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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Ansiedade e insônia: possíveis sintomas que podem acometer crianças na volta às aulas presenciais

Psiquiatra Marco Antonio Abud fala sobre algumas ações que podem minimizar os sintomas da sensação de falta de segurança quanto ao futuro


Após tantos meses sem frequentar o ambiente físico da sala de aula, as crianças seguem na expectativa para a retomada de suas rotinas nas escolas em 2021. Mesmo com a pandemia da Covid-19 ainda em curso e sem sinais de que deve terminar tão cedo, as escolas já começam a receber seus alunos em suas dependências. Essa expectativa traduz o anseio de muitas crianças, adolescentes e pais pela volta da "normalidade" - se é que poderemos retornar a ela.

Porém, a chegada desse dia envolve um período de mudanças, tanto para alunos quanto para professores. Por mais que essas alterações de rotina sejam positivas - sabe-se o quão benéfico é a convivência entre alunos, colegas e mestres - essa expectativa tem o poder de promover um grande gasto de energia na mente das pessoas, o que gera ansiedade. "Nós teremos que nos readaptar às rotinas e talvez conhecer novas, como medidas de isolamento, esquemas híbridos de aulas, entre outros. É comum que nesse período haja sintomas de ansiedade e alterações de sono nas crianças e adolescentes", explica Marco Antônio Abud, médico psiquiatra e fundador do canal Saúde da Mente

Para Abud, algumas situações pedem algumas atitudes por parte dos pais para tentar minimizar a ansiedade. O médico exemplifica o caso do comportamento do filho menor, que de repente tornou-se mais pegajoso, com receio de se separar da mãe. "Isso também ocorre nesses casos. Porém nesse momento é importante validar o sentimento da criança antes de aconselhá-la.. Isso significa reconhecer e dar o direito a ela de sofrer, de se expressar", afirma. O médico ainda reforça que ações de empatia também podem surtir um efeito positivo. "Você pode expressar para a criança que você mesmo já sentiu algo parecido e deixe claro que existe um espaço aberto para que ela possa conversar contigo sobre isso".

A forma de falar é outro aspecto fundamental. "É importante que sejam comunicadas as regras de volta às aulas, planos e horários que a escola passou para os pais. Isso deve ser feito de uma forma que a criança entenda, com clareza. E, também, é fundamental deixar um espaço para que ela faça perguntas sobre as dúvidas que surgirem", reforça o Dr. Marco Abud.

Esse tipo de conduta auxilia o cérebro a sentir que há segurança, há algo previsível, na visão do médico. Abud fornece algumas dicas nesse sentido. "Você pode fazer pequenos rituais com seus filhos, como sempre dar um abraço nele antes dele entrar na escola. Isso dá uma sensação de controle".

Ajudar a criança a ver o lado positivo das coisas - e também da mudança - é fundamental. "Uma forma de fazer isso é fazer algumas perguntas como "o que você vai querer fazer primeiramente quando chegar na escola? ". Isso ajuda a mostrar que existe um aspecto positivo na mudança, apesar do clima de incerteza. Nós teremos que nos adaptar às novas rotinas".

Porém, Marco Abud pede atenção redobrada aos pais para identificar qual é o momento certo de buscar ajuda médica. "É normal haver momentos de adaptação, mas eles não podem interferir no dia a dia das crianças, nas suas atividades rotineiras. Ela não pode ter dificuldade de fazer aquilo que ela se propõe a fazer em termos de rotina, atividade extracurriculares e lições de casa", complementa. De acordo com o especialista, se a criança ou o adolescente começarem a ter crises de choro e ansiedade na hora de ir para a escola - e isso durar mais do que duas semanas - é importante fazer uma avaliação com um profissional de saúde mental. Quando o retorno vier, que todos estejam mentalmente saudáveis para encarar os desafios de 2021.


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