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terça-feira, 16 de agosto de 2022

Cerca de 10% dos pacientes com Parkinson no mundo são diagnosticados com menos de 50 anos

Relato público da jornalista e apresentadora Renata Capucci mostra como o diagnóstico no início da doença pode impedir sua progressão e manter a qualidade de vida do paciente

 

 Embora a prevalência da Doença de Parkinson seja em pessoas com mais de 60 anos, estima-se que em cerca de 10% dos pacientes a doença se manifeste antes dos 50 anos1-2, como aconteceu com a jornalista e apresentadora Renata Capucci, 49 anos, que revelou em um dos podcasts do “Fantástico”, da Globo3, ser portadora da doença desde 2018, quando surgiram os primeiros sintomas motores -- ela começou a mancar e, posteriormente, um dos braços passou a subir sozinho, enrijecido.

O relato da jornalista alerta para a importância de estar atento aos sinais do corpo e de buscar um especialista, caso a própria pessoa ou alguém próximo a ela identifique alterações no movimento. Um relatório divulgado, em junho, pela Organização Mundial de Saúde (OMS)4 revela que a prevalência da Doença de Parkinson dobrou nos últimos 25 anos (dados de 2019), mostrando que 8,5 milhões de indivíduos no mundo vivem com a doença. O levantamento também aponta que as mortes e os impactos na saúde como consequência do Parkinson estão aumentando de forma mais rápida que qualquer outro distúrbio neurológico. No Brasil, estima-se que 200 mil pessoas tenham a patologia.

“O aumento dos diagnósticos também está relacionado ao crescimento do número de especialistas que trabalham com distúrbios de movimento e que são capazes de identificar mais rapidamente a doença”, afirma Renan Rocha, gerente de produto da linha de Neurologia da Zambon. Ele participou recentemente do PD Academy, evento anual promovido pela farmacêutica Zambon na Europa, com a presença de 250 neurologistas especialistas em distúrbios do movimento do mundo inteiro para debater sobre novos estudos, técnicas e medicamentos.

A Doença de Parkinson é uma das prioridades da Zambon, que tem investido de maneira significativa em pesquisas de doenças crônicas e degenerativas. O objetivo é promover a qualificação médica e a globalização das informações, de forma a antecipar o diagnóstico, retardar a progressão da doença e manter a qualidade de vida dos pacientes.


O que é a Doença de Parkinson?

O Parkinson é causado por uma degeneração progressiva dos neurônios que produzem uma substância chamada dopamina, um neurotransmissor que ajuda na comunicação entre as células nervosas e é essencial para o controle dos movimentos dos músculos5-6-7. A ausência da dopamina causa tremores, ou seja, movimentos involuntários de braços, pernas e cabeça. 

Mas nem sem sempre os tremores são o primeiro sintoma da doença. Na maioria das vezes, antes deles a pessoa desenvolve bradicinesia, caracterizada pela lentidão dos movimentos, quase sempre de um lado só do corpo. De acordo com a Dra. Yvi Gea, diretora médica da Zambon, existem outros sintomas que podem aparecer -- os não motores - e que dificilmente são relacionados ao Parkinson, tais como quadros de tristeza, ansiedade, distúrbios de humor e do sono, depressão, problemas urinários, sintomas gastrointestinais e dor.

Atualmente, o diagnóstico da doença é feito com base na história clínica do paciente e no exame neurológico. Segundo Dra. Yvi, não há, por enquanto, nenhum teste específico para diagnóstico precoce ou prevenção da patologia. Por isso, a orientação é procurar um neurologista sempre que surgirem alguns dos principais sintomas:

  • Tremores involuntários em repouso
  • Rigidez muscular
  • Andar mais lento e arrastado
  • Perda de expressão facial
  • Depressão
  • Ansiedade
  • Dores musculares
  • Constipação

 

Doença pode ter origem no intestino

Durante o evento anual da Zambon, os especialistas debateram sobre uma possível correlação entre a Doença de Parkinson e problemas no intestino. “Evidências recentes sugerem que uma mudança na composição do microbioma gastrointestinal pode desempenhar um papel importante na patogênese da DP 8. Antes o foco das pesquisas era o cérebro; agora está sendo redirecionado do cérebro para os intestinos”, ressalta Mônica Bognar, coordenadora de Assuntos Médicos da Zambon.

Dois estudos publicados no início deste ano por pesquisadores brasileiros reforçam a hipótese de que a evolução dos distúrbios neurovegetativos pode ser influenciada pela microbiota intestinal9. Os trabalhos descrevem a forma pela qual o desequilíbrio entre as bactérias patogênicas e benéficas do intestino - a disbiose - pode facilitar o surgimento da doença de Parkinson.

Em artigo publicado na revista iScience, em março, pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM)10, de Campinas, descobriram que a proteína aSyn, agregada nos intestinos pela proliferação descontrolada de bactérias, pode migrar para o Sistema Nervoso Central, iniciando um provável mecanismo do surgimento da patologia. Ou seja, há evidências de que células específicas do epitélio intestinal possuem propriedades semelhantes às dos neurônios e podem estar relacionadas ao Parkinson e outras doenças degenerativas.


Dados

A prevalência da Doença de Parkinson está aumentando mais rapidamente que outros distúrbios neurológicos. Em 2016, cerca de 6 milhões de indivíduos tinham diagnóstico de Parkinson, o que significa um aumento de 2,4 vezes, se comparados com os dados de 1990. Nos Estados Unidos, 930 mil pessoas convivem com a doença.11 Na Espanha são 300 mil, o que representa um novo caso a cada 10 mil pessoas por ano. 12 

Alguns estudos internacionais estimam que o número de pacientes com Parkinson no Brasil dobrará até 2030. Como o número de pessoas diagnosticadas com a patologia representa em torno de 3% da população com 60 ou anos ou mais, é possível que 630 mil indivíduos passem a conviver com a doença até o final desta década, levando em consideração que existem, hoje, aproximadamente 21 milhões de pessoas nessa faixa etária (=>60 anos).13


Tratamento

Como a doença é progressiva e não tem cura, as terapias ajudam a controlar os sintomas e permitem que o indivíduo continue exercendo suas atividades. O tratamento com medicamentos estimula a oferta de dopamina, aumentando a sua presença ou evitando a sua degradação, além da deterioração das funções cerebrais e do controle dos sintomas.

Quanto mais cedo se obtém o diagnóstico, mais chances de diminuir a progressão da doença e de melhorar a qualidade de vida ao lado de amigos e familiares, além de ampliar a capacidade produtiva dos pacientes. Além dos remédios, existem outros recursos terapêuticos como fisioterapia, cirurgia e até o implante de um marcapasso cerebral que reduz os tremores e a rigidez dos músculos.




Zambon

 

Referências:

1. https://hospitalsiriolibanes.org.br/blog/neurologia/apesar-de-incomum-doenca-de-parkinson-pode-afetar-jovens 2. https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/2022/07/02/parkinson-o-que-e-e-sintomas-da-doenca.ghtml

3. https://g1.globo.com/fantastico/podcast/isso-e-fantastico/noticia/2022/06/26/isso-e-fantastico-o-diagnostico-nao-e-o-fim-da-linha.ghtml 4. https://opopular.com.br/noticias/magazine/parkinson-ainda-%C3%A9-cercado-de-estigmas-e-desinforma%C3%A7%C3%A3o-1.2484190

5. MEDSCAPE Diseases and Conditions: Parkinson’s Disease. Disponível em: http://emedicine.medscape.com/article/1831191-overview. Acesso em: 01/04/2021.

6. Parkinson: sintomas, tratamento e como adiar o avanço da doença. Disponível em: https://www.minhavida.com.br/saude/temas/parkinson. Acesso em: 08/04/2021.

7. K. R. Chaudhuri e W. Ondo, Movement disorders in clinical practice, Springer Science & Business Media, 2010.

8. Lubomski M, Tan AH, Lim SY, Holmes AJ, Davis RL, Sue CM. Parkinson's disease and the gastrointestinal microbiome. J Neurol. 2020 Sep;267(9):2507-2523. doi: 10.1007/s00415-019-09320-1. Epub 2019 Apr 30. PMID: 31041582. 9. https://www.tecmundo.com.br/ciencia/237561-parkinson-doenca-ter-inicio-intestino-dizem-estudos-brasileiros.htm 10. https://cnpem.br/parkinson-como-o-desequilibrio-na-flora-intestinal-pode-favorecer-o-surgimento-da-doenca/

11. Marras C, et al; Parkinson’s Foundation P4 Group. Prevalence of Parkinson’s disease across North America. NPJ Parkinsons Dis 2018; 4:21.

12. Benito-Leon J. Epidemiologia de la enfermedad de Parkinson en España y su contextualización mundial. Rev .Neurol 2018; 66(4): 125-134. 13. https://www.prosaude.org.br/noticias/em-2030-mais-de-600-mil-brasileiros-poderao-sofrer-do-mal-de-parkinson/


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