Dieta
equilibrada é essencial para fortalecer o organismo e acelerar a recuperação
Na cultura popular existem diversos costumes em relação à saúde: ervas, chás
e preparações que prometem fortalecer o organismo, evitar ou até mesmo acelerar
a recuperação de doenças. Ainda que alguns desses hábitos sejam apenas
crendices, o fato é que a alimentação e a saúde tem relação direta: o que
comemos pode influenciar significativamente a capacidade do organismo em se
reestabelecer de determinadas situações, bem como afetar a cicatrização de
ferimentos. Ainda que muitas vezes nem notemos, nosso corpo está em constante
estado de alerta e, diante de qualquer trauma, busca prontamente formas de
regenerar e reestabelecer a integridade da área afetada. Porém, a complexidade
deste processo envolve um organizado sistema de defesa que é influenciado
diretamente pelo estado nutricional do paciente. Tanto o tempo de recuperação
quanto a qualidade da cicatrização depende de uma boa dieta: determinados
alimentos fornecem ao organismo a matéria prima para reconstrução dos tecidos e
auxiliam no combate à possíveis complicações, enquanto outros devem ser
evitados pois podem retardar este processo.
Cicatrização x Nutrição
Seja em decorrência de um pequeno arranhão ou de um trauma extenso, quando
afetado, nosso corpo é capaz de acionar uma resposta coordenada afim de tratar
o mais rápido possível essa lesão. Esse complexo sistema abrange, numa visão
bem simplificada, desde a sinalização do ferimento ao sistema imunológico até o
remodelamento do tecido conjuntivo, afim de restaurar os danos sofridos. Porém,
para que o corpo seja capaz realizar essa tarefa de forma efetiva, é essencial
que o paciente esteja com seu estado nutricional saudável, uma vez que esse
processo recorre à diversos micro e macronutrientes na hora de recompor a área
comprometida.
Conforme aponta a nutricionista Joanna Carollo: “Uma boa nutrição auxilia na
qualidade da cicatrização, no combate ao agravamento ou surgimento de novas
lesões e, sobretudo, no tempo de resposta desse processo.” Logo, quando um
indivíduo sofre um ferimento significativo ou passa por uma intervenção
cirúrgica que envolve um processo de recuperação tecidual posterior, fatores
como a medicação e assepsia não são as únicas medidas a serem observadas no
tratamento – é preciso também atentar-se a qualidade da dieta. De acordo com a
profissional da especializada em nutrição clínica
Nova
Nutrii, “um paciente bem nutrido, responderá mais rapidamente e com
mais qualidade ao tratamento, em contrapartida, um indivíduo com carências
nutricionais pode ter uma resposta mais lenta ou até mesmo sofrer com
complicações durante a cicatrização.”
Nutrientes essenciais para
boa recuperação
Quando se trata da recuperação de feridas ou procedimentos pós cirúrgicos, a
resposta imunológica pode ser reforçada através de alimentos funcionais ou uma
dieta imunomoduladora – capaz de potencializar a ação do organismo no combate
às lesões. Neste âmbito, alguns nutrientes possuem destaque e são fundamentais
para essa ação.
As proteínas desempenham um papel fundamental em todas essas etapas da
cicatrização: quando ingerimos alimentos ricos nesse nutriente, eles são
quebrados em substâncias menores que vão auxiliar na construção dos tecidos “
“Quando ingerimos alimentos ricos em proteínas, esse nutriente é quebrado até
alcançar moléculas menores como peptídeos e aminoácidos, esses micronutrientes,
por sua vez são essenciais na construção do tecido conjuntivo. A oferta de
colágeno, por exemplo, está diretamente ligada ao metabolismo proteico e é
essencial para cicatrização da pele.” Conforme explica a nutricionista, esses
aminoácidos são essenciais na construção dos tecidos do corpo, sendo
indispensáveis para durante a fibroplasia – formação do tecido fibroso (a
famosa casquinha) e no próprio remodelamento da pele após a cicatrização.
Diversas vitaminas também estão envolvidas nesse processo: “em especial as
vitaminas do complexo B: algumas delas estão ligadas ao metabolismo do
colágeno.” – explica Joanna. “As vitaminas exercem uma ação benéfica, em
especial, ao sistema imunológico, otimizando tanto a resposta do organismo ao
ferimento quanto ao processo de coagulação e formação da ferida. Neste sentido
podemos citar a vitamina A, C e K, por exemplo. Da mesma forma, os minerais
também exercem um papel substancial nesse processo, pois estão ligados à
metabolização das proteínas no organismo.”
No entanto, nenhum item é mais importante que o outro ou age de forma
isolada neste processo “Até mesmo os carboidratos desempenham um papel
importante neste tipo de tratamento pois se sua oferta estiver abaixo do
adequado, o corpo irá utilizar as proteínas (massa magra) prejudicando a
regeneração dos tecidos. Logo, uma dieta balanceada e nutritiva não somente
pode beneficiar como é indispensável para o paciente em recuperação.”
Dieta cicatrizante
Ainda que as necessidades nutricionais variem de acordo com o estado do
indivíduo e o próprio tipo de ferimento, alguns alimentos podem beneficiar o
aporte desses nutrientes essenciais à
boa
cicatrização. Comuns ao cardápio do dia a dia, esses alimentos são
capazes de enriquecer a oferta de proteínas, carboidratos, vitaminais e outros
itens essenciais para a boa resposta imunológica e a boa regeneração dos
tecidos.
Potencializam o efeito anti-inflamatório: peixes gordurosos
como a sardinha, o salmão e o atum são as fontes mais ricas em Ômega 3 –
potente antioxidante capaz de
impactar
a ação inflamatória do organismo. Também é possível encontrar esse ácido graxo
em vegetais: semente de chia, semente de linhaça, oleaginosas como nozes,
amêndoas e avelãs e são alternativas para o consumo desse nutriente.
Alimentos ricos em vitamina K auxiliam no processo de coagulação, uma das
primeiras e mais importantes fases do processo de cicatrização. É possível
encontrar esse nutriente principalmente em vegetais folhosos e legumes de tom escuro
como o couve, o espinafre, o brócolis, o alface e aspargos.
Beneficiam a regeneração dos tecidos: alimentos ricos em
proteínas são indispensáveis para a produção de aminoácidos como o colágeno e a
arginina. Enriquecer a dieta com carnes magras, ovos, derivados do leite são
formas de suprir a necessidade de proteínas. Da mesma forma, é possível
encontrar fontes vegetais: “leguminosas como o feijão e a lentilha possuem bons
índices de proteína e podem ser facilmente inseridos na dieta.”
Melhoram o aspecto da pele: ricos em vitamina A, alimentos
como o bife de fígado, a cenoura, a batata doce e a manga, auxiliam na proteção
da pele e ainda possuem efeito antioxidante. Incluir óleo de girassol ou a
própria semente no cardápio, bem como ingerir oleaginosas como a castanha do
Pará e avelã aumenta o aporte de vitamina E, que também auxilia no combate aos
radicais livres.
Dentre as vitaminas do complexo B, merece destaque o Ácido pantotênico, ou
vitamina B5 – presente em alimentos como o farelo de trigo, ovos, semente de
girassol – seu consumo beneficia a elasticidade e hidratação da pele.
Existem alimentos que podem
prejudicar a cicatrização?
É muito comum ouvir que durante um processo de cicatrização devemos evitar
certos alimentos, alguns fazem até mesmo parte da crendice popular
como itens proibidos durante essa fase. Porém, existem de fato alimentos que
podem retardar ou até mesmo prejudicar o processo de recuperação de ferimentos?
De acordo com Joanna, uma dieta saudável é recomendável à todas às pessoas,
porém, durante o tratamento de uma lesão tecidual ou num período pós cirúrgico
os cuidados com a alimentação devem ser redobrados pois o corpo está num estado
de maior consumo de nutrientes e, ao mesmo tempo, mais exposto à inflamações.
Logo, além de seguir uma dita equilibrada, deve-se evitar “Alimentos
processados, ricos em gordura saturada, conservantes e sódio – ou seja,
industrializados. Além de propiciarem o inchaço e a retenção de líquidos,
pioram o processo inflamatório.” – explica a nutricionista.
Para a profissional, por mais que existam mitos populares em relação a este
ou aquele alimento, somente o médico poderá avaliar as condições de saúde e,
com base nisso, determinar quais alimentos devem ser evitados durante a
recuperação. Neste caso é considerado, inclusive, situações especiais como
pacientes que ficarão longos períodos acamados e estão mais sujeitos ao
desenvolvimento de feridas, situações metabólicas que interferem na
recuperação, como o diabetes, por exemplo, entre outros. Por ser um fator de
grande influência sobre o processo de cicatrização, o aporte nutricional deve
ser avaliado pelo médico / nutricionista afim de avaliar, inclusive, a
necessidade de suplementação. Dessa forma, garante-se a tranquilidade do
indivíduo e a segurança do tratamento.
Fonte: Nova
Nutrii