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segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Novembro Azul: homens vão seis vezes a menos ao médico do que as mulheres

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De acordo com especialistas, o preconceito pode ser a maior causa de abstenção de consultas


Um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) com dados do Sistema de Informação Ambulatorial do Ministério da Saúde revelou que em 2022 foram registrados 200 mil atendimentos masculinos pelos urologistas, seis vezes menos do que os atendimentos a mulheres por ginecologistas. A campanha do Novembro Azul busca alertar a população sobre o câncer de próstata e conscientizar os homens sobre a necessidade do cuidado periódico com a saúde.  

O tipo da doença é o mais comum entre os homens, respondendo por 29% dos diagnósticos dos cânceres no país, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Um dos motivos para a alta nos números é justamente a falta de acompanhamento médico e realização de exames de rotina. A doença é a causa de morte de 28,6% dos homens. 

O médico urologista do Hospital Anchieta de Brasília Rafael Buta, explica que muitos homens não procuram o acompanhamento médico por acreditar que, ao consultar um urologista, estará colocando em xeque sua masculinidade. De acordo com o especialista, esse preconceito é reforçado por piadas e brincadeiras quando chega a idade de iniciarem-se as consultas para rastreamento do câncer de próstata e esse é um dos motivos da importância da mobilização.


“Um dos objetivos da campanha é tentar desconstruir o preconceito dos pacientes em relação à consulta com o urologista. Ela visa alertar a população para a importância do câncer de próstata para a saúde do homem. A neoplasia da próstata é uma doença de alta prevalência (é o câncer que mais acomete o homem, excetuando-se o câncer de pele) e gera grande impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes por ela acometidos”, conta Buta.  

Rafael explica que o diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de cura do paciente. O urologista detalha que quando o diagnóstico é feito nas fases iniciais da doença, é possível curar até 90% dos pacientes. Já diagnosticado nos estágios mais avançados, quando já se disseminou para outros locais além da próstata, as chances de cura giram em torno de 10%.

 

Diagnóstico 

De acordo com Buta, o exame físico da próstata é feito por meio do exame digital retal. “A próstata é uma glândula que se localiza em uma área de difícil acesso, no interior da pelve masculina. A única forma de o médico examinar essa glândula é realizando a palpação com o dedo, através do canal anal. É sabido que em até 10% dos casos de câncer de próstata há alteração no exame físico, porém sem alteração no exame de sangue (PSA). Por isso a importância do exame físico”. 

O médico acrescenta ainda que “alterações no exame físico (toque retal) e no exame de sangue (PSA) não são certeza do diagnóstico de câncer, mas são um indício de que exista alguma doença acometendo a próstata, como a hiperplasia prostática e a prostatite. O diagnóstico de certeza é realizado por meio da biópsia prostática. Durante esse exame são retirados pequenos fragmentos da próstata, que são enviados ao patologista, para assim confirmar ou descartar o diagnóstico. A biópsia prostática é realizada com auxílio de ultrassonografia, sob anestesia (sedação)”.

 

Saúde do homem como um todo 

O especialista destaca ainda que, por conta da campanha Novembro Azul, a consulta com o urologista muitas vezes é a porta de entrada do paciente masculino no serviço de saúde. Segundo ele, o médico urologista exerce também o papel de médico do homem, devendo estar atento não só ao câncer de próstata.  

“Nós, médicos, precisamos estar observando outras alterações que são muito prevalentes na população de meia idade: hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemia, entre outras. Assim, conseguimos dar atenção global à saúde do homem e encaminhá-lo para outros especialistas a fim de identificar, acompanhar e tratar doenças que porventura venham a ocorrer”, diz Rafael.


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