São diversas as empresas que têm flertado com as
novas tecnologias como forma de se posicionarem dentro da Web3. Seja por meio
do metaverso, das NFTs, ou seja, os tokens não fungíveis, a ideia dessas
companhias é testar o terreno e se preparar para o que promete ser não apenas o
futuro da internet, mas também dos negócios como um todo. Vimos grandes
companhias como Carrefour, Pedigree, Calvin Klein e Porsche entrarem na Web3,
mas cada um à sua maneira.
Quando as empresas buscam enxergar sua maturidade
dentro da Web3 isso pode impactar e muito o tipo de projeto que será
desenvolvido. Temos diversos exemplos que nos permitem avaliar como empresas
têm buscado entender os espaços que podem ser ocupados nessa nova realidade de
negócio. Carrefour, por exemplo, anunciou que vai entrar no The Sandbox com um
projeto com NTFs que já está em desenvolvimento. É sem sombras de dúvidas uma
linha mais segura e objetiva: as famosas lojas no metaverso. Trata-se de uma
forma de explorar o terreno que foi comprado na plataforma gamer por meio do
que costumamos chamar de product placement, e entender de que forma o negócio
pode prosperar nesta nova realidade. É uma ótima oportunidade para começar a se
comunicar com um público mais jovem que será um potencial consumidor em um futuro
próximo.
São muitas empresas que optaram por trilhar esse
mesmo caminho, uma vez que é mais seguro e já está validado por outros players,
com roadmap bem mais seguro. Explorar as oportunidades de negócios na Web3 por
meio da presença nos games e no investimento no metacomerce é algo que tem dado
bastante certo.
Outro exemplo interessante é o da marca Pedigree,
que lançou uma iniciativa de acolhimento virtual no metaverso do Decentraland
para encontrar lares para cães reais. A ação Fosterverse, como foi batizada, tem
como objetivo arrecadar fundos para abrigos e incentivar as pessoas a dar um
lar aos animais de estimação na vida real. A meu ver, trata-se de um movimento
bastante interessante e que vai além de só estar presente no metaverso por meio
de avatares, mas sim com iniciativas que, de fato, promovem impacto no mundo
real no curto prazo. Sem contar que está bastante alinhado com o posicionamento
de branding da empresa, o que mostra que é possível que as marcas inovem e ao
mesmo tempo mantenham sua identidade.
A Calvin Klein, por sua vez, mirou na comunidade
asiática e naqueles que comemoram o ano novo lunar, e lançou uma parceria com a
plataforma Ready Player Me. Trata-se de um game no formato play to
earn, que permite que os clientes da marca participem de jogos e
customizem as peças. Assim como comentei anteriormente no caso do Carrefour,
trata-se de uma aposta segura e já validada, principalmente pelo fato de a
indústria da moda ser uma das que mais investe em possibilidades como NFT,
metaverso, gamificação, proporcionando novas experiências virtuais imersivas
que transformam a relação dos consumidores com marcas. São muitos os players
deste segmento que têm direcionado esforços para a Web3, e isso vai abrindo
cada vez mais espaço para a fomentação de novos negócios.
Mas nem tudo são flores. Como vimos acima, são
muitos os exemplos bem-sucedidos de primeiros passos na nova era da internet,
mas há também aqueles que não tiveram tanta sorte. E aqui falamos da Porsche,
que viu seu lançamento da coleção de NFTs se tornar um verdadeiro fiasco. Os
tokens colocados à venda pela marca alemã teve pouca aderência de interessados
e os preços ainda despencaram na OpenSea, plataforma utilizada para compra e
venda de NFT. Acredito que a soma de alguns fatores fizeram com que a
iniciativa não fosse bem sucedida, entre eles o péssimo time para
o lançamento, em meio ao Bear Market, o alto preço dos tokens, algo em torno de
US$ 1.500, e o grande volume de unidades, eram 7.500 disponíveis, o que por sua
vez não gera exclusividade. Vimos que a Porsche nada aprendeu com outras
empresas pioneiras que enfrentam dificuldades semelhantes.
Quando falamos em maturidade das marcas ao
flertarem com a Web3 é muito importante termos em mente quais companhias estão
fazendo dar certo e seguir esses passos, como é o caso da Nike que já possui
plataforma própria e tem se associado a outras marcas nativas da Web3 como
forma de seguir seus roadmaps e acelerar seu crescimento. Estar maduro para a
nova era da internet é justamente reconhecer essas oportunidades e
aproveitá-las, algo que a Porsche infelizmente não fez.
Com exemplos acima podemos perceber que há espaço
para todo e qualquer tipo de empresa e também para os mais variados segmentos
dentro da Web3. No entanto, trata-se de algo novo, onde quase todos os
movimentos podem ser encarados como testes. Isso, por sua vez, não impede que
as companhias percebam o que mais tem dado certo e busquem recalibrar a rota
quando necessário, como forma de investir em iniciativas mais assertivas. E aqui
vale chamarmos atenção para a força que a gamificação tem ganhado nessas
últimas ações. Para além do metaverso, onde acredito que a gamificação seja
quase que obrigatória, estamos vendo essa aplicação em muitos projetos da Web3.
Acredito que os novos negócios logo serão orientados pela gamificação e isso
exigirá que as pessoas não só dominem essa questão, como também a encarem como
uma skill essencial para não ficar de fora das novidades que estão por
vir.
As empresas, por sua vez, têm de estar atentas às
movimentações da Web3, ao que deu certo e, principalmente, ao que não funcionou
para que suas tomadas de decisão não sigam o caminho contrário ao da
transformação digital que temos observado nos negócios.
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