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quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Rubéola na gestação pode cegar o bebê



 Contrair rubéola durante a gestação provoca catarata congênita, maior causa de cegueira infantil. Saiba como evitar.

De tempo em tempo surgem focos de rubéola em vários pontos do país que deixam as gestantes de 'cabelo em pé'. Não é para menos. A doença contagiosa que geralmente surge na infância pode ser contraída na gravidez e provocar más-formações congênitas no bebê. De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, a contaminação da gestante é a principal causa da catarata congênita. Acontece porque muitas mulheres  desconhecem se são imunes ao vírus que causa a doença, o rubivírus. 

O especialista afirma que imunidade só é adquirida após a segunda vacina. A primeira é aplicada quando a criança completa um ano. A segunda entre 4 e 6 anos. O problema é que muitas pessoas deixam de tomar a segunda dose e não ficam imunizadas.  Por isso, o médico recomenda que no início da vida sexual toda mulher faça um teste sorológico, disponível na rede pública de saúde, para checar se é soropositiva ao rubivírus. Em caso de não estar imune deve tomar a vacina. Isso porque, se contrair rubéola durante uma gestação, o vírus atravessa a placenta e provoca alterações nos tecidos do feto em formação. Os sistemas mais atingidos são o cardíaco e nervoso, incluindo os olhos. Significa que além da catarata congênita, a doença também pode causar no feto surdez, retardamento mental, malformação do globo ocular (microftalmia) e até interromper a gestação.


Sem sintomas
Queiroz Neto afirma que o maior desafio da rubéola entre gestantes é a falta de sintomas em 80% dos casos. Só em 20% das pessoas surgem pequenas manchas vermelhas na pele, febre, dor nas articulações e aumento dos gânglios. Por isso, é comum mulheres confundirem algum mal-estar da rubéola com gripe. “Só ficam sabendo que tiveram a doença durante a gestação quando o bebê nasce com catarata”, comenta. Ele ressalta que independente dos sintomas a vacina não deve ser tomada durante a gravidez. Isso porque, é produzida com o vírus vivo e pode trazer complicações para a saúde do feto. 


Sequelas da catarata congênita
O oftalmologista explica que entre crianças ou idosos as características da catarata são idênticas: o cristalino do olho fica opaco e impede que as imagens cheguem à retina, levando à cegueira se não for tratada.

A diferença é que no caso da catarata infantil a visão está em desenvolvimento. Por isso a falta de diagnóstico logo no início pode acarretar outras doenças. Uma delas é a ambliopia ou olho preguiçoso que acontece quando só um olho é atingido pela catarata. “O esforço visual para enxergar com o olho de melhor visão anula o desenvolvimento do outro”, afirma.  Outras seqüelas oculares que podem estar associadas à catarata congênita são: nistagmo (movimentos não coordenados dos olhos), estrabismo (desalinhamento dos olhos), fotofobia (aversão à luz) e dificuldade de fixação do olhos. 


Diagnóstico
Queiroz Neto afirma que o diagnóstico da catarata congênita é feito através de um exame barato e indolor. Trata-se do teste do olhinho, que deve ser realizado logo que o bebê nasce e está em vias de se tornar obrigatório em todo o país. É feito com um oftalmoscópio, espécie de lanterna com a qual o médico joga luz sobre o olho do bebê. Quando a luz emite um reflexo vermelho contínuo significa que o olho é saudável. Se o reflexo for descontínuo ou não for emitido indica catarata congênita. 


Tratamento
O oftalmologista diz que a cirurgia com implante de uma lente intraocular que substitui o cristalino opaco também é indicada no tratamento da catarata infantil. O procedimento, comenta, deve ser só feito quando o bebê completa três meses. Isso porque, proporciona melhor recuperação da função visual e pode induzir ao glaucoma se for realizado antes .

Ele destaca que o comprometimento dos pais é essencial para que a criança tenha boa visão.  Isso porque, é necessário estimular o desenvolvimento da visão e ter acompanhamento com um oftalmologista a cada 3 meses após a cirurgia. 





VÍCIOS: PREJUÍZO NA VIDA SOCIAL E PROFISSIONAL



 
Vício, seja ele químico (provocado por droga, álcool, tabaco e até medicamento) ou comportamental (jogo, compras, sexo ou internet), se caracteriza por uma compulsão, ou seja, um ato sem controle por parte da pessoa, muitas vezes percebido como um ato indesejado.

O vício (ou dependência) apresenta três aspectos: o desejo intenso (“fissura” ou “craving”) pelo elemento do vício; a abstinência, com sintomas como ansiedade; agitação; irritabilidade devido à falta do elemento do vício; e tolerância, quando a pessoa precisa de doses cada vez mais altas (ou atos cada vez mais intensos ou frequentes) para obter a mesma sensação de prazer.

A pessoa pode se viciar em algo quando, ao experimentar o elemento (tomar uma droga, jogar), o cérebro ativa um circuito neuronal chamado “sistema de recompensa”. A estimulação repetitiva deste circuito retroalimenta o desejo de estimulá-lo, gerando o vício.

Aspectos psicossociais e culturais podem influenciar o comportamento da pessoa viciada (dependente), perpetuando o círculo vicioso da dependência, seja química ou comportamental.

Os princípios gerais do tratamento de vícios são parecidos. A primeira conduta é obter a “abstinência”, o que não é fácil, pois a síndrome de abstinência gera uma sensação de total desconforto pela falta do elemento. A vontade incontrolável de tê-lo novamente pode fazer com que ele o busque a qualquer custo, se não estiver 100% empenhado no tratamento.

Nos primeiros dias da privação, a pessoa pode se sentir ansiosa, inquieta, insone, depressiva e irritável. Se os sintomas de abstinência (química) forem muito intensos, é possível que o médico indique medicações para aliviar o mal-estar ou até mesmo uma internação em uma clínica especializada (que dará segurança ao dependente e apoio 24 horas por dia). O período mais difícil de abstinência dura cerca de semanas, até que a pessoa esteja “desintoxicada”.

Abordagens psicoterápicas são utilizadas para auxiliar o dependente a lidar com a ausência do elemento do vício. A psicoterapia pode ajudá-lo também a entender a origem do vício, como lidar com os fatores que podem ter gerado este problema e quais alternativas adotar para se livrar do vício. É importante que os familiares se envolvam com o tratamento, que participem das orientações e/ou que façam psicoterapia familiar, que ajudará a própria família a entender melhor o problema e a lidar com o dependente da forma mais acolhedora possível.  



Prof. Dr. Mario Louzã - médico psiquiatra, doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha. Membro Filiado do Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (CRMSP 34330)


Ouça a voz das crianças



A defesa e proteção dos direitos das crianças são alguns dos principais pilares das nações democráticas mundo afora e nem poderia ser diferente. A garantia de sociedade mais justa, equilibrada e evoluída começa a ser construída mais cedo do que imaginamos. Após ouvir individualmente pequenos de 7 a 12 anos na pesquisa A Voz das Crianças, essa foi uma de nossas principais constatações.

Na infância são estabelecidos valores que guiarão os pequenos nas tomadas de decisão na maioridade, daí a importância de “livrá-los de toda forma de violência, exploração, crueldade e opressão”, como garante a Constituição brasileira. As crianças, assim como todo e qualquer grupo da sociedade, não deveriam ser subestimadas, mas, contraditoriamente, durante séculos foram tratadas sem muita relevância, como se estivessem à margem da opinião social. A elas cabia apenas obedecer, sem que lhes fosse dada a devida atenção sobre seus interesses e desejos.

Felizmente, essa construção social mudou e, hoje, sabemos o quanto todos os públicos são importantes e não devem ser ignorados. Cada nicho, cada segmento, cada fase do indivíduo é identificada e tratada de forma diferenciada. Com esse recorte, a pesquisa buscou responder o que, de fato, as crianças têm a nos dizer, e já adianto que há muita coisa.

Quando paramos para ouvi-las, identificamos uma visão de mundo própria e bem desenvolvida. Obviamente que a construção desta visão, é composta de todas as informações que recebe, e referencias como  pais, avós, amigos, redes sociais, ídolos e professores. O interessante é observar que a criança tem efetivamente valores e opiniões próprias, algo que deve ser considerado pelas marcas.

Elas não só têm opinião a respeito dos mais variados temas, como o dia a dia na escola, administração das mesadas, sexualidade, tecnologia, alimentação, política e convívio familiar, mas têm propostas de mudanças que merecem atenção. Quando perguntadas o que fariam se fossem presidente, por exemplo, 82% sugerem melhorias ligadas às condições de vida da população, respeito e dignidade.

O dinheiro é valorizado, mas há outras coisas mais importantes na vida delas, como valores colaborativos de ajuda ao próximo, seja ele um parente ou pessoas com necessidades. Identificamos essa característica quando perguntamos o que as crianças fariam se ganhassem na loteria. Expressivos 87% responderam que ajudariam idosos, crianças carentes e animais, além dos familiares e amigos.

Identificamos também que para os pequenos a tecnologia é a forma de interação e inserção delas no mundo atual. A exemplo dos adultos, ligados aos meios de comunicação e às redes sociais desde que acordam até a hora de dormir, as crianças não fogem à regra. Os nossos adultos do futuro usam e valorizam cada vez mais  conexões móveis sem amarras ou limites, O acesso à internet via desktop tradicional ainda existe, mas o uso de computadores tende a minguar nas próximas gerações. Não à toa, metade das crianças já tem celular com internet. No grupo de 11 e 12 anos, esse número alcança 71%.

Os pequenos de hoje são altamente empoderados e sua opinião passa a contar cada vez mais no contexto familiar, social e econômico. Tanto é que o nível de influência deles na escolha da marca de seu celular já totaliza 48%, ou seja, têm forte poder de decisão sobre o que consumir. Não menos relevante, sua relação com o meio ambiente é muito forte. A valorização da convivência harmônica entre as diferenças sociais, em um mundo mais sustentável também são ingredientes que refletem na forma como experimentam a realidade.

Mais do que evidenciar com uma lupa os diversos interesses dos futuros adultos, a pesquisa A Voz das Crianças deixa um convite à reflexão. Ao mesmo tempo em que os pequenos deixam de ser apenas decorrência de uma sociedade que impõe ideias maduras e inflexíveis acerca de tudo, e passam a vivenciar um contexto mais amplo e complexo, fica a questão sobre que  rumo tomarão esses valores que estamos vendo hoje entre esses jovens de 7 a 12 anos.

Terão espaço para crescerem de forma positiva? Serão substituídos por valores negativos? O quanto, nós, adultos, estamos preparados para olharmos para a realidade como eles fazem: sem a divisão tipicamente adulta de mundo “virtual x real”? O quanto estamos preparados para efetivamente orientá-los sobre o “certo e errado” no uso de tecnologias, por exemplo? O quanto estamos preparados para orientá-los sobre sexualidade, racismo, bulling, descaso a minorias, se entre os adultos estes ainda são temas que parecem engatinhar? O quanto às marcas poderiam contribuir para a construção de adultos íntegros, justos, colaborativos e realizados? Que causas e propósitos essas marcas apropriarão para gerarem ressonância com a visão de mundo destas crianças?


Naira Maneo



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