Ao contrário do
que muitos pensam, a gestão financeira não é responsabilidade apenas da área de
finanças de uma empresa. Em diferentes graus, todos precisam ter
conhecimento, mesmo que básico, sobre gestão financeira, incluindo o analista e
o estagiário. Porque no final do dia, nosso trabalho acaba em uma linha do
balanço contábil ou entregando uma parte, ao menos, do ppt de estratégia.
Por essa
razão, saber o impacto das nossas ações dentro da empresa em que estamos
atuando no momento é extremamente fundamental para podermos trabalhar bem e da
melhor maneira possível. Não importa se você faz parte da área de marketing, de
clientes, jurídico ou auditoria. Seu trabalho vai impactar, direta ou
indiretamente, a linha de receita e/ou de despesa da companhia.
A função da área
de finanças pode variar de uma organização para a outra, não existindo um
padrão definido ou pré-determinado. Pode ser que tenha mais atuação dentro das
áreas de negócio ou menos, mas o fato é que vai fazer um acompanhamento dos
números financeiros. E o líder, no mínimo, deveria ter domínio do impacto das
ações do seu time no resultado da companhia.
Com isso, é óbvio
que a conversa vai fluir muito melhor entre a área de negócios e a área de
finanças se a turma do marketing, do jurídico, e outras, conseguirem falar
sobre como aquele projeto entrega a estratégia, reduz os custos ou aumenta a
receita. Caso contrário, será uma área - a de finanças - massacrando a outra
área para tirar as informações mínimas necessárias para aprovar um projeto,
verificar o andamento das ações etc.
A utilização dos
OKRs - Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados Chaves) -
podem ajudar nesta discussão, porque uma parte deles está intimamente
atrelado a números e alguns deles financeiros. É claro que não se aborda apenas
finanças nos OKRs, mas frequentemente são uma parte importante. E a conversa
passa a ser mais lógica e objetiva: alcançamos R$ 100.000 de receita ou não? As
ações estão nos levando nessa direção? Nossas hipóteses foram validadas? Como sabemos
que no próximo mês as coisas estarão melhores, ou que não se repetirá o mesmo
resultado?
Ter a resposta
para essas perguntas - feitas de forma rotineira numa gestão baseada em OKRs -
em mãos, garante que tenhamos mais controle sobre o desempenho de um time e
sobre a situação da empresa. No entanto, a principal linha do balanço é a que
temos menor ou baixíssimo controle: receita. Afinal, a receita depende do
cliente querer comprar nosso produto ou serviço e, normalmente, as projeções
financeiras levam em consideração premissas macroeconômicas que podem não se
verificar, para baixo ou mesmo para cima.
Em alguns casos,
as organizações estão mais expostas e sofrem mais com fatores externos,
especialmente, no que se refere a tomada de crédito quando temos soluços no
sistema financeiro, como a quebra de um banco - o SVB - ou
"simplesmente" um problema contábil em uma grande empresa do setor do
varejo, como vimos recentemente. A desconfiança se espalha e começa a se
levantar temores se outras companhias, incluindo a sua, não estariam passando
pela mesma situação.
É por isso que trabalhar alavancado e tomar muito crédito acabam expondo ainda mais a empresa aos ventos do mercado. Às vezes, há necessidade disso, mas em outros cenários poderíamos fazer uma melhor gestão da estratégia financeira. Essa atitude traz benefícios, além de evitar problemas e o consequente sofrimento com situações com as quais não temos nada a ver.
Pedro Signorelli - um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas.
http://www.gestaopragmatica.com.br/
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