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domingo, 23 de julho de 2017

Novas tecnologias reaquecem debate sobre Redução de Danos no Tabagismo


Especialistas de diversas áreas reunidos em evento promovido pela Sociedade Brasileira de Toxicologia (SBTox) reforçam necessidade de ampliar as discussões

“O que há dez anos poderia ser apologia às drogas, atualmente pode ser considerado como uma estratégia realista e pragmática”. Essa foi uma das afirmações mais contundente sobre o tema Redução de Danos feita pela toxicologista Dra. Alice Chasin, durante o evento realizado em junho de 2017.

Promovido pela Sociedade Brasileira de Toxicologia (SBTox), o debate sobre Redução de Danos no Tabagismo ganhou força com a abordagem da evolução de novas tecnologias nas diferentes áreas de estudo. Se comparado com a aplicação do conceito em etanol, ou seja, no controle do consumo de álcool, a prática pode ser abordada sob a ótica do estabelecimento de risco x gerenciamento de risco.

“Na área da toxicologia, podemos tratar o consumo do álcool de forma aguda ou crônica. A sociedade adotou a forma crônica que são os seus efeitos imediatos no trânsito, por exemplo. E assim, passamos a tratar o gerenciamento do risco com o estabelecimento de cotas mínimas de consumo, sem perder de vista a máxima – Se beber, não dirija”, reforçou a Dra. Alice. “A estratégia de redução de danos no tabagismo deve ser considerada como uma estratégia complementar às convencionais utilizadas pelas autoridades de saúde. Elas não são concorrentes ou antagônicas. E passamos, então, a tratar também a questão de Redução de Danos x Redução de Risco”, completou.

Nessa mesma linha, a Dra. Silvia Cazenave, ex-superintendente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (entre 2014-2016), destacou os objetivos específicos da Anvisa quanto ao tabagismo, principalmente o de reduzir a exposição da população aos componentes tóxicos presentes na fumaça gerada pela queima do tabaco. “Enquanto (a Anvisa está) preocupada com a proteção à saúde, reduzir a exposição de um produto que é licito é uma medida que eu considero importante”, ressaltou

Também presente no evento, a Secretária Executiva da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CONICQ/INCA), Dra. Tânia Cavalcante comentou que, para termos uma política de redução de danos no tabagismo, precisamos discutir que medidas regulatórias se fazem necessárias para que as de Redução de Danos Individual não impactem negativamente as medidas coletivas. “Já tivemos grandes avanços em relação ao combate ao tabagismo. Não podemos correr o risco de um retrocesso”, destacou.

Aberto pela presidente da SBTox, Danielle Palma, o debate reuniu também um público qualificado, entre médicos, cientistas, psicólogos e demais profissionais da área de saúde pública e contou ainda com a palestra “O controle do tabagismo: presente e futuro”, sobre as tendências globais para o controle do tabagismo, com apresentação de Mônica Andreis, vice-diretora da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT);

Na finalização das exposições, antes da abertura para o debate com o público, o Dr. Marcus da Matta, consultor de políticas públicas em saúde ambiental, fez uma apresentação das novas tecnologias para redução de danos à saúde. Uma das tecnologias que Marcus destacou é a do tabaco aquecido, com as avaliações independentes relacionadas a não combustão do tabaco, resultando em níveis semelhantes de exposição à nicotina, com a redução da exposição aos compostos carcinogênicos da fumaça e alcatrão. “Estive no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Philip Morris International, na Suíça, e verifiquei as pesquisas e estudos realizados para o desenvolvimento de produtos de risco reduzido para substituição do cigarro convencional”, concluiu.

Esse encontro “Redução de Danos no Tabagismo” fez parte do Ciclo de Cursos e Palestras em Toxicologia, que tem o propósito de impulsionar a discussão e atualização sobre os conhecimentos relacionados à Toxicologia, em geral.




Sobre a Sociedade Brasileira de Toxicologia

Fundada em agosto de 1972, a Sociedade Brasileira de Toxicologia (SBTox) foi instituída como uma sociedade científica com o intuito de congregar docentes, profissionais, empresas e organizações interessadas no desenvolvimento da Toxicologia no Brasil. A entidade dedica-se ao desenvolvimento contínuo de conhecimento técnico-científico para o aprimoramento e garantia da saúde humana, assim como para a segurança de todos os organismos vivos e da proteção do seu ambiente.




Doenças sexualmente transmissíveis podem afetar a fertilidade



  • O ginecologista e especialista em Reprodução Assistida, Dr. Luiz Eduardo Albuquerque, diretor clínico da Fertivitro, alerta sobre a importância do uso de preservativo para evitar infertilidade, aborto, fetos com malformações e a transmissão do vírus HIV

Não é só em época de Carnaval que é necessário lembrar da importância do uso de preservativo. Prevenir-se das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), em homens e mulheres, é essencial para preservar a fertilidade e até mesmo a vida. 

De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 10 milhões de brasileiros já apresentaram algum sinal ou sintoma de DST. A maior preocupação da saúde pública é que a DST pode aumentar em até 18 vezes a possibilidade de transmissão do vírus HIV da AIDS.

As principais DSTs, também conhecidas como doenças venéreas, são: clamídia, Doença Inflamatória Pélvica (DIP), gonorreia, hepatite B, herpes genital, HIV, HPV e sífilis. “Em muitas situações, os pacientes nem sabem que foram contaminados e que a doença está em um estágio que pode vir a causar um prejuízo para a fertilidade, daí a importância do uso de preservativo para pessoas que apresentam uma vida sexual ativa”, alerta o ginecologista e especialista em Reprodução Assistida, Dr. Luiz Eduardo Albuquerque, diretor da Fertivitro. 

A DST é uma infecção que afeta diretamente os órgãos reprodutores femininos - ovários, trompas e útero, e os masculinos - próstata, uretra e testículos. “A disseminação da DST está relacionada ao comportamento das pessoas, que não se previnem durante a relação sexual com o uso de preservativo. E a doença pode ser irreversível para a fertilidade do homem e da mulher”, destaca Dr. Luiz, da Fertivitro.   

No aparelho reprodutor feminino, algumas DSTs podem provocar lesões nas trompas, podendo causar gravidez ectópica (fora do útero) ou infertilidade definitiva. Quando a DST acomete uma gestante, por ser uma doença infecciosa, pode atravessar a barreira da placenta resultando em um aborto ou em outras doenças relacionadas ao desenvolvimento fetal.

Já no homem, pode haver ausência de produção de espermatozoides ou queda da qualidade seminal, se a infecção causar lesão testicular, inflamação na próstata e vesículas seminais e infecção na uretra. Em alguns casos, ocorre obstrução no canal de passagem dos espermatozoides, o que resulta na ausência de espermatozoide na ejaculação. 

Os sintomas variam de acordo com cada DST, mas, em geral, causam dores abdominais, corrimento, febre e sangramento irregular nas mulheres. Nos homens, dificilmente os sintomas são aparentes, porém, a dor no trato genital é a principal manifestação da doença.


Tratamentos 

Geralmente, o tratamento das DSTs é realizado com a administração de antibióticos ou antirretrovirais, por um período bastante extenso e, algumas vezes, pode ser necessário remover algumas lesões, como no caso do HPV. Medidas complementares também são indicadas, como higiene genital e bucal, cuidados com infecções genitais e abstenção sexual durante o tratamento. 

No caso da AIDS, não há cura, mas pode ser controlada na maioria dos casos com fármacos. A hepatite B, se não tratada corretamente, pode tornar-se crônica e levar à insuficiência hepática. 

Quando a doença for irreversível e tanto o homem quanto a mulher apresentarem indícios de infertilidade, é indicado tratamentos de reprodução assistida. 

Existem três tipos de tratamentos para a infertilidade: coito programado, cuja relação sexual é programada no período fértil; Inseminação Intrauterina (IIU), que consiste em selecionar os melhores espermatozoides e colocá-los dentro do útero, para facilitar o encontro do óvulo com os espermatozoides; e a fertilização in vitro (FIV), em que a fecundação dos gametas (óvulos e espermatozoides) é feita em laboratório.





Dr. Luiz Eduardo Albuquerque -diretor clínico da Fertivitro, é ginecologista, especialista em Reprodução Humana. Mestre em Ginecologia pela Unifesp e pós-graduado em Ginecologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (RJ), possui o TEGO - Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia, certificado pela FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia). Em seu currículo internacional destacam-se: título de especialista em Reprodução Humana pelo Instituto Dexeus, certificado em Barcelona, na Espanha; membro da American Society for Reproductive Medicine (ASRM), nos Estados Unidos; e membro da European Society of Human Reproductive and Embriology (ESHRE), na Bélgica. O profissional atuou como diretor do Núcleo de Esterilidade Conjugal do Centro de Referência da Saúde da Mulher, no Hospital Pérola Byington, em São Paulo (SP), durante os anos de 2001 a 2003. Atualmente, faz parte do corpo clínico da instituição, no setor de Reprodução Humana. Foi médico do setor de Reprodução Humana da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), entre 2004 e 2014.  


Fertivitro — Centro de Reprodução Humana




Suicídios na juventude. Por quê?




 No vocabulário de expressões modernas surgiu mais uma novidade: o jogo da “Baleia Azul”. Ao contrário do que seu nome sugere, não há inocência por detrás de tal brincadeira. Ela pode até levar um jovem ao suicídio, caso a vítima aceite os desafios propostos por um desconhecido online, controlador do jogo.

No mês de maio último, a polícia encontrou alguns adolescentes à beira de uma rodovia no Distrito Federal1. Chorando de desespero, eles procuravam cumprir a última etapa da “baleia azul”: atirar-se na frente de um ônibus em alta velocidade!


Em outros casos, não houve tempo de salvar a vítima.

A onda do macabro jogo é provavelmente passageira e parece que vai saindo “de moda”. Mas um assunto de maior vulto relaciona-se diretamente com ele. Por que adolescentes suicidam-se cada vez mais?


Calculando a dimensão do problema 

Segundo recente artigo da BBC Brasil2, um estudo baseado em dados oficiais do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, revela dados preocupantes. A primeira informação: considerando toda a população brasileira, entre 1980 e 2014, houve um aumento de 60% na taxa de suicídios.

Quanto aos dados relativos à população jovem, o mesmo artigo reproduz o que diz o estudo: “Em 1980, a taxa de suicídios na faixa etária de 15 a 29 anos era de 4,4 por 100 mil habitantes; chegou a 4,1 em 1990 e a 4,5 em 2000”. Já no período entre 2002 e 2014, a taxa subiu de 5,1 para 5,6 por 100 mil habitantes. O estudo conclui: “Assim, entre 1980 a 2014, houve um crescimento de 27,2%” na taxa de suicídios, considerando a mesma faixa de idade.

Para se ter uma ideia mais concreta do que tais números representam, a mesma pesquisa mostra que em 2014, houve, somente no Brasil, 2.898 suicídios de jovens de 15 a 29 anos.

Insisto, pois a questão se impõe: por que tantos jovens acabam com a própria vida?

É importante fazer notar, antes de tudo, que o artigo citado tenta fornecer algumas respostas à pergunta acima, usando declarações de diversos sociólogos e psicólogos. Segundo esses especialistas, “o problema é normalmente associado a fatores como depressão, abuso de drogas e álcool, além das chamadas questões interpessoais, violência sexual, abusos, violência doméstica e bullying”.

De fato, podemos encontrar tais causas por detrás dos suicídios. Contudo, o que impele um jovem a usar drogas, por exemplo, ou o que ocasiona sua depressão? Qual é a raiz da violência doméstica?


A falta da noção do sofrimento na vida


 O mais fundo do problema reside, sem dúvida, na decadência moral generalizada do mundo contemporâneo. Essa decadência afeta diretamente a constituição da família. Se a família se desfaz, é inevitável a propensão do jovem para as drogas e a violência, de um lado; e sua menor capacidade, por outro lado, de suportar as dificuldades quotidianas, cujo desfecho pode ser a depressão.

Há mais um fator, ignorado pelo artigo da BBC: o mundo contemporâneo oferece sem cessar múltiplos divertimentos e prazeres. Sendo a juventude o grupo que mais deveria se “beneficiar” deles, a lógica conclui que, quanto mais jovem, maior o desejo de aproveitar a vida e, portanto, mais afastada a hipótese de suicídio.

Contudo, não é o que ocorre na prática. E aqui fica desmascarada uma grande ilusão de nossos dias: quanto mais gozo da vida, mais felicidade. Se assim fosse, deveria haver menos suicídios, sobretudo entre os jovens.

Volto ao jogo da “Baleia Azul”. Supostamente, jovens conectados à internet têm diante de si possibilidades ilimitadas de entretenimento. Diversões fáceis e constantes, sempre mais almejadas. No banquete frenético de diversões aparece outra: um jogo de desafios cada vez mais ousados. O último deles termina em suicídio. 

Assim, a saturação dos prazeres leva à frustração, a qual, por sua vez, provoca a busca intensa de novidades e entretenimento. Diversões, festas e jogos em demasia... decepção, desespero, suicídio!

E não adianta dizer que os suicídios atingem jovens das classes baixas ou com menos oportunidades na vida. O artigo mencionado demonstra que jovens considerados de elite, como estudantes de medicina, pertencem também às estatísticas de suicídio. E não nos esqueçamos do grande número de viciados em drogas entre a juventude das classes mais altas.

Revela-se aqui uma das maiores causas do suicídio juvenil: a hipertrofia dos prazeres — incentivada pela grande mídia e pela pedagogia moderna, como o ensino da chamada Ideologia de Gênero —, que além de rejeitarem e negarem a ideia do sofrimento e, por conseguinte, do pecado, criam um circuito de ilusões na mente dos jovens. O pecado leva a outro pecado, e como consequência surge o fantasma dos problemas de consciência, sofrimento interior... suicídio!


A admirável lição de Santa Teresinha



 O que fazer diante dessa constatação? Talvez uma rápida lição de santidade deite um pouco de luz nessas sombras.

Abro a famosa História de uma Alma, autobiografia de Santa Teresinha do Menino Jesus, e leio o seguinte trecho sobre sua juventude: “Tudo, ao redor de mim, era alegria e felicidade; eu era festejada, acariciada, admirada, numa palavra, [...] minha vida foi semeada só de flores... Confesso que esta vida tinha encantos para mim”3.

A “pequena santa” de Lisieux reconhece os atrativos e os prazeres da juventude. Mas logo adiante — algo negado à juventude moderna — vem a reflexão serena e coerente: “Aos dez anos o coração deixa-se facilmente fascinar, por isso considero uma grande graça não ter ficado em Alençon; os amigos que tínhamos aí eram muito mundanos, [...] Não pensavam bastante na morte e, no entanto, a morte veio visitar um grande número de pessoas jovens, ricas e felizes, que conheci!!!”.

Eis aí uma lição a ser ensinada aos jovens de hoje. Os momentos de felicidade são transitórios e muitas vezes ilusórios. A vida não se constitui só de prazeres. E estes devem ser moderados e regulados segundo a moral. É necessário ter diante de si as dificuldades e os sofrimentos de todos os dias. Saber enfrentá-los reverte-se em eficaz remédio contra a frustração, o desespero, e, por fim, o suicídio.

     

   Paulo Henrique Américo de Araújo é colaborador da ABIM


Notas

3.       Manuscritos autobiográficos, 2ª edição, Cotia – SP, 1960, p. 100

 

Fonte: Agência Boa Imprensa – (ABIM)

 

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