente virtual e os perigos existentes, além de orientar os pais e estar sempre em contato direto com senhas ao perceber algo inapropriado”, explica Lopes.

A psicóloga ressalta que entreter a garotada com outras atividades contribui para distanciá-las do uso demasiado da internet, educando, divertindo e aproveitando mais tempo em família. “Existem outros meios de distração sem que seja necessário o uso da tecnologia”, finaliza.



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