Obstetra e ginecologista César Patez comenta fatores que contribuem para o parto prematuro
Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), o Brasil é o 10º país com mais partos prematuros no mundo, com cerca de
340 mil nascimentos de bebês nascidos anualmente antes de 37 semanas de
gestação.
Um dos casos de parto prematuro que
mais repercutiram nas últimas semanas foi o do primeiro filho do humorista
Whindersson Nunes e de Maria Lina, João Miguel, que nasceu de 22 semanas. Por
diversas complicações de saúde, o bebê morreu dois dias após seu nascimento. O
obstetra e ginecologista César Patez comenta o panorama atual dos partos
prematuros no país.
“Nos dias de hoje, se observa que o
número de partos prematuros é maior por uma série de motivos. A gravidez na
adolescência é um deles. O corpo de uma adolescente ainda não está bem formado
e, às vezes, não consegue levar a gestação até o fim. A gravidez de gêmeos, por
causa das fertilizações in vitro, é outra razão”, aponta.
Mas ele ressalta que as chances de um
bebê prematuro sobreviver também aumentaram bastante ao longo dos anos. “Graças
à tecnologia e aos novos medicamentos, mais prematuros estão terminando seu
desenvolvimento fora do útero com sucesso.”
O profissional conta que a ocorrência
desse fenômeno pode estar associada a fatores genéticos.
“Estudos indicam que há seis genes
ligados ao parto prematuro e os pesquisadores acreditam que essa descoberta
pode servir como ponto de partida para tratamentos e indicações nutricionais
que possam evitar esse parto”, afirma o especialista. Além da genética, alguns
hábitos de saúde também contribuem para essa ocorrência.
“Entre os principais motivos estão
fumo, consumo de álcool e drogas, assim como obesidade, baixo peso e estresse.
Algumas complicações durante a gestação também podem ser um sinal de alerta,
como infecções do trato urinário, sangramento vaginal, pressão alta e
distúrbios de coagulação.”
Existem ainda alguns casos que tornam o
parto prematuro mais provável, como anomalias congênitas do bebê, gestações
muito próximas uma da outra e gravidez gemelar ou de múltiplos. Patez também
ressalta a síndrome do ovário policístico como uma das predisposições
possíveis.
“A síndrome aumenta consideravelmente o
risco de complicações obstétricas, entre elas a pré-eclâmpsia, diabetes
gestacional e prematuridade. Pacientes portadoras de adenomiose e endometriose,
que são doenças inflamatórias, podem influenciar negativamente a ocorrência de
parto prematuro, pois favorecem a ruptura de membrana amniótica precocemente”,
acrescenta o especialista.
Vale lembrar que o parto prematuro é
considerado um risco para o bebê, já que a criança que nasce antes da hora pode
apresentar baixo peso e maior risco de ter algumas doenças.
”A imaturidade dos órgãos, como coração
e pulmão, deixam o organismo do recém-nascido bem frágil, sendo necessário o
uso de terapia intensiva. Para as mamães que são portadoras na gestação de
pré-eclâmpsia ou outras doenças sistêmicas com desequilíbrio hemodinâmico, pode
ser, preocupante também”, alerta.
Ele lista os cuidados que esses
pequenos exigem no pós-parto. “O bebê só vai para casa depois que estiver igual
ou próximo de um recém-nascido não prematuro, com o peso mínimo de 2kg. Mas em
relação ao comportamento dos bebês, cada caso é um caso. Alguns choram mais e
outros menos, mas não há relação com o fato de o bebê ter nascido de modo
prematuro”, acrescenta o obstetra.
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