Pesquisar no Blog

sexta-feira, 31 de março de 2017

Constelação Sistêmica: como, onde e por quê?



Apesar de só estar ganhando força no ambiente corporativo agora, as chamadas constelações sistêmicas têm conquistado cada vez mais notoriedade ao longo dos anos. Contudo, durante muito tempo elas foram usadas apenas para a solução de conflitos particulares, por isso, para entender como elas chegaram ao ambiente corporativo é importante olharmos um pouco da sua história. 

Suas raízes remetem a década de 60, mas seu conceito passou a ser amplamente desenvolvido anos mais tarde com o psicoterapeuta alemão Bert Hellinger. Na época, o estudioso descobriu que nos relacionamentos humanos existem três princípios que atuam de forma subconsciente: a ordem, que pressupõe a hierarquia; o equilíbrio, que destaca a importância das trocas entre o dar e o receber; e o vínculo, que reafirma o desejo de pertencer a um grupo. Com esses princípios, descobriu-se que é possível obter informações dentro de um sistema social de relações. 

Em paralelo, o casal alemão Matthias Varga von Kibéd e Insa Sparrer, trabalhou na estruturação do conceito da Constelação Estrutural, onde a base deixa de ser fenomenológica para ser construtivista. O foco em sentimentos passa para a busca de percepções e soluções. Esse trabalho garantiu a adaptação dessa metodologia para o universo corporativo. Entendeu-se que a ordem continua sendo importante, mas a hierarquia pode ter diferentes contextos, além de o pertencimento ser temporário. 

Mesmo com o desenvolvimento de todo esse trabalho e fundamentação teórica, é comum a prática ser relacionada a religiões, linhas espiritualistas e, até mesmo, a astrologia. Mas, não existe essa conexão. Todo esse equívoco se deve a um simples “erro” de tradução.


Uma prática, muitas palavras - Por ter sido nomeada na língua alemã, que se caracteriza por sua complexidade e criação de palavras através da junção de termos e conceitos únicos, não foi possível fazer uma tradução literal do nome Familienaufstellung. Dessa forma, na língua inglesa, a prática foi chamada de Constellate e, automaticamente, no português, de Constelação. Apesar das duas terem sentidos diferentes nos dois idiomas. 

Sendo assim, quando você ouvir alguém relacionando o conceito de Constelação às estrelas ou algo místico e esotérico, já sabe que a história é um pouco diferente. Mas, para ficar ainda mais claro, é importante que você também entenda como ela é, de fato, aplicada. 


Como funciona - Com o objetivo de esclarecer questões complexas, sejam elas pessoais ou profissionais, uma constelação coloca as pessoas que estão presentes no processo para representar membros da família, um grupo social ou um problema do cliente. Isso acontece através da representação espacial do sistema. 

O constelado define o que gostaria de ver na sessão e o facilitador vai conduzindo as pessoas ou objetos a fim de testar hipóteses e descrever as melhores alternativas para cada questionamento. As informações adquiridas servem de base para a tomada de decisão, por apresentarem com nitidez quais são as opções disponíveis. 

A sensação se assemelha a quando estamos em uma estrada e somos incomodados por uma densa neblina que impede nossa visão. Mesmo sabendo da existência de caminhos a seguir, eles não estão claros e, por isso, não sentimos confiança para arriscar qual a melhor direção. Contudo, quando a névoa se vai e o céu clareia, tudo se torna simples e, de forma natural e firme, podemos escolher a melhor decisão. É essa transparência que as Constelações trazem, principalmente, quando aplicada em empresas.






Alexandre Tauszig - sócio da S100, consultoria estratégica de recursos humanos com foco na otimização de resultados empresariais, e especialista em treinamentos de gestão, comportamento e liderança.







Davi e Golias: Pode a sociedade brasileira controlar as finanças do Estado?



Surpresa de alguns, de outros nem tanto, o Ministro da Fazenda Henrique Meirelles veio a público informar sobre os desafios do quadro fiscal e as dificuldades para cumprir as metas de crescimento das despesas públicas primárias – custeio dos funcionários, material de consumo, investimento público e assistência social, isto é, o total das despesas exceto os gastos com juros amortização da dívida pública. O que há de estrutural e de conjuntural nesta situação é insumo para debate.

De um lado, é verdade que as receitas públicas, que são altamente correlacionadas com o nível de atividade econômica, sofreram uma forte queda devido à recessão – que, por sua vez, antecedeu quaisquer tentativas recentes de ajuste fiscal, pois já dava sinais de sua existência no segundo semestre de 2014.

Ou seja, manter eventuais superávits primários ou controlar déficits primários é uma tarefa inglória quando se perdem receitas. Entretanto, é preciso lembrar que há um fator importante: a receita já vinha sendo comprometida desde as medidas de desoneração tributárias de 2011, que ao fim e ao cabo, mostraram-se pouco efetivas para estimular a atividade econômica na maior parte dos segmentos beneficiados.

O que, de fato, está na raiz do problema é algo mais profundo e complexo: a crise fiscal do Estado brasileiro, que nunca foi debelada de fato. A discussão sobre essa crise remonta aos anos 90 do século passado e parece datada, porém não é. Ao longo de mais de 25 anos, com remendos, uma boa dose de sorte e ventos favoráveis, a incapacidade de o Estado brasileiro controlar suas despesas e ter condições de financiá-las foram “varridas para debaixo do tapete”.

Vale lembra que uma das ações necessárias para o êxito do Plano Real foi tomada em 1993 e se tratava do “Fundo Social de Emergência” (FSE), que depois tornou-se o “Fundo de Estabilização Fiscal” (FEF), estabelecendo a DRU (desvinculação de receitas da União) – nomes pomposos para legalmente se reduzir o percentual de gastos obrigatórios pela Constituição em determinadas rubricas – ou seja, para promover ajustes fiscais momentâneos.

Por características institucionais, por escolhas da sociedade, por má gestão das despesas públicas (que envolve desde a elaboração do orçamento até à qualidade do gasto público) e por razões políticas (necessidade de acomodar grupos de interesses e representantes partidários da coalização de governo com cargos e postos no poder executivo – frutos do “presidencialismo de coalizão”), a despesa pública primária cresceu estruturalmente desde o final dos anos 80. Foi com endividamento e carga tributária crescentes, que ela vinha sendo precariamente acomodada.

Agora, num momento de crise que escancara as vísceras do Estado, não há mais como esconder o problema. Sequer o advento da “contabilidade criativa” é mais aceito. Vir a público afirmar que será necessário um corte de R$ 42,1 bilhões na despesa primária deste ano é sinal de que não há outra saída e que o problema não pode ser escondido nem tampouco facilmente administrado.

Onde cortar é a pergunta. Em primeiro lugar, desonerações e subsídios que não cumpriram o desempenho esperado têm que ser removidos, por mais doa nos segmentos beneficiados e por mais justo que seja o “mantra” da elevada carga tributária do país.

Depois disso, corta-se o que é menos essencial, por não ser uma prestação continua de serviços, como emendas parlamentares e obras do PAC que possam ser interrompidas e descontinuadas. Ruim para a infraestrutura? Pode ser, mas cortar repasses do SUS ou pagamento de aposentadorias tem efeitos muito mais deletérios para a sociedade. Além disso, cortam-se os gastos mais fáceis, ou seja, aqueles que são de beneficiários difusos ou com pouca capacidade de articulação e pressão política, como os bolsistas de pós-graduação espalhados pelo país. Isto é bom? Não, de forma alguma. É o possível.

Seria mais fácil aumentar a tributação? Operacionalmente pode ser que sim, mas politicamente não. Há uma indisposição geral em pagar mais tributos, em particular não apenas porque a carga tributária é elevada para os padrões de renda per-capita do Brasil e pela qualidade dos serviços públicos prestados, mas porque a distribuição dessa carga é concentrada em três grupos: assalariados com carteira assinada, consumidores em geral e pequenas e médias empresas – que estão fora do Simples.

Em suma, a questão não é meramente conjuntural, mas estrutural. Qual é o tamanho do Estado que a sociedade brasileira quer ter e qual a disposição dela a pagar por isso. Afora a relevante discussão sobre a elaboração do orçamento público e a qualidade da despesa pública, é preciso discutir o que se quer do Estado e como se pagar por isso.

Tendo em vista as cifras envolvidas, as despesas públicas se parecem com um Golias que a sociedade brasileira, o Davi, teima em domar e não consegue derrubar. O que é essencial e o que pode ser cortado estruturalmente? A democracia dará as respostas, mas num prazo mais devagar que o desejado.






Vladimir Fernandes Maciel - professor e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Economia e Mercados da Universidade Presbiteriana Mackenzie e está disponível para entrevistas.




Insistir na carreira ou começar tudo de novo?




Em algum momento da vida, você, certamente, já se fez a seguinte pergunta: “devo insistir em algo ou desistir e começar de novo?”. É preciso ser persisten­te, dedicado, comprometido e paciente quando se tem um bom processo em andamento - e isso vale para um relacionamento afetivo, aplicações financeiras, estudo, emprego, carreira e amizades. No entanto, também há o outro lado da moeda, o de insistir em apostas erradas para tentar recuperar o prejuízo.

Uma boa carreira costuma demorar pelo menos dez anos para dar resultados consistentes. Não se consegue um ótimo emprego sem merecimento e, quando conquistado, precisa de manutenção diária para gerar bons frutos (promoção, au­mento de salário, reconhecimento) no futuro. Mesmo um bom relaciona­mento afetivo demanda tolerância com as diferenças alheias e precisa ser construído aos poucos.

Agora, quantas vezes você já insistiu em algo só por teimosia, medo de ficar sem nada ou vergonha de admitir o erro? Às vezes, mantemos posições equivocadas para tentar reverter uma tomada de decisão infeliz, e continuar investindo tempo, dinheiro e energia em situações das quais deveríamos desistir só piora o prejuízo.

Falando especificamente da vida profissional, muitas vezes, o problema não está no emprego, pois a pessoa está na carreira ou profissão errada. Outras vezes, a carreira é ótima, mas o emprego é ruim. Em outras, ainda, a vida afetiva atrapalha tanto na carreira quanto no emprego.

Se gosta do que faz na carreira, tem perspectivas de evolução nos próximos anos, consegue usar seus talentos com frequência, está motivado para continuar aprendendo, não se vê fazendo outra coisa, você está no caminho certo, com uma carreira promissora, e deve investir toda sua energia para que fique ainda melhor. 

Agora, se você odeia o que faz, tem pouca perspectiva de evolução, usa pouco seus talentos, seus pontos fracos atrapalham muito, acha a profissão desagradável, sente-se desmotivado a maior parte do tempo, seu dia a dia profissional é monótono, pensa com frequência em fazer outra coisa e nunca recebe novas propostas de trabalho, é hora de repensar sua carreira. O que está errado? É uma fase ruim (conjuntura, economia fraca, cansaço, emprego ruim) ou um problema mais grave? É possível melhorar alguns desses itens?

Ao analisar esses prós e contras, você pode ter entrado em um dilema ainda maior. Nesse caso, sugiro que concentre seus esforços na parte positiva e tente ajustar, dentro do pos­sível, a parte negativa. Mudança de carreira é coisa séria e complexa, por isso você deveria fazer o máximo para ajustá-la antes de tomar uma drástica decisão de mudar. Não existe carreira perfeita, pois sempre haverá dificulda­des, fases ruins, decisões equivocadas e gente desagradável. Mas também haverá fases ótimas, boas decisões, gente inte­ressante e resultados positivos.

Faz parte do jogo conviver com altos e baixos. Entretanto, tome cuidado com excesso de indecisão: é muito ruim ficar dividido por um tempo pro­longado, pois a dúvida paralisa, trava a tomada de decisões e prejudica os resultados. Logo, não fique em cima do muro. Siga em frente com sua carreira e melhore um pouco a cada dia ou desenvolva um plano B para começar em uma nova profissão, mais próxima de seus ideais.






Eduardo Ferraz - consultor em Gestão de Pessoas há mais de 25 anos e autor do recém-lançado “Gente que convence”, pela Editora Planeta.




Posts mais acessados