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terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Pandemia da Covid-19 levou à subnotificação dos casos de hanseníase no Brasil

Mesmo com a redução da notificação de casos novos, em 2020, o Brasil continua ocupando o segundo lugar no mundo em números absolutos

 

Assim como ocorreu com várias outras doenças, a pandemia do novo coronavírus levou a uma redução da notificação de casos novos de hanseníase no Brasil, em 2020. Muitas pessoas, com medo da contaminação da Covid-19, deixaram de procurar os estabelecimentos de saúde. Mas esta é uma doença que continua exigindo atenção e cuidado, tanto que temos a campanha do Janeiro Roxo, com destaque ao Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase (31 de janeiro).

A dermatologista do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), dra. Marli Izabel Penteado Manini, afirma que os dados finais de 2020 ainda não foram consolidados, porém segundo boletim da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, até 30 de novembro de 2020, foram registrados no Brasil, 13.807 novos casos. Em 2019, o total foi de 27.864, compreendendo os 12 meses.

“No entanto, não podemos nos iludir com esses números e concluir que houve, de fato, uma redução de 50% no número de casos novos. A pandemia do novo coronavírus levou, infelizmente, à subnotificação. E, em números absolutos, o Brasil continua ocupando o segundo lugar no mundo, ficando atrás apenas da Índia”, destaca a médica.

“Um dado preocupante é o aumento dos casos entre pessoas até 15 anos, o que demonstra a prevalência da doença entre a população”, acrescenta dra. Marli. Causada pela bactéria Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, a doença é transmitida principalmente pelas vias respiratórias superiores, além do contato com a pele do paciente. Sua evolução depende de características do sistema imunológico da pessoa infectada e apresenta múltiplas manifestações clínicas, desde áreas anestésicas, manchas claras, avermelhadas ou amarronzadas, caroços na pele e lesões dos nervos periféricos.

A doença ainda é vítima de estigma. Conhecida no passado como lepra, até a década de 1960, a hanseníase era tratada por meio da internação compulsória no Brasil e os pacientes eram discriminados e isolados do convívio social. Além desse dado histórico, o preconceito permanece porque a doença acomete principalmente pessoas com situação econômica, social e ambiental desfavorável.

Há maior incidência no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País. Para se ter ideia, em 2019, o Estado de São Paulo representou apenas 4,25% do total de casos novos registrados. A boa notícia é que a doença tem cura e, se a pessoa estiver em tratamento, não oferece risco de contágio. “A hanseníase é uma doença de notificação compulsória e todo o tratamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde”, informa a especialista.

O período de incubação é prolongado e, em geral, varia de cinco a sete anos. “O bacilo afeta principalmente a pele e nervos superficiais. Normalmente, os doentes não diagnosticados precocemente desenvolvem complicações nos pés, mãos e olhos. Por isso, é importante ficar atento aos sinais e procurar o dermatologista o quanto antes, pois ele prescreverá o tratamento adequado, evitando sequelas”.

Dra. Marli ressalta que a maior parte da população nasce naturalmente resistente à doença. “Costuma haver um aumento de diagnósticos no verão, o que se explica, porque a pele fica mais exposta, com o uso de regatas e bermudas, por exemplo. Mas seja qual for a estação do ano, é fundamental o autoexame e verificar se há manchas claras ou avermelhadas na pele, além de checar com atenção pontos de sensibilidade. As lesões da hanseníase não coçam e não doem, porém caso note alguma anormalidade na pele, procure ajuda médica o quanto antes”.

 

“O Seconci-SP dispõe de equipe de dermatologistas para oferecer um diagnóstico correto e passar todas as orientações para que seus usuários sejam encaminhados para tratamento na rede pública”, completa dra. Marli.

 

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