Doença é uma das principais causas de retardo mental; demora no diagnóstico e início do tratamento podem resultar em prejuízos irreversíveis
A
triagem neonatal, mais conhecida como teste do pezinho, é um dos exames mais
importantes feitos em recém-nascidos. Com algumas gotas de sangue colhidas do
calcanhar do bebê, o teste permite diagnosticar precocemente várias doenças,
entre metabólicas, congênitas e infecciosas. A triagem deve ser feita entre 48
horas até quatro dias de vida da criança, já que antes disso os resultados
podem não ser muito precisos. O teste do pezinho chegou ao Brasil na década de
70 para identificar, inicialmente, a fenilcetonúria e o hipotireoidismo
congênito e, desde então, outras doenças foram incluídas neste programa de
triagem neonatal.
Segundo
Fabiano Sandrini, endocrinologista integrante do corpo clínico do Delboni
Medicina Diagnóstica, o hipotireoidismo congênito é uma doença que
faz com que a glândula tireoide não seja capaz de produzir a quantidade adequada
de hormônios tireoidianos, o que deixa os processos metabólicos mais lentos. “O
hipotireoidismo congênito é uma das principais causas de retardo mental. É
importante que se faça o diagnóstico e o tratamento precocemente, antes mesmo
que a criança apresente sintomas. A demora em iniciar o tratamento pode
resultar em prejuízos irreversíveis na desenvolvimento mental da criança”,
alerta o médico, que é PhD em Endocrinologia Pediátrica.
De
acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, o hipotireoidismo congênito tem
incidência de aproximadamente 1 caso para cada 2,5 mil nascidos vivos. Nas
regiões não deficientes em iodo, como é o caso do Brasil, as principais causas
são: ectopia tireoidiana (em torno de 60%), agenesia tireoidiana (em torno de
15%) e deficiência na síntese hormonal (em torno de 15%).
Sandrini
relata que o diagnóstico é feito com base na aferição do hormônio T4, em
conjunto com o TSH, pois somente com ambos é que se pode identificar os casos
de hipotireoidismo congênito central, que são mais raros, ocorrendo em cerca de
1:25 mil a 1:100 mil nascidos vivos. Para que seja determinada a etiologia do
hipotireoidismo, que em torno de 90% das vezes é primária, isto é, defeito da
tireoide, está indicada a realização de outros exames como ultrassonografia ou
cintilografia da tireoide e que serão realizados mais tardiamente. “A
realização destes exames, no entanto, não deve retardar o início da terapia de
reposição hormonal”, ressalta o médico.
A
determinação da causa do hipotireoidismo deve ser postergada para quando a
suspensão da levotiroxina possa ser feita sem haver prejuízo para a criança, e
a investigação complementada.
O
especialista relata que os principais sintomas do hipotireoidismo congênito são
hipotonia muscular, dificuldade respiratória, cianose, icterícia prolongada,
constipação, hipotermia, bradicardia, anemia, sonolência excessiva, livedo
reticularis, choro rouco, hérnia umbilical, alargamento de fontanelas,
mixedema, sopro cardíaco, macroglossia, dificuldade na alimentação, deficiente
crescimento ponderoestatural, atraso na dentição, retardo na maturação óssea,
pele seca e sem elasticidade, atraso de desenvolvimento neuropsicomotor e
retardo mental. “As manifestações clínicas são, em sua maioria, tardias,
devendo o diagnóstico precoce ser realizado através o teste do pezinho.”,
afirma.
Sandrini
alerta que o tratamento deve ser mantido por toda a vida. “O tratamento do
hipotireoidismo congênito leva à recuperação do ganho ponderoestatural e
melhora do desenvolvimento neuropsicomotor. O objetivo é que a criança seja
tratada antes de aparecer os sintomas. Os benefícios são maiores quando o
tratamento é iniciado precocemente e com doses adequadas de levotiroxina”,
finaliza.
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