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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

7 medidas que o Brasil precisa tomar para impedir o avanço do câncer



 Sem aprimoramento das políticas públicas, doença deve se tornar principal causa de óbitos em até 13 anos


Se o Brasil não investir em mudanças substanciais nas políticas públicas de prevenção, detecção e tratamento do câncer, a doença se tornará a principal causa de mortes no País já em 2029. É o que aponta o último estudo do Observatório da Oncologia, uma plataforma de análise de dados criada pelo movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC). 

Para chegar a essa projeção, a pesquisa analisou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre os anos 2000 e 2013 e projeções para o futuro (até 2040), comparando o número de óbitos e incidência do câncer com os de doenças cardiovasculares (como infarto e AVC), atuais campeãs de óbitos no Brasil. Em 2029 a taxa de mortalidade de tumores chegará a 115 a cada 100 mil habitantes, enquanto o índice de óbitos por doenças cardiovasculares será de 113 por 100 mil. Atualmente, as duas doenças juntas matam 542 mil brasileiros todos os anos, conforme dados do Datasus.

Segundo o médico patologista e presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Clóvis Klock, projeções como a do Observatório da Oncologia devem servir como um sinal grave de alerta para o Pode Público, motivando o aprimoramento das estratégias para enfrentar a doença.
Ele enumera sete medidas importantes que o Brasil deve adotar como formas de combate ao avanço do câncer:

Intensificar a vacinação da população contra o HPV: o controle de fatores importantes de risco é uma das formas mais economicamente viáveis de combater a mortalidade do câncer. O Vírus do Papiloma Humano (HPV), por exemplo, é conhecido por sua associação ao desenvolvimento do câncer de colo do útero.

“Desde 2014 temos a vacinação de meninas contra o HPV, uma estratégia que sem dúvida deve diminuir o número de casos e mortes por esse tipo de tumor. Precisamos agora investir na manutenção e ampliação dessa estratégia, lutando pela erradicação de câncer colo uterino causado por essa infecção”, aponta.

Investimento em hábitos saudáveis: assim como no caso da vacinação contra HPV, a estratégia de combater o câncer de maneira preventiva pode ser feita atacando fatores mais passíveis de alteração do que a propensão genética. O fumo, por exemplo, é responsável por cerca de 90% das mortes por câncer de pulmão.

“Investir nesses hábitos saudáveis é uma tarefa de políticas públicas abrangentes, focadas em educação e construídas para atuarem em longo prazo, mas de extrema relevância para o objetivo de combater a mortalidade do câncer, assim como de outras doenças”, ressalta o patologista.

Rastreamento: depois da prevenção, o diagnóstico correto e precoce é uma das principais estratégias na diminuição da mortalidade do câncer. Campanhas de conscientização para o autoexame e rotinas efetivas de exames como mamografia e Papanicolau, por exemplo, são valiosas para a detecção da doença em seus estágios iniciais.

“Diagnosticar um tumor em seu princípio é fator determinante para ditar a sobrevivência do paciente, diminuindo as sequelas e os custos que a doença representa para o sistema de saúde, uma vez que é mais fácil e barato tratar um câncer antes de seu crescimento ou metástase”, explica.

Medicina de precisão: as opções disponíveis para o tratamento do câncer evoluíram muito nos últimos anos tendo como combustível os avanços de áreas como genética e biologia molecular. A chamada medicina de precisão traz alternativas assertivas com mais expectativas de cura e menos sequelas.

“Vale lembrar que não existe medicina de precisão sem um diagnóstico correto e afinado, realizado pelo médico patologista. Esse laudo serve como direcionamento da conduta terapêutica, permitindo ao oncologista saber com o que ele está lidando e quais são as suas alternativas”, conta o presidente da SBP.

Consolidação de dados: segundo Clóvis Klock, é fundamental um investimento crescente para a consolidação dos dados referentes ao câncer. Com base nisso, o País pode identificar deficiências no sistema e concentrar esforços em saídas relevantes para populações específicas.

“O Brasil ainda engatinha no quesito epidemiologia. Quando falamos câncer estamos nos referindo a um ‘guarda-chuva’ que compreende mais de mil doenças diferentes. Reunir toda a informação possível sobre essas variantes e suas especificidades é fundamental, principalmente em um país plural e de dimensões continentais como o nosso”. 

Aprofundar a parceria com as sociedades médicas: para o patologista, o constante diálogo entre o governo e as sociedades de especialidade envolvidas na luta contra o câncer é outro ponto chave para reverter o cenário atual. Segundo ele, essas instituições são uma das pontes capazes de ligar os responsáveis pelas políticas públicas à linha de frente responsável por aplica-las e aferir seus efeitos.

Resolver o nó do sistema de saúde e prepará-lo para o futuro: unindo fatores como prevenção, diagnóstico e tratamento, a manutenção do sistema de saúde é a esfera superiora no combate ao câncer, ditando como todas as políticas públicas são aplicadas.

“É uma questão extensa e extremamente complexa, mas prioritária e da qual não se pode fugir. Para impedir o avanço do câncer precisamos, antes de tudo, resolver o nó do sistema de saúde, colocando na mesa questões como o reajuste de honorários e de procedimentos e até o financiamento dos sistemas públicos”, finaliza.




Sobre a SBP
Fundada em 1954, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) atua na defesa da atuação profissional dos patologistas, oferecendo oportunidades de atualização e encontros para o desenvolvimento da especialidade. Desde sua instituição, a SBP tem realizado cursos, congressos e eventos com o objetivo de elevar o nível de qualificação desses profissionais. 



Situação do Câncer da Mulher na América Latina é permeada por desigualdade e dificuldade de acesso a tratamento



Debate traçou panorama da doença e apontou organização da Sociedade Civil como forma de mudança do cenário


Segundo dados do Atlas do Câncer, 1.1 milhão de pacientes oncológicos são diagnosticados todos os anos no bloco composto por América Latina e Caribe e são esperadas 600 mil mortes anuais pela doença. O câncer de mama é apontado como a principal causa de morte de mulheres por câncer. Enquanto a tendência global é a queda da mortalidade por esse tipo de tumor, as mulheres latino-americanas seguem perdendo essa batalha de forma crescente. A região concentra 8,3% do total das mortes pela doença, somando 43.326 óbitos anuais e os índices seguem aumentando. Esses e outros dados foram expostos no painel “Tratamento do câncer da mulher na América Latina: Panorama, dificuldade e perspectivas” durante o 3º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), maior evento de oncologia do País.

Segundo a Dra. Maira Caleffi, médica mastologista e presidente voluntária da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA), instituição realizadora do painel, esses números têm como principal fator agravante uma série de desigualdades que dificultam o acesso a diagnóstico precoce e tratamento adequado.

“Tomando o Brasil como exemplo, temos duas realidades muito preponderantes no quesito acesso à saúde: a população que utiliza a saúde suplementar via convênios e aquela que utiliza o Sistema Único de Saúde (SUS), algo em torno de 75% dos brasileiros. Essas duas esferas apresentam diferenças imensas”, ressalta.

Alguns exemplos citados pelo Dr. Ricardo Caponero, oncologista e presidente do Conselho Científico da FEMAMA, outro participante do debate, são diferenças no acesso público e privado desde o rastreamento do câncer, passando pelo diagnóstico via testes genéticos como BRCA1 e BRCA2, hoje disponíveis na saúde suplementar mas inacessíveis pelo SUS, e pelo acesso ao tratamento, como o caso de cirurgias de mastectomia profilática, também presentes apenas na rede privada. A oferta do sistema público, falha e permeada de obstáculos, age de forma cumulativa, dificultando o tratamento das pacientes do SUS desde o diagnóstico. No fim, temos uma parcela muito maior de usuárias na rede pública que chegam ao estágio metastático da doença, momento em que também não encontram apoio, uma vez que os tratamentos mais adequados para essa fase não são fornecidos pelo SUS.

Alessandra Durstine, fundadora da Catalyst Consulting Group com atuação na área de Global Advocacy da American Cancer Society, também participou da discussão e ressaltou que os países da América Latina apresentam, como um todo, sistemas de saúde muito diferentes e “confusos” por terem diferentes regras e aplicações dentro de um mesmo país. Além disso, em diversos países latino-americanos existe um desafio duplo no quesito epidemiologia, com sistemas de saúde construídos para lidar com doenças infecciosas como dengue, malária e outras epidemias, mas que agora precisam cuidar de populações cada vez mais afetadas por doenças crônicas, como obesidade, diabetes e câncer. 

Dra. Maira Caleffi evidenciou que as pacientes de câncer de mama avançado devem ser entendidas como pacientes em controle da doença, e não relegadas apenas ao tratamento paliativo, reforçando a necessidade de acesso às novas terapias existentes. Neste sentido, Alessandra Durstine prevê que a luta por direitos de pacientes se destinará a grupos cada vez menores, exatamente por conta do nível de especificidade com que o câncer passa a ser tratado, com a medicina cada vez mais personalizada. 

“Mais do que apenas prover diagnóstico, os países do bloco precisam se preocupar em fornecer diagnósticos apropriados e específicos, baseados em informação genética. A ciência está mudando. Os sistemas de saúde e os tomadores de decisão não estão preparados”, aponta Alessandra.

A Presidente da FEMAMA ainda aponta que outro fator impeditivo para uma atuação melhor nesse cenário é a falta de dados que apontem a real situação do câncer no Brasil e na América Latina. Mesmo números como os do Atlas do Câncer, que reúne informações oficiais da doença em todos os países, podem ser imprecisos, abaixo do total que de fato ocorre. Isso ocorreria por dificuldades de registro da incidência e mesmo pela não associação de muitas mortes ao câncer.

“É necessária uma união de esforços da sociedade civil para garantir um trabalho perene de informação sobre a doença para o paciente, promoção de acesso a diagnóstico e tratamento e a criação de mecanismos que ajudem os pacientes a ‘navegarem’ pelos sistemas de saúde”, finaliza.



Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) www.femama.org.br



Dicas para pais e professores se assegurarem que a visão das crianças está em dia



Doenças oculares comuns como miopia, estrabismo, olho preguiçoso, quando não são tratadas na infância podem causar  deficiência visual permanente


Boa visão e boa saúde geral são vitais para o aprendizado. A Academia Americana de Oftalmologia está enfatizando a importância de uma visão saudável para o sucesso acadêmico. “Pais, professores e as próprias crianças precisam estar vigilantes sobre a saúde dos olhos para que os problemas de visão sejam precocemente identificados e tratados”, defende o oftalmologista Virgílio Centurion (CRM-SP 13.454), diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares. Segundo a entidade, os olhos saudáveis ​​e boa visão, implicam em:

01)   Exames oftalmológicos regulares na infância: os olhos das crianças crescem e mudam rapidamente. Fazer exames oftalmológicos regulares é um passo importante na detecção e na correção de problemas oculares. Além dos exames nos recém-nascidos, a Academia Americana de Oftalmologia recomenda ainda exames visuais para as crianças quando elas:

·         Entram na idade pré-escolar, entre 3 anos e 3 anos e meio;
·         Ao iniciar cada ano escolar;
·         Ao se queixarem de um possível problema de visão.

“Para as crianças em idade escolar, exames regulares de visão são fundamentais para assegurar o aprendizado. Se o rastreio detectar um problema, a criança pode iniciar o tratamento precocemente e evitar complicações mais graves”, afirma o oftalmopediatra Fabio Pimenta de Moraes (CRM-SP 124.321), que também integra o corpo clínico do IMO.


02)   Conhecer e compartilhar seu histórico de saúde ocular familiar: todos devem saber sobre as condições oculares ou doenças que acometem sua família. Os pais devem compartilhar essas informações com o oftalmologista. “Doenças oculares comuns como miopia, estrabismo, olho preguiçoso, quando não são tratadas na infância podem causar prejuízos à visão para toda a vida”, diz o oftalmopediatra.

03)   Preste atenção aos sinais de problemas oculares: “os pais devem estar alertas para os sintomas que podem indicar um problema ocular ou de visão, tais como queixas de fadiga ocular, dores de cabeça, apertar os olhos ao ler ou realizar outras atividades comuns. Outros sintomas que podem indicar problemas: coloração branca ou branca-acinzentada na pupila, um olho que desvia para  dentro ou para fora ou olhos que não apresentam sincronia nos movimentos ”, orienta Fabio Moraes.

04)   Usar óculos de proteção durante a prática de esportes: “as lesões oculares decorrentes da prática de esportes podem causar sérios danos, seja por uma batida de cotovelo durante o basquetebol ou uma pancada de um taco de hóquei. Se o seu filho pratica esportes com raquete ou de contato - hóquei, hóquei em campo, beisebol ou o basquete - considere o uso regular dos óculos de proteção certificados”, recomenda o oftalmopediatra.


"A boa visão é vital para o sucesso dentro e fora da sala da aula. As crianças que não podem ver a lousa ou a bola na aula de educação física podem ter momentos difíceis e ficarem frustradas. No entanto, tomando precauções simples e realizando exames oftalmológicos regulares é possível garantir às crianças um aprendizado saudável ​​e qualidade de vida”, defende Virgílio Centurion.



IMO, Instituto de Moléstias Oculares


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