Pesquisar no Blog

segunda-feira, 29 de maio de 2023

4 dicas de como fazer o networking dar certo


O período de pandemia e isolamento social mudou a forma de trabalhar dos brasileiros, além de abrir novas oportunidades e perspectivas de trabalho. Para se ter ideia, uma pesquisa da FIA Employee Experience (FEEx), com dados colhidos no segundo semestre de 2020 a partir de questionários respondidos por 213 empresas em todo o território nacional, aponta que 90% das empresas aderiram a alguma modalidade de home office. Além disso, somente 43% das empresas ofereciam alguma opção de trabalho à distância antes da pandemia.

 

As pessoas também começaram a buscar novas formas de negócios para se reinventar profissionalmente em meio a tantas mudanças causadas pela pandemia. De acordo com o Mapa de Empresas, do Ministério da Economia, no fim do terceiro quadrimestre de 2020 existiam 11 milhões MEIs ativos no Brasil. Em março deste ano, eles já respondiam por 56,7% do total de negócios em funcionamento no país.

 

A pandemia mudou a vida e os negócios como os conhecemos, e deixou ainda mais claro que para quem quer seguir adiante e se dar bem na carreira, é importante entender a melhor forma de criar conexões com as pessoas.

Os líderes das empresas estão começando a perceber que a implementação eficaz da tecnologia é absolutamente crítica agora. A implementação e o aumento do home office é apenas uma das inúmeras provas de que não há como sobreviver, em tempos pós pandêmicos, sem estar conectado com a cultura do trabalho digital. 

É importante entender que o gênio saiu da garrafa e é provável que muitas pessoas adotem uma abordagem híbrida para suas redes de trabalho, mesmo após a pandemia. À medida que isso acontecer, nós veremos mais networking de negócios ocorrendo por meio de algum tipo de formato de realidade mista, que irá globalizar o mercado.

Entretanto, por mais que o virtual possa funcionar, ainda acredito que algumas coisas têm um melhor resultado presencialmente. Quando falamos de networking, as reuniões cara a cara são mais adequadas e não vão desaparecer completamente. Isso porque, quando trabalhamos com networking, estamos falando sobre como cultivar e colher relacionamentos com as pessoas. É sobre se relacionar, não fazer negócios.

Para quem deseja fazer um networking que dê resultados, listo algumas dicas:

 

Não vá direto para o modo de vendas: as pessoas tentam pular a visibilidade e a credibilidade para chegar ao momento da lucratividade com mais rapidez. Isso acontece o tempo todo, principalmente nas redes sociais. As pessoas se conectam e no dia seguinte estão vendendo seus produtos e serviços.

A realidade é que isso são vendas, não networking. É preciso ter uma conexão verdadeira ou ajudar alguém antes de pedir algo. As pessoas costumam dizer que perguntar nunca é demais, mas estão erradas. Pode doer e as coisas podem dar errado se você perguntar muito cedo.

 

Leve em consideração o “efeito borboleta”: quando falamos em efeito borboleta, é algo simples e fácil de se entender. Você não sabe quem as pessoas conhecem, então apenas entre em contato com alguém para construir um relacionamento. É preciso ter um ponto de partida para conhecer as pessoas.

Conhecendo alguém em uma reunião ou evento, ela pode te indicar para outras pessoas e, dessa forma, você vai construir relacionamentos sem saber onde esse efeito borboleta pode te levar, mas mudando a vida dos seus negócios.

 

Fale com as pessoas: quando se trata de networking, é importante falar com as pessoas e pensar em maneiras criativas de construir o seu negócio. Dedique tempo aos relacionamentos que você já tem. Estenda a mão e pergunte se elas estão bem, se há algo que você pode fazer para ajudá-las.

A correria do dia a dia nos faz pensar que nunca há tempo para fazer networkings, mas na realidade sempre há. Não é tarde demais para começar a construir sua rede agora, uma pessoa de cada vez.

 

Lei da Reciprocidade: é importante ter a visão de que a confiança colaborativa é a moeda mais valiosa nos negócios, nos relacionamentos e na vida. O marketing de referência e indicações nunca foram tão importantes quanto nos dias de hoje, em que as empresas precisam conquistar novos clientes, presencial ou remotamente, para não colocar em risco a sua operação.

Os empreendedores precisam aprender os benefícios da filosofia “Givers Gain”, ou seja, “se eu lhe ajudar indicando negócios, você vai se interessar em me ajudar também”. É a Lei da Reciprocidade em ação no mundo dos negócios. 

 

Mara Leme Martins - PhD e VP BNI Brasil - Business Network International, a maior e mais bem-sucedida organização de networking de negócios do mundo.


Google impulsiona RCS para reforçar evolução do SMS

Nem todos já o conhecem pelo seu devido nome, mas algo é fato: o RCS (Rich Communicaton Service), novo sistema de mensageria do Google, está dando muito o que falar. Ao longo do mais recente evento organizado pela big tech neste mês de maio, o Google I/O 2023, foi divulgado que este protocolo de comunicação atingiu a marca dos 800 milhões de usuários mensais ativos em todos o mundo, sendo 300 milhões só esse ano. Muitas expectativas estão cercando este tema – mas, afinal, o que está o tornando tão popular?

Tido pelo próprio Google como sucessor do antigo padrão SMS, o RCS representa um protocolo de comunicação mais seguro e completo entre operadoras de telefonia móvel, no qual é possível enviar mensagens mais ricas, interativas e personalizadas a partir de um conjunto de textos, imagens, gifs e carrosséis ao mesmo tempo. Todos os textos contêm um selo de autenticidade assegurado pelo próprio Google, contendo a logomarca e nome da empresa verificados para assegurar o destinatário sobre quem o está contatando.

Apesar de ainda só estar disponível para Android, a big tech não vem poupando esforços para reforçar seus benefícios de incorporação a todos os dispositivos. Tanto é que, ainda durante o I/O, reforçou que atualizou a tecnologia de SMS e MMS para o RCS. Na prática, a mudança permitirá que todos os dispositivos Android estejam aptos a receber e utilizar este protocolo de comunicação – reforçando, sobretudo, os diferenciais deste novo sistema de mensageria perante os outros existentes no mercado.

Em um comunicado oficial do vice-presidente de gerenciamento de produtos da empresa, Sameer Samat, há uma forte expectativa de que todos os sistemas operacionais consigam adotar o RCS, unificando os usuários em uma mesma comunidade de mensageria sem barreiras tecnológicas no acesso a um serviço seguro e de qualidade. Mas, esta parece ser uma realidade ainda distante, considerando que a Apple se mostra contrária à esta adoção ao iMessage, justificando a falta de interesse de seus clientes ao padrão.

Mesmo diante desta recusa, as novidades apresentadas no evento reforçam os altos investimentos do Google na expansão de seu protocolo, almejando que empresas e pessoas possam se comunicar de forma mais simples, eficiente e segura, independentemente do dispositivo utilizado. Tanto é que, a estimativa para o final deste ano, é de que a quantidade de usuários ativos neste sistema chegue à marca de 1 bilhão.

O RCS chegou oficialmente ao mercado há pouco tempo, tendo sido lançado em 2020. Mas, muitos avanços e vantagens se tornaram notáveis ao incorporá-lo, especialmente na manutenção de uma comunicação mais próxima e personalizada entre as empresas e seus clientes. Em um mundo omnichannel, onde a integração de diferentes canais se mostra uma adaptação necessária para elevar a satisfação dos consumidores em sua jornada de compras, a presença destas características é algo crítico para impulsionar o engajamento entre as partes.

A substituição do SMS por um recurso mais seguro e completo é uma demonstração importante do potencial de impacto do RCS no mercado, o evidenciando como um dos canais mais positivos de se investir para uma comunicação mais enriquecida para todos. Sua expansão já está ocorrendo em passos largos, com fortes expectativas de que se torne, logo menos, uma das maiores tendências no mercado de mensageria global.

 

Thiago Gomes - Diretor de Customer Success da Pontaltech, empresa especializada em soluções integradas de voz, SMS, e-mail, chatbots e RCS.

 

Prints do WhatsApp: a prova que não prova nada! Descubra a solução

Nem sempre é fácil provar a verdade em um processo judicial, principalmente quando essas provas são constituídas de mensagens trocadas em aplicativos como o WhatsApp.

Para entender melhor o nosso tema, é importante destacar a relevância das provas no ambiente jurídico. Quando você tem uma disputa com o seu vizinho ou quando uma empresa não cumpre um serviço prometido, por exemplo, a prova é o que define quem está com a razão.

Com o advento das tecnologias digitais, a forma como nos comunicamos mudou drasticamente. Hoje, grande parte da nossa comunicação passa pelo WhatsApp, Facebook ou outros aplicativos de mensagens instantâneas. Mas, será que essas conversas são válidas como provas?

Muitos clientes chegam aos escritórios de advocacia com uma série de mensagens no WhatsApp, esperando que isso seja o suficiente para comprovar o seu caso. No entanto, a grande verdade é que nem sempre esses prints (impressões) são aceitos como provas válidas.

O principal motivo para isso é que, ao receber um print de uma conversa, o juiz não tem como ter certeza de que aquela conversa não foi alterada ou manipulada de alguma forma. De fato, é fácil fazer uma edição em um print de WhatsApp, omitindo partes fundamentais ou alterando o contexto da conversa.


A ata notarial: uma solução válida

Felizmente, existe uma solução para esse problema: a Ata Notarial, que é um documento público produzido em um cartório extrajudicial, no qual o tabelião certifica a validade de um documento ou situação.

Ao produzir uma Ata Notarial, você está dando veracidade às informações dos prints. Isso significa que você está dizendo ao juiz: “Esses prints têm validade jurídica como prova, pois a Ata Notarial demonstra que não houve nenhuma alteração. Essa conversa é a realidade do que aconteceu”.

Agora que você já sabe o que é a Ata Notarial e porque ela pode ser útil, deve estar se perguntando: “Quando devo usar a Ata Notarial?” A resposta para essa pergunta depende de alguns fatores. Primeiro, você precisa considerar o valor do seu processo. Lembre-se de que a Ata Notarial tem um custo e, embora você possa requerer que a outra parte seja condenada a te restituir esse valor, você terá que desembolsar inicialmente esse dinheiro.

O segundo fator é a importância da prova para o seu caso. Aqui, a análise do seu advogado é fundamental. Ele será capaz de determinar até que ponto aquela prova fará realmente diferença para comprovar o que você está alegando no processo.

Para exemplificar melhor, imagine um caso em que um cliente fez um acordo informal com um vendedor de carros. O vendedor não cumpriu o acordo e o cliente tinha várias mensagens no WhatsApp que poderiam comprovar a sua versão dos fatos. Nesse caso, a elaboração da Ata Notarial foi fundamental para demonstrar ao juiz que o acordo de fato existiu.

Com base nas conversas no WhatsApp foi possível mostrar que o vendedor assumiu a dívida, comprometendo-se a pagar em uma data específica. Graças à Ata Notarial, todas as alegações do vendedor de que não havia prometido uma data específica ou que o carro não tinha sido vendido foram derrubadas.

De maneira resumida, você deve considerar a utilização da Ata Notarial quando o valor do seu processo for maior do que o custo para elaborar a Ata e quando a prova for essencial para o seu processo.

Lembre-se: muitas vezes, os custos do processo podem ser maiores do que o seu pleito. E nem sempre é necessária uma prova robusta para vencer o processo. Por isso, é importante fazer uma análise cuidadosa antes de recorrer à Ata Notarial.

 

Philipe Monteiro Cardoso - advogado, autor, palestrante e sócio fundador da Cardoso Advogados Associados. É pós-graduado em Direito Civil , LGPD, e criador do sistema de ensino Direito em Curso e Adequar LGPD. Para mais informações, acesse https://cardosoadv.com.br/ ou pelas redes sociais @cadv.ph

 

Progresso x preservação: o impasse entre IBAMA e Petrobras

Há mais de uma década, comenta-se sobre o enorme potencial petrolífero na Margem Equatorial do Brasil, onde, a partir do Norte, encontram-se as bacias Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar. Entretanto, durante este período, apesar dos inúmeros poços perfurados na região até 2011 (a grande maioria em águas rasas), pouco resultado foi alcançado no sentido de confirmar o potencial petrolífero do local.

Mais um capítulo desta novela se iniciou recentemente. No último dia 17 de maio, o IBAMA indeferiu licença solicitada pela Petrobras para atividade de perfuração marítima no bloco FZA-M-59, na bacia da foz do Amazonas. Importante destacar que o bloco está localizado a uma distância de 175 quilômetros da costa do Amapá, a mais de 500 quilômetros da foz do rio, e encontra-se em águas ultra profundas.

É a segunda negativa para atividades de perfuração na região. Em 2018, o IBAMA também negou a solicitação de emissão de licença para os cinco blocos sob controle da empresa TotalEnergies, que resultou na desistência da empresa na exploração da Margem Equatorial no lado brasileiro. Acreditando no potencial da região, a empresa investiu na exploração na bacia Guiana-Suriname, e tem prosperado com resultados promissores, com descobertas desde janeiro de 2020, no Bloco B58.

O processo de licenciamento ambiental do bloco FZA-M-59 teve início em 2014. Na época, a solicitação foi feita a pedido da BP Energy do Brasil, que não prosperou. A empresa era originalmente operadora do projeto, com 70% de participação no consórcio e a Petrobras com 30%. Assim, com a desistência da BP Energy, no final de 2020, os direitos de exploração de petróleo no bloco foram transferidos integralmente para a Petrobras.

Importante ressaltar que no pedido de licenciamento negado na semana passada pelo IBAMA, a Petrobras havia solicitado tão somente a realização de uma avaliação pré-operacional (APO), que consiste em uma simulação de emergência e não a licença propriamente dita para exploração da região. Ou seja, nem realizar estudos preliminares para avaliar o potencial da riqueza a ser explorada, está sendo autorizado.

A Petrobras tem em seu plano estratégico 2023-2027 uma previsão de investimentos de cerca US$ 3 bilhões destinados à exploração na Margem Equatorial. Isto significa que, já com a iniciativa de pesquisa cientifica/exploração, a região da Margem Equatorial será beneficiada com aumento da atividade econômica, geração de empregos, aumento da renda e crescimento socioeconômico.

Espera-se que os resultados exitosos desta campanha exploratória possam transformar a região em um “novo pré-sal brasileiro”, com benefícios incalculáveis para a sociedade, para o setor de petróleo e gás natural e para o Brasil. Do ponto de vista da segurança energética, o êxito na Margem Equatorial seria transformacional e, ainda, incrivelmente importante para a transição energética, já que recursos poderiam ser direcionados para pesquisas e projetos de energia renovável.

Estudos geológicos preliminares sugerem que essa nova fronteira de exploração tenha a possibilidade de produzir de 5 a 7,5 bilhões de barris de petróleo recuperáveis, se considerado um fator de recuperação de 25%. Ou seja, pode existir um volume inicial in situ de 20 a 30 bilhões de barris de petróleo.

No âmbito das preocupações levantadas pelo IBAMA, de fato, não foram realizadas avaliações ambientais de área sedimentar (AAAS) para a bacia da foz do Amazonas. Esta avaliação é uma análise ampla, estratégica e bem detalhada que permite identificar áreas em que não seria possível realizar atividades de extração e produção de petróleo e gás em razão dos graves riscos e impactos ambientais associados.

Ainda segundo o IBAMA, a bacia da foz é considerada uma região de extrema sensibilidade socioambiental e, por isso, existe a necessidade de uma AAAS. O órgão cita unidades de conservação, terras indígenas, mangues, formações biogênicas de organismos, como corais e esponjas, além de grande biodiversidade marinha com espécies ameaçadas de extinção.

Porém, considera-se que este estudo não seja um impeditivo para liberar a licença para exploração, pois, segundo parecer do próprio IBAMA, de janeiro de 2023, o órgão informa que “não há instrumentos jurídicos para justificar a recomendação de não emissão de licenças ambientais de perfuração exploratória até que seja realizada uma avaliação ambiental estratégica – como a AAAS.”

Considerando todo o histórico e as ponderações de lado a lado, é preciso que o diálogo continue de forma construtiva entre todos os envolvidos para que se possa desenvolver uma visão estratégica de longo prazo com o objetivo de explorar esta riqueza de forma sustentável. Não há dúvidas de que o IBAMA está legitimamente buscando proteger nossas riquezas naturais. Assim como também é legitimo dizer que o povo do Amapá e a sociedade brasileira podem ter a oportunidade de buscar o desenvolvimento econômico sustentável da região, especialmente, se confirmado o potencial petrolífero na campanha exploratória.

Por mais que se tenha todo cuidado para prevenir acidentes, os riscos e impactos ao meio ambiente de qualquer atividade produtiva sempre existe. E, o que se espera é minimizar estes riscos com diversas atividades preventivas e de contingência vis a vis com os benefícios gerados para a sociedade. A Petrobras é reconhecida nacional e internacionalmente pelo excelente histórico na prevenção de acidentes e atividades de contingenciamento, já que utiliza padrões muito rigorosos de segurança operacional e proteção ao meio ambiente.

Importante lembrar que, não muito longe da fronteira do Brasil, do lado da Guiana-Suriname, já existem diversas empresas operando na exploração e produção de petróleo de forma segura e com resultados expressivos. A ExxonMobil, por exemplo, espera alcançar uma produção de cerca de 500 mil barris/dia este ano e cerca de 1.2 milhões de barris em 2027.

Outro fator importante a ser considerado é que, do lado brasileiro da Margem Equatorial deveria existir planos de contingência e proteção ao meio ambiente, caso ocorra algum acidente do lado da Guiana-Suriname. Porém, somente conseguimos isso de forma efetiva com empresas operando na exploração/produção de petróleo do lado brasileiro.

O processo decisório de concessão de uma licença ambiental não pode ficar restrito aos aspectos técnicos socioambientais, especialmente, em casos de grande relevância para o desenvolvimento econômico do país. A exploração na Margem Equatorial, certamente, é um projeto estratégico e de grande relevância, portanto, precisa ser avaliado por um conselho multidisciplinar, à exemplo do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), e com anuência, em última instância, do chefe do executivo e de seu governo, por se tratar de um projeto de estado.

É preciso modernizar o marco legal do licenciamento ambiental para reduzir a burocracia e equilibrar o processo decisório e de governança, para, assim, simplificar, agilizar e padronizar os procedimentos para diferentes tipos de licenciamento ambiental em todo o país.

Nada mais importante – especialmente considerando a conjuntura geopolítica para a segurança/transição energética e desenvolvimento socioeconômico do país – do que conhecer seu potencial energético e explorá-lo de forma sustentável.

Os recursos provenientes da exploração de combustíveis fosseis podem acelerar a transição energética, ajudar na preservação do meio ambiente e criar condições diferenciadas no desenvolvimento econômico da margem equatorial e do país. Há quem diga que o maior inimigo do meio ambiente é a proliferação da pobreza e do atraso no desenvolvimento econômico.

 

Felipe Kury - ex-diretor da ANP – Agência Nacional de Petróleo e consultor independente.

 

Trabalho X inteligência artificial e a automação: sua carreira está em risco?

Pesquisa indica que 300 milhões de empregos devem ser impactados até 2023; neste panorama, como os profissionais de hoje devem agir para se manterem essenciais?


A automação e o uso da inteligência artificial está cada vez mais difundida e pode impactar até 300 milhões de empregos no mundo nos próximos anos, é o que indica a projeção da Goldman Sachs. O relatório, divulgado em abril deste ano, mostra também que 18% do trabalho realizado em todo o mundo poderá ser informatizado, com maior impacto em economias avançadas e em trabalhos intelectuais como os administrativos e de advocacia.

Para o consultor de carreira da ESIC Internacional, Alexandre Weiler, a inteligência artificial já vem mostrando que veio para ficar e para mudar radicalmente a maneira como vemos o trabalho hoje. “A grande pergunta que fica no ar é: como os profissionais de hoje irão se manter essenciais dentro das corporações e em seus escopos de trabalho? Se antes a gente achava que a automação iria apenas substituir trabalhos repetitivos, hoje, com o ChatGPT, vemos que vários trabalhos antes ligados à produção intelectual e de criação também foram brutalmente impactados”, conta.

Ainda segundo a pesquisa da Goldman Sachs, a perda de empregos nos moldes de hoje é inevitável, porém, historicamente, isso não é novidade, já que inúmeras vezes a humanidade foi impactada pelos avanços tecnológicos que, a longo prazo, criaram oportunidades e crescimento de empregos. “Podemos projetar uma mudança nos locais de trabalho e na forma de trabalhar, mas a verdade é que a AI tem forte potencial de aumentar a produtividade no ambiente de trabalho, uma vez que cria novas oportunidades e, na maior parte das situações pode ser vista mais como uma auxiliar do que uma substituta direta. Neste contexto, os profissionais que souberem fazer uso da tecnologia terão mais tempo para se dedicar a tarefas estratégicas e que envolvam inovação e/ou resolução de problemas inusitados”, conta o consultor.

 

O profissional do futuro

Um estudo da McKinsey sobre automação do trabalho, apontou que até 2030 cerca de 6 em cada 10 ocupações atuais poderão ser automatizadas, causando transformação significativa nos postos de trabalho. Porém, o mesmo estudo indica que cerca de 9% da força de trabalho terá novas ocupações. “O mercado de trabalho vem mostrando a necessidade de termos mão de obra especializada em programação e desenvolvimento, porém quando olhamos para o consumo de bens e serviços notamos a necessidade das pessoas em ter trocas humanas e que envolvam a emoção. Não à toa a busca por profissionais de marketing, psicologia e vendas, os chamados ‘front office’ também é cada vez maior”, conta Weiler

Além disso, estudos indicam que no futuro deve haver uma separação mais clara entre trabalho de máquina e trabalho de pessoas, o que tornará o processo de produção mais complexo, porém mais coerente, onde os humanos poderão dedicar tempo a melhorar as experiências, os relacionamentos, a geração de emoções e a fidelização de clientes, pontos que não podem ser substitutos por uma máquina. “É possível que no futuro as máquinas estejam 100% focadas em oferecer agilidade às tarefas do nosso dia a dia, otimizando tempo, facilitando processos, melhorando a gestão, coletando dados e fornecendo indicadores que ajudam nas tomadas de decisões. O ponto forte está na possibilidade da união da eficiência e do dinamismo da automação com as skills de pensamento cognitivo e senso crítico dos humanos. Existe a oportunidade real de criar uma harmonia maior na forma de produzir e trabalhar. Resta a pergunta: iremos aproveitar estas oportunidades?”, finaliza o consultor.

 

Especialista destaca a importância e as diferenças das certificações para data centers

Normas consideradas fundamentais para as operações em nuvem vão desde padrões de tratamento de dados a requisitos para o meio ambiente


A tecnologia possui um papel crítico para o dia a dia das pessoas. Segundo o levantamento Insights Report, da Assespro-PR (Associação de Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação), o Brasil registrou, de 2012 a 2022, um aumento de 43% das empresas em atividade no setor de TI. Com essa ascensão, os data centers encaram um vasto crescimento das suas atividades – eles fornecem espaço físico, energia, resfriamento e conectividade para uma ampla variedade de equipamentos tecnológicos. Nesse sentido, a ODATA, provedora de data centers para a América Latina, elenca as principais certificações que ajudam as companhias do setor a enfrentar os desafios que as suas operações possuem.

“Na tecnologia, há uma infinidade de padrões e normas de referência que as organizações devem se atentar e, em muitos casos, considerar como obrigatoriedade para as suas atividades”, comenta Carlos Salata, Gerente da Qualidade da ODATA. Salata ressalta ainda que, antes mesmo de inaugurar as operações de um centro de processamento de dados, o local deve atender a requisitos inclusive ambientais. “Estamos falando de infraestruturas que impactam significativamente o meio ambiente, desde a sua construção com os resíduos de obras gerados e a escolha inteligente de materiais até a operação do data center. Isso porque elas são grandes consumidoras de energia e contribuem para a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera”, acrescenta.

Abaixo, o especialista da ODATA, elenca algumas das principais certificações do setor:


  1. Gestão ambiental e sustentabilidade

Voltada à gestão ambiental, a ISO 14001 avalia os efeitos do data center no meio ambiente e incentiva a adoção de ações sustentáveis em todas as áreas do empreendimento. Essas práticas contemplam desde a concepção do design dos prédios a soluções tecnológicas que eles dispõem para reduzir os impactos na atmosfera e o desperdício hídrico para o resfriamento interno.

“Além da ISO 14001, a LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é outra autenticação sustentável considerada indispensável para grandes estruturas de TI. Na prática, ela consiste em um sistema de certificação que avalia o desempenho ambiental de edifícios, incluindo data centers. A LEED incentiva práticas como o uso eficiente de energia, gerenciamento de resíduos e uso de materiais sustentáveis”, explica Salata.

Desenvolvida pela Underwriters Laboratories (UL), a certificação Zero Waste é mais um padrão reconhecido internacionalmente e que define critérios e diretrizes para a gestão ambiental. A certificação se concentra em incentivar práticas sustentáveis e responsáveis a partir da redução, reutilização e reciclagem de resíduos gerados pelas operações de grandes estruturas, como data centers.

“Como essas instalações geram resíduos e são grandes consumidores de recursos como energia e água, a certificação Zero Waste se torna uma solução crucial para sites de todos os portes. Para implementá-la, é necessário estabelecer controles que contribuirão para a destinar os resíduos e a reciclagem de materiais de maneira correta. Isso pode incluir resíduos orgânicos para compostagem, materiais recicláveis como papel, papelão e plásticos, equipamentos eletrônicos como cabos e baterias, além de resíduos de construção dos data centers”, explica o especialista.


  1. Privacidade e segurança dos dados

Já para o tratamento dos dados, entre as certificações mais importantes estão a SOC 1, SOC 2, ISO 27001 e PCI-DSS. A certificação SOC 1 é importante para garantir que os controles internos do data center sejam adequados para proteger os dados financeiros dos clientes. A SOC 2, por sua vez, avalia a eficácia desses controles internos da infraestrutura em relação à segurança, disponibilidade, confidencialidade e privacidade dos dados.

“Também devemos destacar a ISO 27001, que garante que o data center atenda aos requisitos de segurança da informação em todas as áreas do negócio”, diz Salata. De forma geral, a norma é o padrão e a referência internacional para a gestão da segurança da informação, considerada uma certificação indispensável para qualquer atividade que envolva tecnologia da informação. Visando a detecção de riscos, a norma também propõe a criação de estratégias para mitigá-los e a implementação de medidas de proteção eficientes.

Por fim, a certificação PCI-DSS é uma norma para o processamento de informações de cartões de crédito. Ela é uma exigência que tem como premissa assegurar que o data center adote as medidas necessárias para proteger os dados sensíveis de usuários no processamento de transações financeiras com o uso de cartão na internet. “Esse é o caso de muitos clientes dos data centers. Com isso, são preservadas pelo PCI-DSS informações como número, senha, código de segurança, data de validade, entre outras informações dos cartões utilizados nas transações”, ressalta o especialista.


  1. Gestão de qualidade e gerenciamento de serviços

Em termos de gestão de qualidade, há duas certificações muito recomendadas e buscadas pelas provedoras de data centers. A ISO 9001 e a ISO 20000-1 são dois exemplos de normas que ajudam as empresas a padronizarem os processos, melhorarem a eficiência e a satisfação do cliente, além de garantir que os serviços de TI sejam entregues com qualidade e eficiência.

“Assim como em qualquer outro mercado, os data centers também devem prezar pela qualidade dos serviços realizados. Em vista disso, a ISO 9001 e a ISO 20000-1 devem ser prioridades para as provedoras dessas estruturas antes de colocar em prática as suas atividades”, alerta Salata. “E mesmo após a inauguração das operações de um prédio, é imprescindível que sejam executadas auditorias regulares para confirmar que eles estão atendendo aos requisitos estabelecidos.”

Os data centers que possuem a certificação ISO 9001 demonstram que possuem processos uniformes e bem gerenciados, o que aumenta a confiança dos clientes e parceiros. “Isso também vale para a ISO 20000-1, que estabelece requisitos para o gerenciamento de serviços de TI, incluindo a coordenação de incidentes, problemas e mudanças”, diz o especialista.

Segundo Salata, essas duas certificações se diferem principalmente em termos de escopo e foco. De modo geral, enquanto a ISO 9001 estabelece requisitos para a satisfação do cliente e na melhoria contínua da qualidade em geral, a ISO 20000-1 se concentra especificamente nos serviços de TI – para garantir que eles sejam entregues de forma consistente, confiável e de acordo com os requisitos dos clientes.

Obter essas certificações é fundamental para demonstrar a capacidade do data center em proteger as informações dos clientes e atender aos padrões de segurança exigidos pelo mercado. Além disso, de acordo com o especialista, as certificações podem aumentar a confiança dos clientes e melhorar a posição competitiva da empresa no mercado.

Em 2022, a provedora de data centers ODATA já anunciou a conquista das certificações ISO 9001, ISO 20000-1 e ISO 27001 para os serviços de Colocation de seu site QR01, em Querétaro, no México, e em 2023 no seu site ST01, em Santiago, no Chile. Já para o decorrer do ano, a companhia tem a expectativa de concluir o processo de certificação da unidade de Santiago para SOC 1 e PCI-DSS.

 

ODATA - empresa da Aligned Data Centers
https://odatacolocation.com/

 

Imposto de Renda 2023: Leis de Incentivo beneficiam contribuintes brasileiros

 As doações podem alcançar entre 6% e 9% do imposto devido para fundos variados, dentre eles projetos sociais e educacionais

 

No próximo dia 31, quarta-feira, a Receita Federal encerrará o prazo para o recebimento da Declaração do Imposto de Renda de 2023. Para as pessoas físicas e jurídicas que destinaram recursos para projetos sociais, culturais e esportivos pelo Brasil afora, ainda dá tempo de se beneficiar das Leis de Incentivo Fiscal. Mecanismo pelo qual o Governo brasileiro abre mão de uma parcela dos impostos devidos de pessoas físicas e jurídicas. 

Atualmente, o incentivo é válido somente para pessoas físicas que fazem a declaração do IR pelo modelo completo, que podem doar até 6% do imposto, com a possibilidade de ganhar uma redução ou aumento do valor a restituir.  

Já as pessoas jurídicas que tenham Imposto de Renda a pagar, cujo resultado tenha sido apurado com base no Lucro Real podem doar até 9%. Lembrando que, a apuração do Lucro Real pode ser de forma trimestral ou anual. 

Esses subsídios abrangem o âmbito estadual e federal. Para atender às regras impostas, as doações devem ser feitas diretamente para:

  • Fundos do Idoso;
  • Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente;
  • Projetos de caráter cultural e artístico, autorizados pelo Ministério da Cultura;
  • Projetos desportivos e paradesportivos, autorizados pelo Ministério do Esporte;
  • Projetos executados por entidades que implementam o Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica – PRONON, ou o Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência – PRONAS/PCD.

O Projeto Aprendizes - Digital é um exemplo de entidade beneficiada por recursos de pessoas jurídicas. Realizada pela agência Muda Cultural, a iniciativa está em sua 3ª edição e se propõe a viabilizar os direitos de crianças e adolescentes por meio da inclusão digital, artística e cultural.

Apoiado pela Lockton, maior corretora e consultoria independente de seguros do mundo, e pela The LYCRA Company, empresa americana do setor têxtil, dona da marca LYCRA®, o Projeto Aprendizes - Digital é patrocinado pela petroquímica Braskem

O projeto tem como objetivo despertar novas possibilidades para o fazer criativo infantojuvenil. Para tanto, utiliza ferramentas do meio digital para a promoção da arte e da cultura, com oficinas presenciais com foco em conceitos básicos sobre robótica, programação e sua ampla atuação no campo das artes visuais. 

“É justo que crianças e adolescentes brasileiros tenham acesso à educação digital, por isso acreditamos no Projeto Aprendizes - Digital. Muitos países associados à Organização das Nações Unidas (ONU) já adotam esse tipo de formação como premissa básica e primordial ao seu sistema educacional”, pondera Glauco Ormond, Head de Marketing da Lockton.

O projeto atua dentro de instituições de ensino público e tem duração de um ano. Acolhendo em média 200 alunos, a iniciativa também contribui para a formação de professores que, no futuro, serão agentes multiplicadores de conhecimento, criando um ecossistema de oportunidades para ensinar e aprender. 

Ao longo deste ano, serão ministradas oficinas semanais de robótica em duas escolas da rede pública, uma na cidade de São Paulo, na escola EE Prof. Sebastião de Souza Bueno, no bairro Vila Medeiros, que acolherá alunos do 9º ano do Fundamental 2 e do 1º e 2º do ensino médio. 

A outra escola fica no estado do Rio Grande do Sul, cujos os beneficiados estão na cidade de Nova Santa Rita, favorecendo alunos do 3º ao 5º ano do ensino fundamental da EMEF Santa Rita de Cássia. Já o corpo docente fará encontros semanais para aperfeiçoamento e melhorias no desempenho da prática pedagógica.

Para o gestor cultural da Muda Cultural, Ítalo Azevedo, o projeto visa potencializar as novas gerações a serem construtoras de conhecimentos e desenvolvedoras de tecnologias. “Com a iminente incorporação da computação à grade regular, a alfabetização digital oferecida pelo projeto a docentes e alunos é o pontapé inicial para que as escolas estejam na vanguarda de instituições do ensino público”, explica.


Governança que gera impacto no S de ESG

Meio ambiente, social e governança. É assim a tradução em inglês da sigla ESG (Environmental, social and Governance). Há algum tempo, essas letras ganharam visibilidade e, cada vez mais, estão substituindo a palavra sustentabilidade no universo corporativo.

Na Lockton, por exemplo, esse envolvimento social abrange fortemente iniciativas relacionadas à educação. Atualmente, duas entidades voltadas para atividades educacionais recebem o incentivo por parte da corretora, o Projeto CRIAR e a HURRA!.

Em um mundo que está em constante transformação, o Projeto CRIAR pertence ao Centro de Referência e Inovação Ana Rosa e tem como objetivo desenvolver nos adolescentes as competências necessárias para a vida em sociedade. A iniciativa combina empatia, criatividade e racionalidade para encontrar soluções nos problemas do cotidiano.

Já a HURRA! é uma associação sem fins lucrativos que atua em escolas da rede pública, utilizando o esporte, nas modalidades de Rugby e Golfe, como ferramenta de educação e valores de cidadania. Em sua história, a organização capacitou mais de 700 professores e impactou mais de 60 mil crianças e jovens. 

De acordo com Ormond, a responsabilidade social é um elemento vital da cultura da Lockton. “Trabalhamos com vários projetos sociais espalhados pelo Brasil, América Latina e USA. Nosso foco como companhia é dar o máximo de apoio possível à sociedade e às diversas causas sociais que a beneficiam”, afirma. 


Para além das esferas de incentivo fiscal

Outros projetos que saem do escopo educacional e fazem parte do grupo de ações sociais promovidos pela Lockton, são: o Adote um leito e o projeto Sala Cirúrgica Inteligente, ambos na área da saúde.

Atualmente, o projeto Adote um leito disponibiliza equipamentos, mobiliários e outros recursos de infraestrutura, como: materiais, insumos e profissionais necessários na assistência à saúde de qualidade, humanizada e assertiva para milhares de idosos do Hospital de Base de São José do Rio Preto. A iniciativa tem como proposta garantir a sustentabilidade para o dia a dia das Unidades de Geriatria e de cuidados paliativos. 

Já o projeto Sala Cirúrgica Inteligente oferece ao paciente oncológico, de qualquer idade, atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Instituto do Câncer (ICA-HB), a possibilidade de realizar cirurgias minimamente invasivas, com os melhores recursos tecnológicos.

Para o executivo da Lockton, o incentivo fiscal é apenas um mecanismo que viabiliza o retorno de parte desses investimentos ou maior beneficiado com a adoção dessas práticas é o cidadão brasileiro. “Essas iniciativas servem, acima de tudo, como uma maneira de retribuir à sociedade todo o bem que ela também nos propicia”, conclui Ormond.

 

The LYCRA Company
www.thelycracompany.com [thelycracompany.com]

.

Insultos racistas no esporte: professor de Direito Penal do CEUB analisa as leis de combate ao racismo diante do caso Vini Júnior

Atleta brasileiro sofreu discriminação racial em jogo contra o Valencia e relatou uma série de insultos em partidas esportivas

 

O atacante brasileiro Vinicius Junior, do Real Madrid, enfrentou insultos racistas durante um jogo contra o Valencia, neste domingo (21), o que resultou na interrupção da partida por alguns minutos e expulsão do jogador após confusão. Esses incidentes recorrentes mostram a seriedade do problema da discriminação racial no esporte. Partindo de uma compreensão jurídica sobre tais crimes, Victor Quintiere, professor de Direito Penal do Centro Universitário de Brasília (CEUB), comenta as leis relacionadas ao racismo e analisa possíveis repercussões nas legislações europeia e brasileira.


Quais são as principais leis que abordam os crimes de racismo no esporte – na Espanha e no Brasil?


VQ Na Espanha, a proteção internacional contra a violência no esporte, estabelecida pelo Conselho da Europa, foi complementada a partir de 2000 por meio de uma resolução que trata da prevenção do racismo, xenofobia e intolerância no esporte. Também existem recomendações que abordam o papel das medidas sociais e educacionais na prevenção da violência no esporte, bem como um manual de referência sobre o assunto. Outro marco importante é a Instrução Internacional sobre o Tratamento de Todas as Formas de Discriminação Racial, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas por meio da Resolução 2106 de 21 de dezembro de 1965, e ratificada pela Espanha em 13 de setembro de 1968. Essa é uma norma internacional que foi incorporada à legislação espanhola pela Lei 62/2003, que estabeleceu o quadro jurídico para o combate à discriminação racial e étnica em todas as áreas.

Já no Brasil, a Lei 7.716/1989 define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Vale ressaltar que o racismo é uma prática vedada pela Constituição, sendo que o Estado brasileiro se posiciona contrariamente a esse tipo de discriminação. As mudanças recentes introduzidas pela Lei 14.1532/2023, incluem expressamente o crime de injúria racial, antes previsto separadamente no Código Penal, e o Supremo Tribunal Federal tem analisado questões comuns tanto em relação ao racismo quanto à injúria racial.

Ressalto que há diferença entre injúria racial e racismo. No racismo, o objetivo é atingir pessoas de uma determinada etnia ou grupo de forma indiscriminada, enquanto na injúria racial há uma vítima ou vítimas pré-determinadas. Ambos são crimes e devem ser combatidos tanto na perspectiva repressiva quanto preventiva, sendo uma questão de educação da sociedade e da sociedade como um todo.


Quais são as diferenças entre racismo no esporte e outros tipos de racismo? Existem leis específicas que tratam dessas questões?


VQ Em ambos existe um crime configurado, o racismo. No entanto, a grande questão está no modo pelo qual esse crime se manifesta. Por exemplo, na Lei 7.716/1989, no artigo 3º, a conduta é punida com dois a cinco anos de reclusão, que consiste em impedir ou obstruir o acesso de uma pessoa habilitada a qualquer cargo na administração direta ou indireta, bem como em concessionárias de serviços públicos. Essa é uma forma específica de racismo abordada pela lei.

Outra forma de racismo é tratada no artigo 6º da mesma lei, que criminaliza a recusa, negação ou impedimento de inscrição ou ingresso de um aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer grau. Portanto, a lei define uma série de condutas, sejam comissivas ou omissivas, que se configuram como diferentes modalidades de racismo.

No caso de Vinícius Júnior, tratou-se de um crime de racismo praticado no contexto de uma competição esportiva. No Brasil, a lei aborda especificamente o racismo no esporte no artigo 20 e em outros dispositivos. Por exemplo, o artigo 9º trata do crime de impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de diversão ou clubes sociais abertos ao público. Já o parágrafo 2ºA do artigo 20 trata do crime de praticar, induzir ou incitar a discriminação, preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

O parágrafo 2ºA ainda estabelece que se qualquer um dos crimes previstos nesse artigo for cometido no contexto de atividades esportivas, artísticas, religiosas ou culturais, a pena é de dois a cinco anos de reclusão, além de multa, e é imposta também a proibição de frequência aos locais onde ocorrem as práticas esportivas, artísticas ou culturais por um período de três anos, conforme o caso. Essas disposições legais específicas destacam as particularidades e as circunstâncias em que o racismo ocorre no contexto esportivo, com consequências e penas diferenciadas para esses casos.

Quais são as possíveis consequências legais para quem comete de crimes de racismo? Elas variam dependendo da gravidade do ato?
VQ No Brasil esses crimes são punidos com pena de reclusão. Isso significa que, na teoria, a pessoa pode ser submetida à prisão efetiva, sem a possibilidade de conversão da pena em restritivas de direitos. Além disso, é importante ressaltar que o crime de racismo é imprescritível, de acordo com a jurisprudência brasileira e a própria Constituição.

Tanto o racismo, que já está previsto na Constituição, quanto a injúria racial, que foi equiparada a crime de racismo pelo Supremo Tribunal Federal, têm consequências graves legalmente previstas. A gravidade do crime e a quantidade de pena variam de acordo com o caso concreto, e esses aspectos são considerados pelo juiz ou juíza ao determinar a dosimetria da pena.


Como funciona o processo de denúncia de um caso de racismo? Quais são as etapas envolvidas e qual é o papel das autoridades esportivas e das autoridades legais nesse processo?


VQ A vítima deve procurar as autoridades públicas competentes, como a polícia ou o Ministério Público. No Brasil, é iniciada uma investigação com base na denúncia apresentada. Após a investigação, se houver indícios suficientes de autoria e materialidade do crime, o Ministério Público pode oferecer a denúncia contra o acusado. Em seguida, o acusado é intimado a apresentar sua resposta à acusação. Posteriormente, é marcada uma audiência para o julgamento do caso, caso a denúncia seja mantida. Durante a audiência, as partes envolvidas, incluindo a vítima, testemunhas e o acusado, são ouvidas. Ao final do processo, o juiz profere uma sentença, na qual pode condenar ou absolver o acusado com base nas provas e argumentos apresentados durante o julgamento.


Quais são os direitos das vítimas de racismo? Elas podem buscar indenizações ou compensações pelos danos sofridos?


VQ A Lei 7.716 prevê penas privativas de liberdade, que podem incluir a proibição de frequentar determinados lugares. Essas sanções são aplicadas às pessoas físicas envolvidas no crime. Em relação à vítima, ela tem o direito de ver o agressor processado criminalmente pelo crime de racismo. Além disso, no âmbito cível, a vítima pode pleitear indenizações por danos morais decorrentes do episódio de racismo. Tais indenizações podem ser buscadas devido à humilhação e impacto causados, tanto no presente como no futuro, na vida da vítima.

 

Confira seis fatores-chave que indicam que uma empresa terá que se adaptar

Para João Fernando Saddock, negócios não devem apenas reagir a mudanças, mas identificá-las para se antecipar a elas


Companhias de sucesso conseguem adaptar o negócio às diversas circunstâncias do mercado, mas isso só acontece porque elas não apenas reagem às mudanças, elas também as identificam previamente, antecipando-se a elas. 

De acordo com João Fernando Saddock, especialista em inovação e growth marketing e marketing Manager na divisão de educação da H-FARM, maior polo de inovação europeu, localizado na Itália, as empresas que conseguem se adaptar monitoram constantemente o ambiente externo e interno, identificando desafios e oportunidades. “Elas desenvolvem uma cultura organizacional que promove inovação e criatividade, capacitando-as para se adaptar rapidamente e ficar à frente da concorrência”, explica. 

O especialista afirma que as empresas precisam aprender a identificar alguns fatores-chave que podem levar a uma necessidade de adaptação. Esses fatores incluem:

  • Mudanças na tecnologia: Segundo Saddock, a rápida evolução tecnológica pode tornar alguns produtos e serviços obsoletos do dia para a noite. “Os empreendedores precisam estar atentos a essas mudanças e adaptar os negócios para permanecerem competitivos. Isso inclui adotar tecnologias emergentes como inteligência artificial, machine learning, blockchain e Internet das Coisas (IoT), que podem transformar a forma de operar um negócio e interagir com os consumidores”, explica ele. 
  • Tendências de mercado: Mudanças na demanda do consumidor, concorrência e ambiente regulatório são pontos que podem impactar um negócio, por isso as empresas precisam monitorar as tendências e ajustar as estratégias; “Isso pode significar diversificar produtos e serviços, mudar canais de distribuição e expandir para outros mercados, entre outros pontos”, analisa Sadock. 
  • Mudanças sociais e geopolíticas: Segundo o especialista em inovação, eventos como guerras, crises financeiras e mudanças demográficas também podem afetar um negócio e indicar que ele precisará se adaptar. “As companhias devem estar preparadas em cenários assim. Pode ser necessário, por exemplo, diversificar o negócio geograficamente e adaptar as operações”. 
  • Mudanças ambientais: A necessidade cada vez maior da adoção de práticas sustentáveis requer que companhias se adaptem para reduzir os impactos ao meio ambiente e atender às expectativas do consumidor. “Isso pode incluir o desenvolvimento de produtos eco-friendly e a incorporação de valores ambientais”, afirma.  
  • Mudanças na força de trabalho: A globalização e a digitalização vêm mudando a natureza do trabalho e as qualificações necessárias de um colaborador. Para Saddock, neste cenário, as empresas precisam se adaptar investindo no desenvolvimento de seus funcionários, implementando políticas mais flexíveis e criando ambientes mais diversos e inclusivos. 
  • Inovação e disrupção: Novos modelos de negócios, produtos disruptivos e serviços podem ameaçar a posição de mercado de companhias já estabelecidas. ”Com isso, as empresas precisam monitorar constantemente o ambiente e estar abertas para inovar e se reinventar para permanecerem relevantes e competitivas”, conclui.

 

João Fernando Saddock - apaixonado por inovação e Growth Hacking, com vasta experiência em marketing, implementação e avaliação de estratégias de marca e comunicação de alta performance. Trabalhando com uma ampla variedade de clientes internacionais em empresas renomadas como Bedouin CC, Publicis, Leo Burnett, CCZ e Competence, João gerou valor para marcas como Heineken, General Motors/Chevrolet, Carrefour, Fiat, Samsung, Kellogg's, Disney, Volkswagen, Fly Emirates, entre outras.
https://www.linkedin.com/in/jsaddock/?locale=en_US

 


Conheça 7 dicas para não cair em golpes de consórcio

 

Freepik

Especialista faz alerta sobre promessas impossíveis, cobranças antecipadas e consórcios muito vantajosos

 

Muitos brasileiros recorrem aos consórcios para adquirir bens, como veículos, imóveis ou serviços, justamente pelo fato de não sofrer a incidência de juros, como acontece em financiamentos. Mas assim como qualquer outra modalidade financeira, é preciso ficar atento para fugir dos golpes aplicados por empresas fraudulentas e vendedores mal intencionados. Ismael Dias, CEO da CotaFácil, rede de franquias de soluções financeiras, separou 7 dicas para o consumidor ficar atento antes de fechar negócio:


1- Pesquise a empresa

A reputação e a credibilidade da empresa precisam ser verificadas cuidadosamente antes de fechar qualquer negócio. Pesquise na internet, leia avaliações e verifique se há reclamações ou processos judiciais. Checar se a empresa é autorizada e regulamentada pelos órgãos competentes, como o Banco Central, também é fundamental.


2- Leia o contrato com atenção

Antes de assinar qualquer contrato de consórcio, é preciso ler com atenção e entender todos os termos e condições acordados. Preste atenção especial às cláusulas relacionadas a taxas, reajustes, prazos, contemplação e cancelamento. Se houver algo que não esteja claro, não hesite em pedir esclarecimentos à empresa ou para algum advogado de confiança.

“Após o contrato feito e assinado, é importante ligar na central da administradora e confirmar com o CPF ou CNPJ se realmente o consórcio foi feito. Cheque os dados do plano contratado e, se a administradora confirmar, estiver de acordo com o que o vendedor passou, pode efetuar o pagamento do boleto”, explica Ismael Dias.


3- Evite consórcios muito vantajosos

Mensalidades muito baixas ou contemplações rápidas demais é sinal de alerta, desconfie. Golpistas podem usar essas táticas para atrair vítimas em potencial. Lembre-se de que um consórcio é um investimento de longo prazo e não há garantias de quando você será contemplado.

“É importante fazer o contrato de acordo com a média de contemplações dos meses anteriores. Peça para o vendedor os resultados das últimas três assembleias e verifique se o grupo que ele te passou e o que está no contrato são realmente os mesmos. Dessa forma você consegue saber se o que ele está te passando realmente é verídico. E mesmo com essas informações, não deixe de ligar na administradora para pedir os resultados e ver se bate com o que o vendedor te reportou”, diz o fundador da CotaFácil.


4- Verifique a idoneidade dos vendedores

Se for adquirir uma cota de consórcio por meio de um vendedor ou representante, certifique-se de que ele esteja autorizado, registrado pela empresa e peça informações sobre seu histórico profissional. Não se sinta pressionado a tomar qualquer decisão rápida e evite fazer pagamentos em dinheiro vivo ou depósitos em contas pessoais.


5- Promessas impossíveis

Desconfie de promessas de contemplação garantida ou de consórcios em andamento que oferecem cotas já contempladas. Essas são práticas comuns em golpes de consórcio. Lembre-se de que a contemplação depende de sorteios ou lances e isso não pode ser manipulado.

“Se cair em um golpe e efetuar o pagamento sem ir atrás dessas informações, tem que procurar a Polícia e um advogado para tentar responsabilizar o vendedor ou a empresa. Porém é muito difícil. O que mais tem é vendedor prometendo contemplação. É preciso fugir desse tipo de pessoa”, diz o especialista.


6- Consulte órgãos de defesa do consumidor

Antes de fechar negócio, consulte órgãos de defesa do consumidor, como o Procon, para verificar se há reclamações registradas contra a empresa ou o vendedor. Eles podem fornecer informações valiosas e orientações para evitar golpes.


7- Desconfie de cobranças antecipadas

Nunca faça pagamentos antecipados sem ter garantias concretas sobre a existência e a integridade do consórcio. Muitos golpistas solicitam pagamentos iniciais para garantir a vaga e, em seguida, desaparecem com o dinheiro.

 

CotaFacíl - rede de franquias de soluções financeiras e foi idealizada com o intuito de atender as necessidades e o bolso de pessoas que têm o desejo de se tornarem donos do seu próprio negócio, realizar o sonho do carro ou da casa própria.


Arcabouço fiscal é um desastre ético, político e econômico


Os governos do Partido dos Trabalhadores têm – e sempre tiveram – como premissa básica de atuação a elevação dos gastos públicos e a manipulação da realidade socioeconômica por meio do uso do dinheiro público para atingir seus objetivos políticos. E o atual mandato do presidente Lula não fugirá à regra. Nada se aprendeu com a crise gestada no período de Dilma na Presidência.

 O presidente Lula não mediu esforços para aprovar um plano que lhe permita gastar ainda mais o dinheiro do contribuinte. Para isso todas as táticas mais vis da política brasileira foram utilizadas, envolvendo nomeações para cargos públicos, controle de estatais e a famigerada liberação de emendas no Congresso.

Os deputados federais que votaram com o governo receberam, em média, R$ 7 milhões em emendas. Líderes chegaram a ver mais de R$ 15 milhões liberados pelo Planalto. O montante total ultrapassa os R$ 3 bilhões em emendas empenhadas na véspera da votação. O inacreditável montante de R$ 1 bilhão foi liberado no mesmo dia que a Câmara deu 372 votos para a proposta do Governo Federal.

Não bastasse o desastre moral e ético, o texto do arcabouço consegue ser ainda pior do que vermos deputados federais sendo agraciados com emendas para votar a favor. 

O arcabouço prevê que as despesas públicas sempre irão aumentar. Lula poderá gastar ano após ano, ao menos 0,6% a mais do que no ano anterior. 

Para que o plano dê certo será necessário que o Planalto apresente novas formas de aumentar a arrecadação. E aumento de arrecadação só virá com elevação da carga tributária. 

Economistas revelam que só para 2024 faltam mais de R$ 120 bilhões em receitas para que o arcabouço fiscal funcione.

O que se percebe é que o projeto aprovado na Câmara dos Deputados possui uma complexidade ímpar, de difícil assimilação e compreensão pelo mercado, além de ser quase impossível de ser cumprido no curto prazo. O governo Lula venceu essa batalha aproveitando as facilidades mais baixas da política brasileiras, mas a realidade e os fatos provavelmente muito em breve colocarão o arcabouço fiscal em sérios riscos.

 


Eduardo Bonates - advogado especialista em Contencioso Tributário e Zona Franca de Manaus e sócio do escritório Almeida, Barretto e Bonates Advogados


Posts mais acessados