Campanha Cadê a Minha Insulina foi lançada pela Coalizão Vozes do Advocacy
A Coalizão Vozes do Advocacy, que integra 26 organizações de
diabetes no país, vem trabalhando na busca de um posicionamento do Ministério
da Saúde com relação a disponibilização das insulinas análogas de ação rápida -
que promove uma melhor efetividade no corpo, sem ter picos de ação, que podem
provocar a baixa de açúcar no sangue (hipoglicemia) - para a população
brasileira. Esta insulina tem um efeito mais estável quando comparada com a
NPH, que é bem antiga e a que está atualmente disponível para os brasileiros.
Para falar sobre o assunto, gostaríamos de sugerir Vanessa Pirolo,
coordenadora da coalizão Vozes do Advocacy e pessoa com diabetes, que está
lutando por esta causa há muitos anos. Sob sua gestão, a coalizão alcançou, em
2023, mais 800 mil pessoas e mais de 120 mil interações com os conteúdos, além
de ter participado de 14 audiências públicas solicitadas e contempladas, 10
reuniões com a secretaria da saúde.
Entenda o caso
Depois de muitas abordagens das Associações de Diabetes e da
Sociedade Brasileira de Diabetes, o Ministério da Saúde reconheceu que a
insulina análoga rápida é o medicamento mais indicado para tratar as pessoas
com diabetes tipo 1 no país. Assim, em fevereiro de 2017, ela foi incorporada
ao SUS, mas a compra só foi efetuada no segundo semestre de 2018. Os Estados
começaram a ter acesso a ela somente em novembro de 2018.
O Ministério da Saúde optou por disponibilizar a insulina análoga
de ação rápida no Componente Especializado, ou seja, para as pessoas terem
acesso, é necessário que passem por um endocrinologista e retirem em Unidades
Dispensadoras Específicas. Dessa forma, gerou uma série de burocracias para as
pessoas retirarem o produto. Como resultado foram adquiridas 7.921.005 canetas
de 3ml, com estimativa de consumo em um ano, para contemplar 396.050 pessoas
com diabetes tipo 1 no Brasil.
Com todos os processos para a retirada da insulina, como:
documento a ser preenchido pelo médico chamado de LME (demora de 40 minutos),
ter acesso a um endocrinologista (é sabido que não existem estes profissionais
em vários municípios brasileiros) e a renovação da receita médica em boa parte
dos municípios precisa ser feita a cada seis meses, houve um grande desperdício
de produtos. Foram jogadas no lixo entre 900 mil e 1,4 milhão canetas em 2021.
Outro ponto importante e que prejudicou o acesso às canetas foi a falta de
conhecimento dos médicos e das pessoas com diabetes a respeito desta nova
"tecnologia".
Depois disso, ao longo do ano de 2022 foram feitas mais de 13
reuniões para chegar ao consenso de que poderia ser feita a transferência da
insulina análoga de ação rápida do Componente Especializado para a Atenção
Primária (Básica). No final, não ocorreu esta transferência e todo o trabalho
discutido não foi implementado por uma série de fatores, entre eles a falta de
refrigeração nas Unidades de Saúde e de disponibilização do farmacêutico nas
unidades de saúde.
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