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terça-feira, 25 de julho de 2017

Cuidados com a saúde na terceira idade



Diz a sabedoria popular que cuidar dos netos é mais prazeroso do que cuidar dos filhos. As responsabilidades com educação são menores, os mimos são maiores e a rotina é mais flexível. Celebrado no dia 26 de julho, o Dia dos Avós é um bom momento para lembrar que, independente da idade, ter saúde e bem-estar para acompanhar de perto o ritmo dos pequenos é o melhor investimento que os avós podem fazer. João Roberto Maia, geriatra do Hospital Dona Helena, explica que uma série de fatores influencia na melhora da qualidade de vida: “As doenças das quais padecemos estão relacionadas ao nosso modo de viver, hábitos nutricionais e atividades físicas praticadas”.

Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Santa Catarina tem a maior expectativa de vida do país, de 78,7 anos. O Estado também lidera o ranking tanto para os homens (75,4 anos) quanto para as mulheres (82,1 anos). De acordo com o médico, os números são um reflexo de uma série de medidas sanitárias adotadas ao longo dos anos. “Água tratada, redes de esgoto e vacinas permitiram que muitos de nós sobrevivêssemos a uma infância que antes era difícil. A mortalidade infantil era muito elevada, principalmente, pela falta do saneamento básico. Esse cenário, alinhado ao crescimento econômico e melhor distribuição de renda e a ampliação do conhecimento médico das doenças especificas permitiu que as pessoas passassem a viver mais”, afirma.

Dentre as doenças mais comuns na terceira idade, o geriatra cita o diabetes, hipertensão, demências, mal de Parkinson, depressão e osteoporose. “A prevenção está relacionada com os hábitos de vida, local de moradia, nível de escolaridade e econômico. O consumo de álcool e cigarro é determinante para o agravo da saúde. É importante perceber que não adianta apenas melhorar a expectativa de vida, é preciso melhorar a qualidade. Viver sem qualidade não tem sentido”, ressalta.


Origem da data

O Dia dos Avós é celebrado no dia 26 de julho, data escolhida pelo papa Paulo VI, no século XX, para homenagear os pais de Maria, mãe de Jesus, chamados Ana e Joaquim. Ambos foram canonizados no século XVI pelo papa Gregório VIII por serem pais da mãe de Cristo e por terem-na concebido, segundo a tradição cristã, mediante ação milagrosa, já que o casal, à época, era considerado estéril.






VOCÊ JÁ TEVE CATAPORA? SAIBA SE É HORA DE SE PREOCUPAR COM A HERPES-ZÓSTER



Vacinação é a melhor forma de se prevenir da doença causada pela reativação do vírus da varicela, na fase adulta


herpes-zóster, também conhecida como "cobreiro", é causada pelo mesmo vírus que, na infância, atinge muita gente provocando a catapora. O que pouca gente sabe é que o vírus nunca mais vai embora. Fica latente no organismo, podendo reativar uma nova infecção na fase adulta. A doença é resultado dessa reativação. Geralmente isso acontece quando há uma queda no sistema imunológico da pessoa. O envelhecimento sozinho já provoca isso. 

Mas a Dra. Melissa Palmieri, coordenadora médica de vacinas do Grupo Hermes Pardini, alerta que existem alguns cuidados simples para evitar a baixa na imunidade e, consequentemente, a enfermidade. São eles: fazer atividade física, alimentar-se bem, cuidar do estresse. Três fatores que podem, indiretamente, ajudar e prevenir a doença. Já a única forma efetiva de prevenção é a vacinação. Mesmo quem não teve catapora deve ir atrás da imunização porque 90% das pessoas têm o vírus Varicela-zóster, ainda que não saibam. Só no Brasil, são mais de 2 milhões de casos por ano da doença. Isso que ela é mais frequente após os 50 anos. 

Mas a especialista avisa que há pessoas que não podem ser vacinadas: são os pacientes imunodeprimidos e em uso de corticoides em altas doses. "Para as demais, a imunização vale a pena. Os efeitos colaterais, quando sentidos, são leves e de pouca duração, sendo que o risco de desenvolver a herpes-zóster é muito alto", explica. "Aplicada em dose única, a vacina tem eficácia comprovada em cerca de 70% dos casos", complementa.

A doença está associada a uma série de complicações. São elas:

- neuralgia pós-herpética (condição dolorosa que afeta as fibras nervosas e a pele)*,

- cicatrizes,

- superinfecção bacteriana,

- paralisia neuronal motora,

- pneumonia,

- encefalite,

- síndrome de Ramsay Hunt,

- comprometimento visual e

- perda de audição.

O tratamento é feito com antiviral, mas ele deve ser usado em até 72 horas da reativação do vírus para se ter uma melhor resposta. Analgésicos sistêmicos ou tópicos e anticonvulsivantes também são utilizados, mas para tratar sintomas e não a infecção. A própria vacina é mais uma aliada para diminuir a intensidade da dor e prevenir neuralgia pós-herpética em caso de reincidência. Mas, justamente por isso, a médica chama a atenção para que a imunização seja feita logo após o adulto atingir os 50 anos. "Vemos muitos pacientes nos procurarem depois da ocorrência da doença pois não querem passar novamente pelo sofrimento e pelo risco de uma nova reativação. Entretanto, a pessoa só poderá ser vacinada um ano depois do episódio".

herpes-zóster é geralmente caracterizada por erupção cutânea unilateral, dolorosa e vesicular, com distribuição que acompanha os dermátomos (raízes nervosas). Apesar de a erupção bolhosa ser a manifestação mais característica da doença, o sintoma debilitante mais frequente é a dor, que pode ocorrer antes do surgimento das vesículas, na fase eruptiva aguda e na fase pós-herpética da infecção. Durante a fase eruptiva aguda, relata-se dor local em até 90% dos pacientes.

A coordenadora alerta, no entanto, para uma confusão que muita gente faz. A de uma suposta relação entre a herpes-zóster com a herpes labial e/ou genital. "Tratam-se de vírus diferentes e, assim, nada indica que quem tem um possa estar mais sujeito a ter o outro", conclui a Dra. Melissa. 

  
*Neuralgia pós-herpética

A NPH é a complicação grave mais comum e a causa de morbidade relacionada à herpes-zóster. A frequência e a gravidade da NPH aumentam com a idade. Descrita como dor em queimação, pulsátil, perfurante, penetrante e/ou aguda, a NPH pode resistir por meses ou mesmo por anos. É descrita como um dos piores e mais debilitantes tipos de dor. Além disso, como em outras doenças crônicas, a NPH pode acarretar depressão, alteração do humor e disfunção psíquica e física como consequência da dor persistente.





DraMelissa Palmieri - coordenadora médica de vacinas do Grupo Hermes Pardini e membro da Sociedade Brasileira de Imunizações. Foi diretora da regional de São Paulo no período de 2012 a 2013. Pediatra com aperfeiçoamento em infectologia, trabalha com vacinas há 13 anos e é pós-graduada na FGV em Administração Hospitalar e Serviços de Saúde. Atua, ainda, na Vigilância Epidemiológica do Município de São Paulo. 





Doença pulmonar rara e com diagnóstico difícil atinge pessoas acima de 50 anos



Sintomas como cansaço constante, falta de ar e tosse são frequentemente confundidos com sinais de envelhecimento e podem ser indícios da Fibrose Pulmonar Idiopática


O suporte da família é muito importante para garantir que os idosos tenham acompanhamento médico e possam ser diagnosticados e tratados da forma mais adequada quando necessário. Com a idade, alguns sintomas como tosse, falta de ar, limitações para realizar atividades diárias e cansaço constante são frequentemente negligenciados por serem confundidos com sinais de envelhecimento[i], mas podem ser indicadores de problemas mais graves. É o caso da Fibrose Pulmonar Idiopática, ou FPI, doença progressiva e sem cura que acomete, em geral, indivíduos com idade superior a 50 anos[ii].

A FPI é uma doença rara, que provoca o enrijecimento dos pulmões por meio da formação de cicatrizes (fibrose). De causa desconhecida, tem como principais sintomas a falta de ar, a fadiga e tosse seca. “O diagnóstico da doença é complexo, porque os sintomas costumam ser negligenciados pelo paciente e por seus conhecidos, que deixam para procurar um médico quando a doença começa a causar limitações mais evidentes na rotina do paciente, ou seja, quando está em um estado avançado. Ainda assim, por se tratar de uma doença rara, geralmente o paciente tem dificuldades para receber um diagnóstico assertivo e ágil, o que acaba atrasando o tratamento adequado”, explica o Dr. Adalberto Rubin, pneumologista da Santa Casa de Porto Alegre (RS).

Apesar de ser menos conhecida, a FPI é grave e apresenta taxa de sobrevida pior do que muitos tipos de câncer, como o de mama e o de próstata. Estima-se que atinja cerca de 14 a 43 pessoas a cada 100 mil no mundoii. No Brasil, a estimativa de prevalência é de 13 a 18 mil pessoas[iii], mas o número pode ser ainda maior, já que a taxa de diagnósticos é extremamente baixa. Os pacientes com FPI apresentam um endurecimento progressivo dos pulmões, que perdem a elasticidade e a capacidade de expandir e oxigenar o corpo. Em função disso, se sentem constantemente cansados e podem ter dificuldade de realizar atividades simples do cotidiano.

Nem sempre as famílias dão a devida atenção a esse quadro, por pensarem que é natural que pessoas idosas tenham falta de ar e menos disposição, por exemplo. No entanto, o estereótipo do idoso dependente nem sempre corresponde à realidade. Elisabeth Pereira, 66 anos, é ativa no mercado de trabalho e valoriza muito a sua autonomia: “Após um longo período com muita tosse e cansaço que nunca passavam, frequentando vários médicos, descobri que tenho Fibrose Pulmonar Idiopática. Desde então, comecei um tratamento que tem me ajudado a ser mais independente da minha família, mas o apoio deles foi fundamental durante esse processo”.

A conscientização da população para atenção aos sintomas é o primeiro passo para um diagnóstico correto. Erros de diagnóstico iniciais são frequentes e ocorrem em cerca de metade dos pacientes[iv], porque os sintomas também podem ser confundidos com os de doenças mais comuns, como algumas doenças cardíacas e respiratórias. “É muito importante que a família esteja atenta à saúde dos idosos e, caso a tosse seca e o cansaço sejam permanentes, procure ajuda médica. Quanto mais cedo a doença for diagnosticada e o tratamento iniciado, maior é a chance de se oferecer uma estabilização da doença. A Fibrose Pulmonar Idiopática pode levar ao óbito dentro de 2 a 3 anos sem o tratamento adequado”, afirma o Dr. Rubin.

A FPI não tem cura, mas existem tratamentos capazes de reduzir significativamente a sua progressão. “Em 2016, o nintedanibe, droga que desacelera em 50% a progressão da doença, foi lançado no Brasil. É importante ressaltar a necessidade de um tratamento contínuo, pois episódios de piora súbita da falta de ar podem acontecer e são imprevisíveis e muito graves. Com o tratamento, estes episódios podem ser reduzidos em quase 50%”, explica o Dr. Rubin.





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[i] Raghu G, et al, ATS/ERS/JRS/ALAT Committee on Idiopathic Pulmonary Fibrosis
AnofficialATS/ERS/JRS/ALATstatement: idiopathic pulmonary fibrosis: evidence-based guidelines for diagnosis and management. Am J Respir Crit Care Med 183 (6), 788 - 824 (2011)

[ii] Raghu G, Weycker D, Edelsberg J, Bradford WZ, Oster G. Incidence and prevalence of idiopathicpulmonaryfibrosis. Am J Respir Crit Care Med 174 (7), 810 - 816 (2006)

[iii] Baddini-Martinez J, Pereira CA. Quantos pacientes com fibrose pulmonar idiopática existem no Brasil? J Bras Pneumol. 2015;41(6):560-561

[iv] Collard HR, Tino G, et al. Respir Med 2007;101:1350–4.




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