Uma
forma cada vez mais comum de trabalhar a saúde no Brasil (e em quase todo o
mundo) é voltando os olhos para práticas que focam apenas no corpo físico.
Desde muito cedo, aprendemos na escola a importância da Educação Física, hoje
com mais aulas teóricas que práticas. Desde criança, ouvimos falar o quanto
praticar esportes faz bem – o videogame não era adorado como hoje pela maioria
das crianças e adolescentes. “O que fazíamos antigamente era brincar de ‘rouba
bandeira’, bola e pega pega ou correr de um lado para o outro o dia inteiro na
rua. Era energia que não acabava mais”, lembra o médico Jean Rafael,
um dos mais renomados palestrantes brasileiros sobre Gerenciamento do Estresse
e autor do livro “A Ciência da Gratidão - Como prevenir as doenças
da mente e aplicar o gerenciamento de estresse”.
Somos
conhecidos, ainda, como o “País do futebol”, mas os números mostram que estamos
mais para sofá, pipoca e petiscos que para chuteira, uniforme e bate bola, já
que somos uma das populações mais sedentárias do mundo, com boa parte das
pessoas apresentando sobrepeso e obesidade. “Para piorar ainda mais o quadro, os jovens estão
nas estatísticas que mostram uma relação direta entre a falta de cuidados com o
corpo e o alto número de complicações de saúde na pandemia que estamos vivendo.
A Covid-19 está mostrando o quanto ser jovem e não cuidar da saúde é perigoso.
Todos os dias cresce o número de pessoas jovens internadas com a saúde se
complicando por conta da pandemia do coronavírus”, afirma Jean.
A
verdade é que estamos longe de termos os cuidados conhecidos como “ideais” com
o corpo físico como boa alimentação, hidratação, atividade física regular e
muitos outros. Grande parte dos profissionais da área de Saúde e alguns
programas de Governo alertam há tempos para a necessidade de cuidar do corpo
como um “templo sagrado que nos permite vivenciar as belezas e alegrias da vida”,
segundo Jean. Mas parece que tudo isso tem surtido pouco efeito e as doenças
que aumentam os fatores de risco vão ganhando espaço. O que presenciamos são
mais hipertensos e diabéticos sendo diagnosticados e em idades cada vez mais
precoces.
Uma
das formas de garantir a saúde do corpo é cuidar da saúde mental. “Falar
sobre cuidar da mente para garantir a saúde do corpo ainda soa estranho, mas,
nos últimos tempos, a pandemia deu mais força ao assunto. Trabalho com
gerenciamento de estresse há um bom tempo e já vivenciei muitos momentos
inusitados com relação a isso. Já ouvi gente comparando estresse à calça jeans,
dizendo que os dois estão na moda e caem bem. Tem gente que diz que é só tomar
uma bebida que o estresse diminui. Já os mais resistentes ao assunto dizem que
estresse é frescura. A verdade é que trabalhar com transtornos mentais não é
tão simples como parece. Quando paramos para pensar nos casos de depressão e
suicídio no mundo, chegar a ser assustador”, afirma Jean.
Ao
trabalhar com diversos pacientes, ele afirma ter percebido que colocar uma
roupa para ir à academia já não tem sido fácil no País, ainda mais colocar uma
roupa para meditar ou fazer yoga e relaxamento. “Parece ser um desafio ainda
maior em nossa sociedade. Novas metodologias e pesquisas têm surgido para
auxiliar nos cuidados com a saúde emocional. O que já se sabe é que a pratica
diária de propostas que impactam no gerenciamento do estresse pode mudar o
panorama de interação entre a mente e o corpo”, acredita Jean.
]Entre
algumas medidas que o palestrante considera importantes estão:
1. Viver
o momento presente. E isso é um verdadeiro desafio, ainda mais nos tempos atuais,
em que nossa atenção está muito dispersa. Muitos fatores desfocam nosso estado
de concentração, como o celular ou a carga de tarefas que se apresenta no dia a
dia. Vivemos em um ritmo frenético e acabamos não percebendo nem as coisas boas
e nem algumas pessoas ao nosso redor.
2. Ajustar
o modo de pensar. Nossa mente está sempre buscando sempre o futuro e estes
pensamentos nos empurram para a ansiedade, que, por sua vez, gera sintomas
limitantes. É preciso estar atento ao modo de pensar, ajustando os filmes
criados em nossas mentes e mudando os finais derrotistas e trágicos por
verdadeiros finais felizes que podem fazer a diferença. Não é negar a
realidade, mas ver o que faz sentido e o que não faz. Se é para criar, então,
que sejamos mais otimistas.
3.Agradecer
mais. A reclamação já faz parte do nosso cotidiano, então, preste mais atenção
nas possibilidades que a vida oferece e estimule as áreas cerebrais,
modificando a química do metabolismo por meio da prática da gratidão. Sabemos
que, às vezes, não é fácil agradecer, principalmente, em períodos como o atual,
mas vale a pena tentar!
Jean Rafael – palestrante, médico cirurgião geral com
residência médica pelo Hospital Universitário de Alagoas Professor Alberto
Antunes. É professor mestre em ensino na saúde pela Universidade Federal de
Alagoas - coordenador da disciplina Saúde, Ciência e Espiritualidade . É
pós-graduado em Ensino na Saúde pelo Hospital Sírio Libanês, em Auditoria de
Sistemas de Saúde pela Faculdade Estácio de Sá do Rio de Janeiro e em
Psicoterapia Transpessoal pelo Núcleo de Expansão da Consciência LUMEM. Possui
certificação em Gerenciamento do Stress (ISMA – BR)
e é treinador comportamental formado pelo IFT. É autor do Best Seller “A
ciência da gratidão – Como prevenir as doenças da mente e aplicar o
gerenciamento do estresse” (Literare Books International – 2019).
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