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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Envelhecimento no Brasil: um olhar para o futuro

Em 2050, até 40% da população brasileira será de pessoas 60+, conforme indicam os dados demográficos. Eu serei uma delas e talvez, o leitor também. O envelhecimento populacional é uma realidade inegável em muitos países, e o Brasil não está imune a essa tendência já que atualmente é a 5ª maior população idosa do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Com o aumento da expectativa de vida e a diminuição da taxa de natalidade, tal realidade será intensificada e o país enfrentará desafios significativos, relacionados à seguridade social, cuidados de saúde e a inclusão social dos idosos.   

Olhando de perto, podemos perceber que a complexidade do envelhecimento humano engloba diferentes aspectos – biológicos, psicológicos e sociais -, resultando em experiências individuais únicas. Para atender às demandas crescentes dessa parcela da sociedade, é essencial que sejam implementadas iniciativas práticas e eficazes nos setores de assistência social, previdência e saúde.   

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde revelam um aumento na proporção de idosos que enfrentam dificuldades para realizar atividades instrumentais da vida diária à medida que avançam em idade, ainda que a qualidade de vida dos idosos de hoje é incomparável às gerações passadas, felizmente. As dificuldades nas atividades cotidianas é um processo dinâmico e progressivo que pode impactar, significativamente, a qualidade de vida e a interação social das pessoas, especialmente quando agravadas por vulnerabilidades.  

Neste sentido, a assistência social desempenha um papel crucial na abordagem desses desafios e na promoção do bem-estar da população idosa: é fundamental investir em programas e serviços que visem à promoção da autonomia e da qualidade de vida dos idosos - não basta longevidade, é preciso dignidade e qualidade. Isso inclui a criação de centros de convivência, atividades recreativas e culturais adaptadas às necessidades dessa faixa etária, bem como o fortalecimento de redes de apoio familiar e comunitário e o provimento dos mínimos sociais (alimentação, transporte, moradia etc.), bem como a ampliação do acesso a programas de complementação de renda. Além disso, é fundamental promover ações de conscientização e combate à discriminação etária, visando garantir a inclusão social e o respeito aos direitos dos idosos em todas as esferas da sociedade.   

A disseminação de informações sobre saúde, a prática de exercícios físicos e a adoção de uma alimentação saudável têm contribuído para uma velhice mais autônoma e feliz, focada na prevenção e bem-estar. Enquanto política, é imprescindível investir na ampliação e qualificação dos serviços de atenção primária e especializada aos idosos. Isso inclui a plena oferta e qualidade de: consultas geriátricas, medicamentos, tratamento de doenças crônicas, cuidados paliativos e suporte psicossocial; para garantir uma abordagem integral e humanizada da saúde na velhice.   

No âmbito da previdência, é necessário assegurar a sustentabilidade dos sistemas de aposentadoria e pensão, considerando o aumento da longevidade e a necessidade de proteção social para os idosos mais vulneráveis. Isso pode envolver ajustes nas políticas de contribuição e benefícios.   

Parafraseando Ariano Suassuna "tudo que é vivo, envelhece". E  diante desse panorama, é crucial que políticas públicas e programas sociais sejam desenvolvidos e aprimorados para receber bem esses “viajantes”. O envelhecimento não deve ser encarado como um desafio, mas como curso natural no trajeto da vida, oportunidade única de promover uma sociedade mais inclusiva e solidária, com os 60+ desfrutando plenamente da sua maturidade com dignidade e bem-estar. Se tudo correr bem na jornada da vida, também chegaremos lá. Eu assim espero, e você?  

 

Relly Amaral Ribeiro - mestre em Serviço Social e Política Social pela Universidade Estadual de Londrina, professora e tutora dos cursos de pós-graduação em serviço social do Centro Universitário Internacional Uninter

 

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