Quando percebi a criação desse tema para um dos meus artigos, logo me veio a imagem das minhas gatinhas, sim, tenho duas gatas lidas, vira-latas e adotadas.
E o que pertencimento no contexto organizacional
tem a ver com elas? Tudo.
Em nenhum momento da minha vida me imaginei com uma
gata, aliás, sempre tive medo de gatos, até que um dia escolhi ter um gato. É
incrível como mudamos nessa vida!
Adotei uma linda gata cinza vira-lata e dei o nome
de Frida, porque amo Frida Kahlo, suas obras e criações em total conexão.
Bom, à época estava morando em Brasília, Frida
chegou com 35 dias de vida e junto com toda sua energia me trouxe um casamento
e a mudança para cidade de São Paulo.
Já morando há 9 meses em São Paulo, uma colega de
trabalho me falou a respeito de uma gatinha que estava para ser abandonada. Eu,
com muito dó e sem saber se divulgava a doação ou acolhia a gata, acabei
seguindo meu coração e adotei a gatinha que recebeu o nome de Cleópatra, vulgo
Cléo. Pelo visto a energia feminina adora reinar na minha casa (risos).
Bom, sigamos, e o que isso tem a ver com
pertencimento? Agora começa a história.
Você sabia que fazer a introdução de um gato novo
em um ambiente exige psicologia?
Frida reinava filha única na casa durante quase um
ano, até que chegou Cleópatra com seu reino e personalidade única também.
Duas gatas. Duas fêmeas. Duas líderes. Cada uma com
sua personalidade.
Foi um mês para adaptação. Frida estranhou uma
energia nova no pedaço, um cheiro novo: tem alguém na minha casinha!
Por sua vez, Cleópatra, exigiu sua cama, sua
comida, sua água e seu pedaço que lhe cabia no latifúndio.
Foi competição durante um mês. E durante um mês, os
humanos pais estudando psicologia felina e quase surtando (risos).
As fêmeas comandavam o pedaço, cada uma a seu modo.
Mas estava muito difícil e pesada a adaptação, elas realmente não se queriam no
mesmo espaço, já tínhamos contratado especialistas, cat sitter e nada
de se adaptarem, já estávamos desistindo.
Até que houve uma constelação familiar no meio do
caminho, que me trouxe bastante clareza de como lidar com a situação. Fui
constelar outro tema da minha vida — sim, eu me trabalho muito para trabalhar
outras pessoas, ninguém pode dar aquilo que não tem.
E, então, durante a constelação e em uma troca de
informações com a terapeuta sobre a adaptação das gatas, ela me fez a pergunta:
Dani, você já deu um lugar para a Cléo nesta família? Já disse a ela que ela é
bem-vinda? Já trouxe pertencimento a ela?
Eu não havia pensando nisso, lembrei de tudo que
era necessário para sobrevivência básica dela, mas não pensei em algo como
pertencimento.
Quando saí da sessão, cheguei em casa e conversei
com a gatinha, pus o meu marido para fazer o mesmo e falamos para ela que ela
era muito bem-vinda naquela casa, ali era o lugar dela, se ela escolhesse.
A partir daquele momento, a energia mudou, e as
gatas começaram a se entender e a Frida, minha primeira gata, aceitou a
presença da Cléo de forma leve, fluída e, claro, do jeito dela de receber e
aceitar.
Essa situação me fez refletir o quanto o
pertencimento é importante. Saber que temos um lugar ali naquele espaço que
ocupamos, muda todo o cenário e perspectivas.
Com isso, fiz também uma analogia, o quanto esse
pequeno cenário de adaptação que relatei aqui acontece nos ambientes
corporativos e como uma palavra de empoderamento, de dar lugar e trazer
pertencimento pode mudar toda uma situação.
Eu tive líderes que fizeram isso por mim e abriram
esse espaço de pertencimento. Isso muda a energia do grupo, pois traz a
percepção de que quem está chegando faz parte do ambiente e a adaptação e
integração se tornam muito mais leves e fluidas.
Mas tive alguns que sequer davam espaço para isso,
na verdade, tinham uma visão de despotismo, o reinado era absoluto e os outros
que se virem.
O ambiente assim era péssimo, o clima
organizacional extremamente pesado. O que faltava ali? Dar voz e lugar para
cada um. Todos nós ocupamos um espaço no mundo e no universo e quem vem antes,
pode facilitar esse processo de ocupação.
Ficou a lição e percepção com toda essa história:
ambientes que têm climas organizacionais pesados, será que têm um processo de
ambientação equilibrados? Será que cada um está ocupando o seu devido lugar? E
será que o líder está dando voz e lugar a eles, trazendo pertencimento?
Deixo a reflexão de vocês. Ah... e quanto às minhas
gatas, estão devidamente integradas.
Daniele Costa - mentora, palestrante e
facilitadora em desenvolvimento integral humano. Também é idealizadora da
Plataforma da Vida, um portal de conteúdo e serviços voltados para
autoconhecimento e gestão emocional. Formada em letras, com 2 pós graduações na
área de gestão, passou pelo serviço público de Brasília e atuou 13 anos como
bancária, nove deles como gestora.
plataformadavida.com
Instagram: @plataformada.vida e @dani.costa.oficial
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