Orientação médica é de acompanhamento clínico e, se necessário, repetição do exame após alguns meses, para comparação
Cerca de 80% dos pacientes recuperados de COVID-19 sentem ao menos
um sintoma persistente - aquele que aparece ou continua depois da infecção -
por até quatro meses, depois de se recuperarem da doença. Entre estes sintomas
mais comuns, estão fadiga, tosse crônica, dificuldade para respirar, perda de
paladar ou olfato, dores de cabeça, depressão, ansiedade e até o agravamento de
doenças preexistentes.
Entretanto, a cirurgiã torácica Dra. Mariana Canevari, mestranda
pela UNICAMP, alerta também para o alto número de achados incidentais de
nódulos pulmonares em tomografias de pacientes que sofreram de COVID-19. “Com o
COVID-19, tornou-se muito popular a solicitação de tomografias de tórax e,
hoje, sabemos que até 7% dos pacientes, acometidos pela doença, apresentam
nódulos de pulmão no exame. Na maioria das vezes, a orientação médica é de
acompanhamento clínico e repetição do exame após alguns meses, para comparação.
Caso não haja mudança de tamanho oue forma, geralmente não são indicados outros
exames complementares adicionais. Temos visto que a maioria dos nódulos acaba
desaparecendo com o tempo, mas não podemos deixar de acompanhar”, afirma a
especialista. Entretanto, a presença de nódulos maiores que um centímetro já
pede uma atenção maior.
“Esses nódulos têm maior chance de representarem uma doença,
inclusive câncer. Portanto, devem ser avaliados por médico especialista, que
indicará a melhor forma de investigar a situação, seja por meio da
complementação com outros exames de imagem, broncoscopia - que é um tipo de
endoscopia dos pulmões - ou até mesmo através de biópsia”, explica Dra. Mariana.
Segundo ela, muitos casos de câncer de pulmão são identificados
sem que o paciente apresente sintomas. “Eles são mapeados, sem querer, em
exames de rotina. Quando isso acontece, e as opções de tratamentos e as chances
de cura são maiores do que quando comparadas aos casos identificados por meio
de sintomas.
Conforme revela a médica, por ser um vírus respiratório, o
Sars-Cov-2, agente causador da COVID-19, impacta principalmente os pulmões --
em especial as células dos alvéolos, onde ocorre a troca de gases entre o
pulmão e a corrente sanguínea. “Por ser uma doença nova, a Medicina ainda está
descobrindo quais são as consequências causadas pelo coronavírus. mas sabe-se
que se trata de uma doença com diversas apresentações e, por isso, todo cuidado
é pouco no acompanhamento destas sequelas”, diz ela.
Dra. Mariana recomenda que os pacientes que superaram a COVID-19
visitem o médico especialista, pelo menos, uma vez após a infecção, para que
tanto o achado de nódulos pulmonares quanto outras complicações recebam atenção
adequada e previnam consequências ainda mais sérias.
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