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segunda-feira, 24 de maio de 2021

No Dia do Vestibulando, psicólogos dão dicas para quem vai encarar as provas

Ansiedade fora de controle pode prejudicar o desempenho de candidatos considerados excelentes: autoconhecimento ajuda a identificar sinais de alerta


O Brasil é o país mais ansioso do mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 19 milhões de brasileiros convivem com a ansiedade em níveis acima do ideal. Neste universo estão adolescentes e jovens em preparação para o vestibular, que veem a “boa” ansiedade – aquela que traz efeitos positivos, estimulantes e saudáveis ao ser humano – se transformar em um transtorno, uma fonte de sofrimento intenso e duradouro.

Supervisora do Serviço-Escola de Psicologia do UniCuritiba – instituição de ensino superior que faz parte da Ânima, uma das principais organizações educacionais do país, a psicóloga Daniela Jungles diz que embora pareça impossível acreditar, a ansiedade pode ser positiva, mas precisa se manter em níveis adequados.

“Se algumas situações ou atividades não geram ansiedade suficiente, corremos o risco de não reagir adequadamente a elas. Essa ansiedade normal e natural nos permite sentir o perigo e desencadear uma ação apropriada. O problema é quando a sintomatologia da ansiedade se torna frequente e sem controle”, explica.

É nesta hora que a ansiedade começa a “jogar contra” os vestibulandos. Para o mestre em psicologia Guilherme Alcântara Ramos, membro do Núcleo de Atendimento Psicopedagógico do UniCuritiba e orientador de projetos de qualidade de vida e bem-estar, é importante estar atento aos sinais. “Quando a ansiedade passa do limite, afeta o ciclo sono-vigília, a capacidade de relaxamento, provoca alterações na alimentação, no trato intestinal, na digestão, na respiração, aumenta a sudorese, acelera os batimentos cardíacos e causa dificuldades de concentração e memória, entre outros problemas”, diz.


Ansiedade de desempenho

A maioria dos estudantes, lembra a professora Daniela Jungles, está familiarizada com o estresse que antecede exames, apresentações orais e outras avaliações. Esse “nervosismo” é absolutamente normal e familiar, típico em anos de vestibular.

“A ansiedade em uma dose razoável leva os vestibulandos a estudar todos os dias e a manter o foco no objetivo final que é a aprovação. O problema está na autocobrança para alcançar excelentes resultados, o que pode causar um nível de estresse desmesurado. Quando esse medo do fracasso assume uma dimensão desproporcional, chamamos de ansiedade de desempenho.”


Preocupação com o futuro

De acordo com o psicólogo Guilherme Alcântara, o vestibular é um momento decisivo, de escolha para o futuro, e vem carregado de pressão social, familiar e pessoal. “A ansiedade aumenta porque os estudantes passam um ano ou mais muito focados em função do vestibular, o que se torna desgastante. Assim como a ansiedade nos prepara para enfrentar uma situação desafiadora, como o vestibular, ela também pode nos paralisar e comprometer o desempenho.”

Quem nunca ficou ansioso antes de uma prova? Ou sentiu aquele nó no estômago antes de um primeiro encontro? Daniela Jungles lembra que é perfeitamente normal ficar ansioso em situações que estão além do controle, mas a solução está na capacidade de gerenciar o estresse para que, em momentos difíceis, a ansiedade não domine inteiramente a situação.

 

DICAS PARA SE SAIR BEM NAS PROVAS

Para celebrar o Dia do Vestibulando (24/05) e ajudar os candidatos de olho nos processos seletivos deste ano, os professores do UniCuritiba Daniela Jungles e Guilherme Alcântara Ramos prepararam algumas dicas que vão ajudar a manter a ansiedade sob controle. Confira:

  • Fique atento aos sinais: a ansiedade exacerbada se mostra de várias maneiras, como alto estresse nos exames, ataques de pânico antes das avaliações, perfeccionismo exagerado no estudo ou enxaquecas, distúrbios digestivos, dificuldades para dormir etc. 
  • Equilibre os preparativos para as provas. Use estratégias que intercalem estudos com outras atividades sociais, de lazer e práticas esportivas. 
  • Não faça maratonas de estudo de 10h ou 12h. É melhor estudar um pouco todos os dias, por um período mais curto. Reserve os finais de semana de folga. 
  • Mantenha a prática de exercícios físicos regulares. Ainda que a agenda dos vestibulandos seja cheia, os cuidados com o corpo garantem a saúde mental. 
  • Alimentação balanceada e boas noites de sono ajudam na energia necessária para as rotinas de estudo. Não abra mão disso. 
  • Ficar dedicado somente aos estudos aumenta o estresse. Reserve tempo para os amigos e familiares. Boa saúde mental traz possibilidades de exercer melhor as competências intelectuais. 
  • Não deixe para pensar nas estratégias de controle da ansiedade somente na hora da prova. Você pode exercitar o autocontrole ao longo de todo o ano. Organização e planejamento nos estudos é um bom começo. 
  • Sempre que se sentir excessivamente ansioso, pratique a respiração de quatro tempos. Inspire o ar contando até cinco, segure o ar nos pulmões por cinco segundo, expire contando até cinco e segure o pulmão vazio por mais cinco segundos. 
  • O exercício de respiração pode ser feito diariamente e, é claro, antes e durante a prova, sempre que você perceber que a respiração está ofegante, a sudorese está aumentando e o ritmo cardíaco, acelerado. 
  • No dia anterior à prova, não exagere nas horas de estudo. Confie em você e na sua dedicação prévia. Revise no máximo alguma questão específica. Ninguém se sai bem quando está exausto. Esteja descansado para o vestibular. 
  • Antes de iniciar a prova, faça a respiração de quatro tempos e só então inicie as questões. Se perceber que os níveis de ansiedade estão subindo durante a prova, pare tudo e refaça o exercício respiratório.
  • No dia da prova (e na noite anterior), faça refeições leves. Alguns alimentos como carne vermelha, por exemplo, são de difícil digestão. Exercícios físicos devem ser moderados. Prefira atividades de relaxamento.·  
  • Certifique-se de que está com todos os documentos necessários para apresentar na hora da prova, leve caneta, máscaras (no caso de provas presenciais), água e um lanche leve.

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