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terça-feira, 27 de abril de 2021

Quanto vale a vida de uma mulher

 A luta histórica para igualdade de direitos nas indenizações


A mulher hoje ocupa um lugar de destaque na sociedade e na economia do País. É fato que as mulheres empreendedoras já somam mais de 30 milhões no Brasil, de acordo com a Global Entrepreneurship Monitor, o que representa 48,7% do mercado empreendedor. Cerca de 44% delas são chefes de família e 85% são responsáveis pela decisão de compra dentro do lar. Isso é força de trabalho e de consumo. O papel de coadjuvante na economia não cabe mais à mulher, que já é protagonista, todavia, ela ainda carece de representatividade dentro do governo para que mais políticas públicas sejam feitas a favor delas.

Esse é parte de um longo caminho percorrido na trilha da igualdade entre homens e mulheres. Prova disso é a projeção feita pelo Fórum Econômico Mundial no fim de 2018, que diz que ainda serão necessários mais de dois séculos para haver igualdade entre os gêneros no trabalho. Já em outras áreas, como acesso à educação, saúde e representação política, as disparidades entre homens e mulheres precisarão de 108 anos para chegarem ao fim.

Mas esse caminho não é feito apenas de agruras. Hoje, as mulheres conquistaram direitos sociais, políticos e trabalhistas ao longo dos anos, por meio de importantes movimentos reivindicatórios, que ganharam força depois que um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York causou a morte, em 8 de março de 1911, de 130 operárias que foram carbonizadas. Em 1917, no mesmo dia da tragédia, 90 mil operárias participam do protesto "Pão e Paz" na Rússia. Em 1918, após anos de luta do movimento sufragista, as mulheres conquistam direito ao voto na Inglaterra.

Pode parecer inadmissível, mas as mulheres só conquistaram o direito a cursar uma faculdade no Brasil em 1879. E só conquistaram o direito ao voto em 1932, quando a Constituição Federal brasileira permitiu, pela primeira vez, que elas votassem. O direito de igualdade entre homens e mulheres foi reconhecido apenas em 1945, quando constou em Carta das Nações Unidas. Só em 1960 a mulher viu a criação e comercialização da pílula anticoncepcional, quando teve início a “liberação” feminina. Mas, nem com todos esses avanços, a mulher se viu livre da subjugação e da violência doméstica e, nesse sentido, a lei Maria da Penha, criada em 2006, foi a primeira a reconhecer e criar mecanismos para combater essa violência que até hoje alcança números alarmantes. Esse cenário obrigou o País a aprovar em 2015 a Lei do Feminicídio, que classifica o assassinato de mulheres por razões da condição do sexo feminino como crime hediondo.

Contudo, nem uma lei que tipifica o assassinato da mulher, por ser mulher, arrefeceu os números, pelo contrário, com a pandemia esse contingente de mulheres que foram mortas por homens, só aumentou. Desde o início desse ano foram registrados no País uma média de 4 feminicídios por dia (46 mulheres, desde o começo de 2021, foram assassinadas em crimes tipificados como feminicídio). Se somadas as tentativas, a quantidade é ainda maior: foram 76 vítimas de ódio baseado em gênero. Os números não foram comparados com os do mesmo período de 2020, pois os dados do governo são mensais, e não diários. Os órgãos oficiais só divulgaram os índices do primeiro semestre do ano passado, quando 628 mulheres foram vítimas de feminicídio.

Eliana Saad Castello Branco, advogada, empreendedora, palestrante e uma estudiosa das questões humanistas, lembra que há cerca de 100 mil anos atrás, a divisão de tarefas de um agrupamento de pessoas era simples: “cabia aos homens caçar e pescar, e as mulheres tinham que cuidar da moradia e dos filhos. A escassez manteve, por todos esses séculos, uma economia baseada na dominação e no controle, em que líderes se ancoravam em atitudes como lutar ou fugir e na hostilidade como padrão comportamental”.

Para a advogada especialista em pessoas, a ONU não tem dúvida sobre a relação direta entre a situação das mulheres e a pobreza, e acredita que, fortalecendo a primeira, extingue a segunda em longo prazo. “O Fórum Econômico Mundial, instituição especialista na competitividade de países, atribui importância crescente à sua métrica de desigualdade de gêneros.  É fato que os países mais ricos nos indicadores per capita são os que têm menor desigualdade de gêneros.”

 

Definição jurídica do direito da mulher brasileira. Quanto vale a vida de uma mulher?

A Constituição Federal dispõe em seu Artigo 5 que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade."

Entretanto, segundo a Dra. Eliana Saad Castello Branco, os homens são desiguais na sociedade e na natureza, tanto quanto as coisas, os lugares, os fatos e as circunstâncias. “O princípio da igualdade jurídica não traduz o momento histórico da sociedade. Mencionada norma constitucional, que consta da Declaração de Direitos Humanos (igualdade entre homens e mulheres) trata-se de um esforço para balancear o jogo das inferioridades e superioridades da história da mulher no cenário político-social do País, inclusive, com subdivisões entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos”.

A advogada, especialista em ações conjuntas e individuais voltadas às questões indenizatórias, lembra também que até bem pouco tempo no Brasil, antes do novo Código Civil Brasileiro ter sido sancionado e publicado, o homem ainda era considerado o chefe da sociedade conjugal. “Nas últimas décadas as mulheres, por meio do movimento organizado, têm conseguido muitos avanços, provocando transformações em todo o mundo, alterando suas condições de vida, o imaginário social e o comportamento em sociedade. Buscando condições mais dignas, igualitárias e justas, desbravaram territórios antes exclusivamente masculinos, conquistando definitivamente espaços no mercado de trabalho e de participação política. Tal atuação na vida pública tem trazido grande contribuição para a sociedade, influenciando a formulação e implementação de políticas mais justas no mundo do trabalho, na luta pelo acesso à saúde, educação e no combate à discriminação e à violência”, destaca.


O valor da mulher e a indenização por morte

A advogada, que faz parte de uma família e banca de advogados que trataram das indenizações às vítimas do incêndio do Edifício Joelma (tragédia ocorrida em 1° de fevereiro de 1974 no Edifício Praça da Bandeira, na região central de São Paulo e que provocou a morte de 187 pessoas e deixou mais de 300 feridos), ressalta a importância de valorar a mulher no mercado de trabalho com igualdade de gênero em casos de indenizações por morte, em especial na tragédia do Edifício Joelma. “Esta tragédia aconteceu no prédio que era ocupado pelo Banco Crefisul. A empresa foi responsabilizada pela falta de segurança do prédio e seu gerente-administrativo condenado a três anos de prisão por negligência e imprudência. Na ação por responsabilidade civil, o Crefisul perdeu em todas as instâncias e teve de indenizar todas as famílias. As ações se arrastaram até 1987”.

Para Dra. Eliana, os juízes por meio das suas decisões fazem Lei perante as partes, como assegura o Estado Democrático de Direito aos processos judiciais, tendo por escopo a pacificação social. “Assim, embora a indenização do Edifício Joelma fosse para trabalhadores e trabalhadoras, o advogado dos familiares das 240 vítimas desta tragédia, Elcir Castello Branco, disse que no momento de os juízes fixarem o montante para ressarcimento, colocavam limites de idade para indenização da mulher até a idade casadoira, de 25 anos. No caso do Joelma, dezenas de famílias de mulheres receberam indenizações por apenas alguns anos, sendo que na época o advogado encomendou uma pesquisa ao Ibope para mostrar aos juízes que, mesmo depois dos 25 anos, as pessoas ajudam seus pais e que as mulheres, já tinham mudado o contexto na sociedade, porque trabalham depois de casadas”, lembra a advogada sobre as ações do seu pai, Dr. Elcir Castello Branco à época. 

Ela destaca, que nos dias atuais, de modo indiferente, o ressarcimento por morte em caso de indenização é de até 70 anos de idade. 

“Portanto, não se trata de valer menos, homem e mulher, mas este caso é uma demonstração de desigualdades de gênero no a

mbiente corporativo, com modulação dos valores da sociedade”, lamenta Dra. Eliana Saad Castello Branco.


Tipos de violência e como identificar um agressor

Mulheres podem sofrer violência no âmbito doméstico ou em uma relação de familiaridade, afetividade ou coabitação. Estas violências incluem abuso físico, sexual, psicológico, negligência e abandono. A violência física é ação ou omissão com exposição ao risco ou dano à integridade física, podendo causar lesões.

A advogada ressalta que no caso de violência sexual, a mulher é obrigada a manter contato sexual, físico ou verbal, ou a participar de outras relações sexuais com uso da força, intimidação, coerção, chantagem, suborno, manipulação, ameaça ou qualquer outro mecanismo que anule ou limite a vontade pessoal. “De acordo com o Código Penal, a violência sexual pode ser caracterizada de forma física, psicológica ou com ameaça, compreendendo o estupro, a tentativa de estupro, a sedução, o atentado violento ao pudor e o ato obsceno”, esclarece.

Ela afirma ainda que preciso ter atenção à violência moral (ação destinada a caluniar, difamar ou injuriar a honra ou a reputação), à violência psicológica (ação ou omissão destinada a degradar ou controlar as ações, comportamentos, crenças e decisões de outra pessoa por meio de intimidação, manipulação, ameaça direta ou indireta, humilhação, isolamento ou qualquer outra conduta que implique prejuízo à saúde psicológica, à autodeterminação, à autoestima ou ao desenvolvimento pessoal).

A advogada alerta sobre a importância de identificar os agressores. “O perfil psicológico dos agressores evidencia que eles têm dificuldades para resolver problemas e desafios da vida, têm baixa autoestima e pouca tolerância à frustração. Não suportam a rejeição, demonstram ciúmes patológico e necessidade de controlar a parceira.  São muito sensíveis às críticas, tem um humor muito variável e se irritam com facilidade. Têm dificuldades para controlar a raiva e são mais impulsivos. Não costumam ter habilidades sociais muito desenvolvidas, com dificuldades para comunicar seus sentimentos e resolver problemas conversando. Os fatos que precipitam a violência são o stress, o uso de substâncias químicas, como álcool e drogas, e a percepção da vulnerabilidade da vítima. Alguns vêm de lares em que a violência era a forma habitual de resolução dos problemas. Foram testemunhas ou vítimas de maus tratos; e continuam reproduzindo as ações violentes em suas vidas familiares. Quando entram no ciclo de acúmulo de tensão, frustração, mudança rápida do humor, irritabilidade vem a explosão da violência que vai recair sobre o mais fraco”, explica Dra. Saad Castello Branco.

 

Arcabouço legal que protege e reparação moral que as mulheres vítimas de violência têm direito

A advogada, especialista em causas humanizadas, esclarece que em casos de violência da mulher, é aconselhável procurar uma advogada e buscar orientações na Delegacia da Mulher.  “A vítima mulher deve procurar ressarcimento para o indevido dano sofrido que experimentou, com a finalidade de indenização para compensar parcialmente os danos sofridos moral, dano existencial e ação penal. Destaco que o dano existencial corresponde ao injusto prejuízo que a mulher sofre sobre as atividades não patrimoniais, alterando seus hábitos de vida e sua maneira de viver socialmente. O dano atinge um projeto futuro da vítima”.

Ela destaca que dentro do arcabouço jurídico, a Lei 11.340, conhecida popularmente como Lei Maria da Penha protege a mulher. “A violência doméstica concebida da forma como foi definida não necessariamente é dirigida à mulher, mas reconhece-se que o homem é, na maioria das vezes, o agressor. Para erradicação da violência doméstica, além de medidas punitivas, deve ter adotada ações para a prevenção, e ainda, medidas de apoio que permitam, por um lado, à vítima e à sua assistência social, jurídica, necessárias à recomposição após a violência sofrida, e por outro, a possibilidade de reabilitação dos agressores”, afirma Dra. Eliana Saad Castello Branco.

Há também a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 é um serviço de escuta e acolhida às mulheres em situação de violência.  “Existe o encaminhamento das denúncias de violência contra a mulher aos órgãos competentes. O serviço fornece informações sobre os direitos da mulher, como os locais de atendimento mais próximos e apropriados para cada caso: Casa da Mulher Brasileira, Centros de Referências, Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam), Defensorias Públicas, Núcleos Integrados de Atendimento às Mulheres, entre outros. A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. São atendidas todas as pessoas que ligam relatando eventos de violência contra a mulher”, lembra a advogada.

Há 5 leis que protegem as mulheres e autorizam a concessão de medidas protetivas de urgência em casos de assédio e/ou de violência.

Para Dra. Eliana, vale lembrar que a violência doméstica não se limita à violência física, podendo ser sexual, psicológica e verbal. “Há a necessidade de ações duradouras de conscientização, com canais de denúncia, campanhas, divulgação dos direitos e combate à violência contra a mulher”:

·         Lei Maria da Penha (11.340) - foi sancionada em agosto de 2006 e tem o objetivo de criar mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher de forma a prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher, através de medidas protetivas.

·         Lei Carolina Dieckmann (12.737) - foi sancionada em 2012 com o intuito de definir crimes cibernéticos no Brasil.


·         Lei do Minuto Seguinte (12.845) - foi sancionada em 2013 e oferece algumas garantias a vítimas de violência sexual, como atendimento imediato pelo SUS, amparo médico, psicológico e social, exames preventivos e o fornecimento de informações sobre os direitos legais das vítimas.


·         Lei Joana Maranhão (12.650) - foi sancionada em 2015 e alterou os prazos quanto a prescrição (prazo) contra abusos sexuais cometidos contra crianças e adolescentes, de forma que a prescrição só passou a valer após a vítima completar 18 anos, e o prazo para denúncia aumentou para 20 anos.


·         Lei do Feminicídio (13.104) - foi sancionada em 2015. Quando uma mulher é morta em decorrência de violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher, fica caracterizado o feminicídio, sendo considerado um crime hediondo em que a pena pode chegar a 30 anos de reclusão.


Como o apelo popular pode influenciar o legislador com relação ao direito das mulheres?

Para a advogada, a sociedade do século 21 está interligada. “Vivemos a era da informação e, como consequência acontecem as ações das pessoas por meio de processos legislativos; ou até mesmo de denúncias em redes sociais, que acabam sim por influenciar o Legislativo, e sendo este um dos Poderes dentro da divisão do Estado Democrático de Direito, a teor do artigo 2, da Constituição Federal, ele não está alheio à opinião pública”.

Ela esclarece que o apelo popular pode sim influenciar e nortear o trabalho do legislativo em todas suas esferas, que dependendo da comoção das ruas, pode pautar matérias que tratem do direito das mulheres.


Caso Isa Penna, a deputada estadual que foi abusada no plenário da Alesp

         A deputada estadual Isa Penna passou por um constrangimento e violação atroz em dezembro de 2020, quando uma câmera de segurança da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) flagrou o momento em que o também deputado Fernando Cury passou a mão no seio da colega no plenário, em um abraço por trás, durante a votação do orçamento do estado para 2021. Em decisão inédita a que se considerar, a Alesp suspendeu o deputado por seis meses por passar a mão na colega. A punição implica a paralisação do mandato e do gabinete, com a posse do suplente, Padre Afonso (PV), que poderá formar sua própria equipe. Pressão dos deputados fez com que presidente da Casa aceitasse discutir punição maior do que os 119 dias sugeridos no Conselho de Ética. Deputada comemora decisão e diz que Alesp não aceitará assédio.

            Essa cena ilustra a vulnerabilidade feminina, que não encontra refúgio sequer na casa legislativa do maior estado da Federação.

Dra. Eliana Saad Castello Branco também ressalta o caso da violência sofrida pela deputada. “Esse caso evidencia que as mulheres que ocupam cargos políticos devem ter respeitados seus direitos de voz e poder, e neste cenário, as mulheres na sociedade. Nos dias atuais a mulher não precisa provar competência, mas cada vez mais ter espaços que possa ocupar com igualdade de oportunidades perante os homens. Ademais, a sociedade não tolera mais gestos de conotação sexual para diminuir o poder no parlatório”, enfatiza a advogada especialista em causas indenizatórias.

Dra. Eliana ainda é taxativa ao afirmar que no seu escritório não existe sexismo. “Não sou sexista, mas quando vou dar oportunidade aos estagiários, a preferência será para mulher por uma questão de solidariedade, e também por experiência. Fico feliz em saber que estamos caminhando para igualdade. Portanto, sejamos ação e propósito para um mundo melhor. Eu posso lutar por mulheres, e faço isso agora, focando na igualdade não só de deveres, mas principalmente, de direitos”, completa a advogada.

 

 

Eliana Saad Castello Branco - advogada e sócia do escritório Saad Castello Branco, que está em atividade há três gerações. Participou da 3ª Turma de Criação de Novos Negócios e Empreendedorismo, GVPEC e se especializou em Direito Empresarial do Trabalho pela FGV/Law. Diplomada pela Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) pelo reconhecimento aos trabalhos prestados, é importante palestrante do meio jurídico, empreendedor e de gestão de pessoas. Soma importantes conquistas jurídicas, como em favor dos consumidores que tiveram seu nome inscritos indevidamente no Serasa e SCPC, das vítimas de erro médico e da falta de atendimento em plano de saúde. Permanece trabalhando incansavelmente na busca do ressarcimento de violação de direito à imagem, da proteção e defesa de trabalho intelectual por meio de litígios, sempre com o foco em advogar com sucesso na interlocução social com empresas e trabalhadores.  

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Uso de dados leva empresas a direcionarem mais recursos para campanhas de prevenção

Investimentos em análise inteligente permitem desenvolver ações mais aderentes às necessidades de cada equipe e reduzir custos de gestão da área 

 

O British Medical Journal estima que 37 milhões de mortes prematuras, no mundo inteiro, poderiam ser evitadas até 2025, caso fossem tomadas medidas de conscientização e promoção de saúde. Estudos como esse apontam a necessidade de recorrentes investimentos em campanhas e movimentos que reforcem hábitos associados à prevenção e ao bem-estar. Fato que pode ser observado com o crescimento do calendário da saúde, que adota cores específicas para cada bandeira mensal. Assim, o outubro se tornou rosa, em função do combate ao câncer de mama; e o janeiro é tomado pelo branco, que trata da saúde mental. Apesar de causas fundamentais para a saúde coletiva, o setor corporativo começa a avaliar com uma lupa, a partir de análises inteligentes de dados, quais as ações de prevenção e conscientização se encaixam melhor no perfil de sua população.

O movimento tem evitado desperdícios financeiros e de energia focados em ações, por exemplo, para um tipo de patologia com pouca incidência ou que sequer existe evidência para predisposição entre determinada equipe. Assim, as análises proporcionadas por big data analytics permitem promover campanhas e intervenções cada vez mais personalizadas, de acordo com a necessidade de cada população-alvo, conforme explica Bruno Autran, CEO e cofundador da BTR Benefícios e Seguros. 

“Trabalhamos com o conceito de on-demand, por isso, avaliamos o que, de fato, vai gerar impacto para a saúde e bem-estar das pessoas e como tudo isso resultará no melhor custo x benefício do plano de saúde. Se uma empresa tem um perfil predominantemente feminino, com idade média entre 25 e 40 anos, talvez se deva investir mais em um programa de gestantes ao invés de apostar no novembro azul, que trata do câncer de próstata, por exemplo”, observa.

De acordo com o executivo, é uma maneira não só de mudar comportamentos que ajudam efetivamente a prevenir doenças crônicas não transmissíveis (DCTN) – entre as quais diabetes, hipertensão e depressão, entre outras –, responsáveis por mais de 70% das mortes no Brasil, como de reduzir custos na área. “Nossa percepção é de que há uma procura por ações de prevenção mais objetivas e temos sidos assertivos ao priorizar as necessidades de cada população pesquisada dessa forma mais profunda”.

Como saúde e bem-estar são pilares que integram as práticas sustentáveis de qualquer negócio, a startup tem sido procurada por líderes e gestores para apoiar a tomada de decisão.  Isso porque, segundo Autran, o estímulo para práticas físicas e mentais saudáveis já vai muito além da qualificação do clima da organização e se traduz em aumento de produtividade, redução de absenteísmo e retenção de talentos.

Neste processo, a BTR busca acessar dados importantes para avaliar quais os problemas de saúde mais comuns, quais as principais causas de afastamentos e outras informações do gênero. A partir daí, desenvolve ações educativas que acompanham as campanhas com o objetivo de instruir, reforçar e aprofundar as medidas para reverter determinados quadros. “A promoção da saúde no trabalho é um processo gradativo, que precisa ser reforçado constantemente”, conclui Autran.

Embora não possa revelar o nome das empresas por conta da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), a startup tem apoiado grandes nomes brasileiros do varejo e de serviços em campanhas que ajudam a promover saúde e salvar vidas.

 

 

BTR


segunda-feira, 26 de abril de 2021

Em meio à falta de coletas, Rotary Clubs lançam campanha para doação de sangue em SP

 Shutterstock
 • Com queda de doadores durante a pandemia, ação visa reforçar estoques do sistema de saúde

• Meta é superar 700 bolsas que beneficiarão até 2,8 mil pessoas


Com a campanha "Doe Sangue, Salve Vidas", o Rotary Club inicia em 24 de abril a ação na região Oeste da Grande São Paulo. A mobilização, que já acontece anualmente desde 2014, desta vez, une esforços de diversas unidades da entidade internacional para ampliar o alcance geográfico e conseguir mais doações. Com a participação dos Rotary Clubs de Barueri-Alphaville, Barueri-Tamboré, Carapicuíba, Osasco, Jandira-Santana de Parnaíba-Aldeia da Serra e Barueri-Centro Comercial Alphaville, o objetivo é reforçar os estoques do sistema de saúde, quase esgotados por causa do agravamento da pandemia do novo coronavírus.

"Este é um momento de empatia, solidariedade, apoio e cuidado com o próximo. Com o aumento diário das internações, a demanda por sangue e derivados também sobe e as reservas precisam ser continuamente reabastecidas. Doar sangue é uma ação simples, mas um ato de amor que salva vidas", afirma Celso Luiz Tracco, presidente do Rotary Club de Barueri-Alphaville.

De acordo com a Fundação Pró-Sangue, os tipos sanguíneos O+ e O-, além do A-, estão em falta em São Paulo. Já os estoques dos tipos A+ e B- estão entrando em nível de alerta. "A meta é superar 700 bolsas de sangue, beneficiando até 2,8 mil pessoas", complementa Tracco.

A unidade externa que transportará os equipamentos de coleta percorrerá os municípios em datas já determinadas, junto com a equipe e com o veículo do Hemocentro São Lucas, instituição que tradicionalmente se dispõe a apoiar as campanhas anuais do Rotary Club. Toda a estrutura apropriada para as coletas será montada em cada local de atendimento.

A capacidade de atendimento será de 18 pessoas por hora, para manter o distanciamento e a segurança de todos. Cada coleta durará, em média, 20 minutos, e para evitar filas e eventual risco de aglomerações, serão distribuídas senhas. Cada bolsa de sangue obtida será posteriormente examinada e tratada no Hemocentro São Lucas Terapia Celular. Após, passará por separação em quatro componentes que permitem usos em diferentes necessidades.

Jandira será o primeiro município a receber a equipe preparada para atender doadores voluntários, no Condomínio Nova Higienópolis. Carapicuíba, Barueri e Santana de Parnaíba, incluindo Alphaville, Tamboré e Aldeia da Serra, serão os próximos locais na programação, que segue até julho próximo.


Protocolos e cuidados

Os profissionais de saúde que atenderão os doadores estão treinados para atuar dentro das mais rigorosas regras sanitárias de segurança - incluindo protocolos contra a Covid-19.

As coletas ocorrerão sempre das 9h às 14h, e o atendimento será por ordem de chegada. Quem se dispor a participar, passará por um cadastramento, incluindo uma triagem inicial, seguida de entrevista médica (anamnese), para verificação do estado geral de saúde e demais requisitos.


Locais e datas de coleta

• 8/5 - SAS Morada dos Pássaros / Aldeia da Serra

Av. dos Pássaros, 192 - Barueri. Tel.: (11) 99689-2326

• 22/5 - Instituto São José /Jandira

Rua Dep. José Costa, 77 - Centro. Tel.: (11) 4707-4371

• 26/5 - Sede do Rotary Club Carapicuíba

Av. Sandra Maria, 501 - Jardim das Belezas. Tel.: (11) 99370-9520.

• 28/5 - Igreja Batista Memorial Alphaville

Av. Tamboré, 1.603/1.511 - Barueri. Tel.: (11) 4195-4645 / (11) 97411-1896.

• 4/6 e 5/6 - Parque Shopping Barueri

Rua General de Divisão Pedro Rodrigues da Silva, 400 / Aldeia de Barueri. Tel.: (11) 97415-8578.

• 17/7 - Alpha Shopping / Alphaville (a confirmar)

Alameda Rio Negro, 1.033. Tel.: (11) 97415-8578

• 2º semestre - Osasco, local e data a definir.

Tel.: (11) 99515-0191, com Carlos Alberto.

 


Sobre o Rotary:

O Rotary é uma organização de líderes profissionais e empresariais que prestam serviços humanitários e ajudam a fomentar a paz e a boa vontade no mundo. Mais de 33.000 Rotary Clubes congregam mais de 1,2 milhão de rotarianos em cerca de 165 países. Para mais informações, acesse http://www.rotaryalphaville.com.br


Mito ou verdade: remédios prejudicam a saúde dos dentes?

Cirurgiã-dentista fala sobre os impactos de medicamentos na boca e como fugir de possíveis problemas odontológicos


É bastante comum ouvir falar que medicações podem causar manchas e lesões de cárie nos dentes, principalmente na infância. Mas, apesar desses serem os inconvenientes à saúde bucal mais relatados em decorrência do uso de medicamentos, eles não são os únicos. Além do mais, as consequências não são só para as crianças. É o que revela o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).

A odontopediatra e conselheira do CROSP, Sandra Kalil Bussadori, explica que a ‘boca seca’ também costuma ser uma condição relacionada ao consumo de algumas medicações. “A xerostomia, que é a sequidão na boca, é o efeito colateral mais comum e que não está relacionado necessariamente à faixa etária do paciente, mas possivelmente ao uso de antialérgicos, descongestionantes, analgésicos, diuréticos, anti-hipertensivos ou antidepressivos”. 

Inflamações, ulcerações, dormências, formigamentos, alterações de paladar e sangramentos ao escovar os dentes ou ao usar o fio dental também precisam ser observados. “Nesses casos, é recomendado procurar o médico ou cirurgião-dentista o quanto antes”, sugere a especialista. 


Mas então, por que é tão falado que remédios podem afetar a saúde dos dentes das crianças? 


Isso acontece porque o tratamento de algumas doenças com uso de antibióticos à base de tetraciclina provoca o escurecimento dentário na infância. “A intensidade do escurecimento depende da idade do paciente e da quantidade administrada da droga, mas sim, é verdade que essa substância pode manchar os dentes porque ela impregna nos tecidos dentários causando, com grande frequência, manchas amareladas ou castanhas”, detalha. 

A faixa etária interfere pois é durante a fase infantil que acontece a odontogênese dos dentes permanentes, ou seja, é o período em que os dentes permanentes são formados. “Na própria bula é evidenciada a não recomendação para crianças menores de 8 anos de idade ou gestantes na segunda metade da gravidez”, afirma Sandra. Existem outras opções mais seguras e eficazes que podem substituir a tetraciclina e não oferecem risco de manchamento dos dentes, podendo ser utilizadas, inclusive, pelas crianças. “É o caso do clindamicina, da azitromicina e do rocefin, por exemplo”.


E a cárie?


Se o remédio tem açúcar em sua composição para tornar a ingestão mais agradável, como os xaropes, há sim potencial de desenvolver lesões de cárie. “Para evitar esse problema, é essencial uma higienização adequada após cada dose e um cuidado especial enquanto a criança estiver doente”, recomenda a cirurgiã-dentista. 

O que pode aumentar o risco de disfunções bucais não é o princípio ativo do medicamento, ou seja, a substância da qual ele é formado, mas sim a forma como é administrado. “Soluções adocicadas ou ácidas aumentam as chances de cárie e de inflamação gengival. Se a mesma medicação for administrada em cápsulas, comprimidos ou injeções diminui-se o risco de prejudicar a saúde bucal do paciente”, conclui. 

Assim como nos demais tratamentos de saúde, na Odontologia o acompanhamento por um profissional habilitado é o que pode garantir melhor qualidade nos resultados e no bem-estar de cada paciente.

 


Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP)

www.crosp.org.br


Pediatra esclarece mitos e verdades sobre o uso de máscara por crianças

Pediatra responde dúvidas frequentes do consultório sobre o uso do EPI por crianças

 

A pandemia mudou a rotina de pessoas em todo o mundo. Trabalho remoto, distanciamento social, uso de álcool em gel com frequência e máscara para sair de casa são alguns dos novos hábitos que passaram a ser adotados na tentativa de prevenir a contaminação pelo novo coronavírus.

Apesar de já terem sido incorporados ao dia a dia, muitos desses hábitos ainda causam dúvidas em pais e cuidadores, principalmente por causa da alta disseminação de fake news pelas redes sociais e aplicativos de trocas de mensagens.

Dr. Paulo Telles, pediatra pela SBP, conta que muitos pais o procuram para sanar dúvidas porque recebem mensagens sem base científica e ficam assustados. O uso de máscara por crianças é um dos temas que mais gera discussões.

"Junto do distanciamento social e higiene das mãos, o uso de máscara ainda é a maneira mais fácil de evitar a contaminação pelo novo coronavírus", alerta o médico. Confira a seguir, mitos e verdades sobre o uso de máscara pela turminha:


Nem toda criança precisa usar máscara.

VERDADE: "Criança tem que usar máscara, mas é preciso que os pais e cuidadores sigam informações baseadas em boas evidências. Mas vale o alerta de que crianças com menos de 2 anos não devem usar máscara porque não são capazes de removê-la sem ajuda. Crianças com alguns problemas cognitivos também não precisam usar a máscara porque não têm condição de tolerar o uso e de removê-la também. No entanto, são exceções. E acima de dois anos, os pais podem começar a treinar a criança para usar a máscara em casa para que possa usá-la de forma adequada".


Máscara atrapalha a absorção de oxigênio.

MITO: "Uma preocupação frequente é se a máscara pode reduzir a absorção de oxigênio a ponto de prejudicar o cérebro e os pulmões e a resposta é não. As máscaras são feitas de materiais respiráveis e não prejudicam a absorção de oxigênio, nem atrapalha o foco e a concentração da criança. A partir dos dois anos pode usar o tempo todo com segurança."


Pode interferir no desenvolvimento.

MITO: "A máscara não afeta o desenvolvimento neurológico nem pulmonar. A máscara bloqueia as gotículas de saliva que contêm o vírus, não bloqueia o oxigênio. Além disso, a criança fica é mais protegida, uma vez que a máscara bloqueia o novo coronavírus e outros micro-organismos que podem causar infecções pulmonares."


A máscara faz a criança respirar mais gás carbônico e se intoxicar.

MITO: "Nenhum estudo comprova isso. É besteira. As moléculas de gás carbônico são menores do que as fibras da máscara e passam pelo tecido tranquilamente. É importante lembrar que há médicos que realizam cirurgias longas de 10, 12 horas direto, com a mesma máscara. Se fosse assim, eles desmaiariam ou se intoxicariam."


A máscara protege a pessoa de contaminar outras pessoas.

VERDADE: "Se usado de forma certa, o tecido da máscara cria uma barreira para as gotículas de saliva contaminadas, evitando que elas atinjam outra pessoa e que o vírus chegue à mucosa, se prolifere e infecte a pessoa. Não importa se é adulto ou criança, a máscara é usada para não te contaminar e para não contaminar o outro. É uma proteção de mão dupla."

 


Dr. Paulo Nardy Telles - CRM 109556 @paulotelles  • Formado pela Faculdade de medicina do ABC • Residência médica em pediatra e neonatologia pela Faculdade de medicina da USP • Preceptoria em Neonatologia pelo hospital Universitário da USP • Título de Especialista em Pediatria pela SBP • Título de Especialista em Neonatologia pela SBP • Atuou como Pediatra e Neonatologista no hospital israelita Albert Einstein 2008-2012 • 18 anos atuando em sua clínica particular de pediatria, puericultura.


Quatro coisas que você precisa saber sobre imunidade ao novo coronavírus

Tem-se comparado muito a pandemia do novo coronavírus com a gripe espanhola há 100 anos. Entre janeiro de 1918 e dezembro de 1920, 500 milhões de pessoas foram infectadas e um quarto da população mundial foi a óbito em decorrência do vírus influenza.  

Os tempos eram outros, os recursos eram mais limitados. A mensagem que quero passar é: nem todo vírus é tão letal como o da SARS-COV-2. Hoje a disseminação de notícias falsas (em especial via WhatsApp) é quase tão forte e preocupante quanto coronavírus 

Informação, cuidados básicos e prevenção ainda são remédios eficientes ao combate de muitas doenças e falácias sobre elas. Por isso, gostaria de compartilhar quatro informações que podem ajudar a aumentar o conhecimento e a imunidade. 

1 – Não há comprovação quanto a remédios que possam prevenir efetivamente a população de contrair o vírus, tanto que não há recomendação deles em sites oficiais e de informações de confiança, como no site da organização Mundial da Saúde ou da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Alguns cuidados como o uso de máscara, evitar aglomerações, lavar as mãos com frequência, uso de álcool em gel e isolamento social são protocolos a serem seguidos.  

2 – A imunidade contra o novo coronavírus pode ser adquirida com a infecção natural ou passivamente por vacinas que começaram a ser aplicadas recentemente. No entanto, devemos frisar que ambas as imunidades ainda não foram definidas como definitivas ou 100% eficazes. A vacinação é importante e irá ajudar a reduzir as chances de óbito por complicações em decorrência da doença. Ressaltando que as vacinas levam um tempo até fazerem efeito, portanto não se pode relaxar nas medidas de prevenção. A eficácia das diferentes vacinas nos diferentes grupos (faixa etária, sexo, imunodeprimidos, fazendo uso de imunossupressores etc.) será aprofundada nos próximos meses, quando será possível a comparação da percentagem de inibição alcançada. Exames para testar neutralizantes em laboratórios de diagnóstico também podem ser aliados nos cuidados.  

3 – Um estudo elaborado na Alemanha e publicado na revista Nature Medicine traz indícios de que a imunidade contra a covid-19 de pacientes já infectados pode ser cada vez maior e durar anos. A presença de anticorpos do tipo neutralizantes tem meia-vida variável e diminui mais lentamente ao longo do tempo (11,7% de redução) do que os demais anticorpos não funcionais, que são apenas ligantes (76%). Se você teve a doença sem sintomas,  mais chance de descobrir que a teve pelo teste de neutralizantes do que por teste comum se já tiverem passado mais de quatro meses.  

4 – Uma pesquisa da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, mostrou que até mesmo quem já foi infectado pode se reinfectar, já que a imunidade ao vírus não é duradoura e pode diminuir em poucos meses, bem como mutações podem estar surgindo, ou até ambas as situações em efeito sinérgico. Nesses casos especialmente suspeitos de reinfecção, devem ser analisados os achados clínicos, laboratoriais e de contato com infectados pelo vírus antes de concluir por reinfecção. Tudo isso deve ser analisado conforme definições do Ministério da Saúde, pois existem casos de detecção continuada de material genético viral que não devem ser confundidos com reinfecção. 

Estamos cada vez mais familiarizados com essa nomenclatura médica, o que não pode ser feito ainda é flexibilizar as medidas de proteção. Se puder, fique em casa. Se precisar sair, use máscara e tenha cuidado com o vírus dafakenews. Muitas vezes ele não é malicioso, mas se espalha por falta de entendimento.  

 


Luciana Brito - coordenadora de Qualidade e Regulatório na NL Diagnóstica – nldiagnostica@nbpress.com  


Fome, fome oculta e desnutrição: três termos distintos e que fazem parte da vida de milhões de brasileiros


A fome é caracterizada pela ausência de qualquer tipo de alimentação por períodos prolongados. A desnutrição é uma condição patológica causada pela falta de ingestão ou falta da absorção de nutrientes para correto funcionamento do corpo humano. Já a fome oculta é derivada de uma deficiência de micronutrientes no organismo, não atingindo apenas as pessoas que não ingerem uma quantidade satisfatória de alimentos, mas também aquelas que consomem alimentos em excesso, porém de baixo índice nutricional.

Estes são problemas que podem se relacionar, mas que não necessariamente têm a mesma causa. Mas a principal característica de todos eles é a falta de vitaminas e minerais essenciais para que o organismo funcione de forma adequada, inclusive mantendo a imunidade fortalecida, algo muito importante durante toda a vida e que vem sendo muito falada por estarmos em meio a uma pandemia viral global.

De acordo com o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), realizado entre 2017 e 2018, 15 pessoas, em média, morrem de fome todos os dias no país. Em cinco anos, aumentou em cerca de 3 milhões o número de pessoas sem acesso regular à alimentação básica, atingindo, ao menos, 10,3 milhões de pessoas no país. Em 2018, o Ministério da Cidadania realizou o Mapeamento da Insegurança Alimentar e Nutricional (MAPA InsAN); os dados mostraram que, em média, 427.551 crianças com menos de cinco anos tinham algum grau de desnutrição, calculado de acordo com o déficit de peso por idade ou altura. Para ter um parâmetro global, a Organização das Nações Unidas estimou que quase 690 milhões de pessoas passaram fome em 2019.

Agora, se falarmos em desnutrição, a FAO (Organização para Agricultura e Alimentação das Nações Unidas) estima que haja aproximadamente 2 bilhões de pessoas desnutridas no mundo e 840 milhões de pessoas subnutridas nos países em desenvolvimento, destes, mais de 200 milhões são crianças. A fome oculta é a principal causa de anemia e, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, 30% da população mundial é anêmica, em especial crianças abaixo de dois anos e mulheres de diferentes faixas etárias, embora também possa ocorrer em homens e idosos. No Brasil, estima-se que 40% a 50% das crianças tenham anemia.


Dentre diversas ações e planos possíveis para solucionar esses problemas está a fortificação de alimentos essenciais, como as farinhas de trigo e milho que são fortificadas com ferro e ácido fólico, o sal, enriquecido com iodo e o leite com adição de vitamina D, entre outros. Para isso, muitos governos realizam ações e parcerias público-privadas para que alguns alimentos sejam fortificados com vitaminas e micronutrientes, esse é um caminho extremamente eficiente.

A vitamina D, por exemplo, vem sendo muito considerada por médicos e nutricionistas por estar associada à saúde óssea - melhora a absorção de cálcio, o que reduz o risco de fraturas - e também porque está associada à melhora da imunidade e redução no risco de infecções no trato respiratório. Em tempos de Covid-19, esse último fator é extremamente importante. Inclusive, a OMS passou a recomendar a vitamina D para infecções respiratórias, já que pesquisas recentes apontam que o nutriente tem um efeito protetor no trato respiratório superior, podendo evitar que o organismo seja infectado e, caso seja, o vírus é combatido e tratado com mais agilidade e reduz as chances de sintomas mais severos.

É inegável que o sol é a melhor fonte de vitamina D, isso porque os raios ultravioletas do tipo B (UVB) são capazes de ativar a síntese desta substância no nosso organismo, mas há evidências científicas de que praticamente o mundo todo sofre com deficiência de vitamina D. Por isso, muitos reguladores e entidades científicas recomendam sua complementação em alimentos.

Por fim, a melhor forma de prevenir a desnutrição é garantir o consumo de uma dieta balanceada, rica em vitaminas e micronutrientes. Tornar isso acessível a toda a população é um trabalho árduo e complexo. E, diante disso, a parceria público-privada é essencial para trilhar esse longo caminho que temos a seguir.



Giovani Saggioro - graduado em Ciências Farmacêuticas e vice-presidente de Nutrição Humana para a DSM América Latina.


Colapso no sistema de saúde favorece o agravamento de doenças crônicas

O médico Jairo Bouer, diretor científico da plataforma HSPW, acredita na prevenção e na ciência de dados para acompanhar a saúde integral

 

 

Recente estudo de universidades federais em parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, feito nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife, Belém e Manaus, indica um excesso de mortes por doenças cardiovasculares no Brasil. Segundo o levantamento, estes óbitos aumentaram 132% no país ao longo do isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19. Já em pesquisa do Instituto Ipsos, encomendada pelo Fórum Econômico Mundial, 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou um pouco ou muito em 2020. De acordo com o médico psiquiatra Jairo Bouer, Diretor Científico da healthtech HSPW - Healthy & Safe Place to Work, estes dados são indícios do crescente universo de brasileiros que atendem aos critérios de alteração da saúde física e mental em meio a mais de um ano de dificuldades geradas pela pandemia.

 

Depressão, estresse, abuso de álcool, má qualidade do sono, mal-estar financeiro e burnout estão entre os problemas que aumentaram com a pandemia. Para piorar, o colapso no sistema de saúde favorece o agravamento de uma série de doenças crônicas, por falta de atendimento médico voltado a prevenção e/ou tratamento. Mais do que nunca, as pessoas precisam se atentar à sua alimentação, exercícios físicos, aos bons hábitos de saúde como um todo, inclusive a saúde financeira. Já as empresas podem e devem olhar para a saúde integral dos seus colaboradores, os ajudando neste processo”, afirma Jairo Bouer.

 

HSPW é uma plataforma que usa ciência de dados em tempo real para avaliar a saúde física, mental, financeira e organizacional dos colaboradores das empresas. Com metodologias científicas desenvolvidas pela empresa em Santa Catarina, a plataforma oferece auxílio preciso às hipóteses diagnósticas. Trata-se de um ecossistema completo de acompanhamento da saúde integral no trabalho, com impacto direto no bem-estar, produtividade e rentabilidade das empresas.


 

Prevenir, identificar precocemente, apoiar e reabilitar

 

Diariamente, utilizando ferramentas de inteligência artificial, algoritmos e big data, os dados dos colaboradores participantes das empresas assinantes da plataforma HSPW são apurados por meio de questionários objetivos e fáceis de serem respondidos, com perguntas diárias, constantes e fracionadas. O colaborador interage via aplicativo ou site, tendo os meios de acesso em notebooks, desktops e smartphones. As perguntas são adequadas às expectativas da empresa, demonstrando ênfase nos valores da organização. Os relatórios gerados de saúde integral ajudam as empresas a entregar cuidado, atenção, prevenção e suporte aos funcionários e familiares.

 

 

https://www.hspw.com/ e www.instagram.com/hspwpeople


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