No turbulento teatro corporativo onde desempenhamos nossos papéis, o ato final de uma longa carreira em uma empresa pode ser mais dramático do que se espera. Recentemente, um número significativo de profissionais de alto escalão encontrou um desfecho não tão aplaudido: o desligamento após anos de dedicação e conquistas. O cenário é paradoxal e amargo. Depois de anos navegando pelos complexos corredores do poder e ascendendo aos picos da liderança, esses profissionais se veem fora do script, sem palco e sem plateia.
Mas o drama não termina com a queda do pano. A questão latente que
surge é: como retornar ao mercado e, mais desafiador ainda, como reconquistar
um cargo de liderança?
Retornar ao mercado de trabalho não é uma tarefa para os fracos.
Para os executivos desligados, trata-se de uma jornada repleta de introspecção,
rebranding pessoal e, claro, uma dose saudável de networking. Não basta apenas
atualizar o LinkedIn e disparar currículos. É necessário, primeiro, enfrentar o
gigante no espelho: o próprio ego. Reconhecer que o mercado é dinâmico e que as
regras do jogo podem ter mudado enquanto estavam confortavelmente alojados em
seus escritórios executivos é o primeiro passo.
Ademais, o mercado atual não é apenas sobre o que você conhece, mas
quem você é enquanto líder. As empresas modernas não buscam apenas um currículo
impressionante; elas anseiam por líderes que sejam versáteis, adaptáveis e,
acima de tudo, capazes de humanizar suas equipes em meio às pressões
incessantes por resultados. A liderança de hoje tem menos a ver com a
capacidade de comandar e mais com a habilidade de inspirar e empoderar.
E então, surge a necessidade de se reinventar. Não no sentido
clichê de mudança radical, mas refinando a capacidade de liderar com empatia,
transparência e responsabilidade social. O antigo mantra do "comando e controle"
está fora de moda, substituído por "conectar e capacitar". Além
disso, em um mundo cada vez mais pautado pela tecnologia e inovação, a contínua
atualização profissional não é apenas desejável, é essencial.
Networking nunca foi tão vital. A ironia de que “é preciso uma vila
para reconstruir uma carreira” não poderia ser mais verdadeira. Reconectar-se
com antigos colegas, participar ativamente de fóruns da indústria e até mesmo
oferecer-se como mentor ou consultor, pode abrir portas que antes pareciam
seladas.
Para os que enfrentam este momento de transição, é crucial lembrar
que cada término é também um começo. O mercado pode ser implacável, mas também
é repleto de oportunidades para aqueles dispostos a adaptar-se e aprender com
suas experiências. Ao final, liderar não é apenas dirigir outros ao sucesso,
mas também guiar a si mesmo através das tempestades e calmarias de uma carreira
que nunca é linear.
Portanto, caro leitor, se você se encontra nesse impasse, encare-o
não como o fim, mas como um interlúdio. Um momento para afinar os instrumentos
antes de subir ao palco novamente, sob novos holofotes, pronto para uma nova
atuação, talvez a mais memorável de sua carreira.
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Francisco Carlos - CEO Mundo RH - Top 100 People 2023
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