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sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Saiba conviver com a Esclerose Múltipla em tempos de pandemia

Doença crônica que afeta cerca de 40 mil brasileiros. Neurologista explica que embora não tenha cura, é preciso tratamento multidisciplinar para alcançar qualidade de vida


Segundo dados do Hospital Israelita Albert Einstein, estima-se que existam 40 mil casos de pessoas com Esclerose Múltipla (EM) no Brasil. Relativamente rara, isso implica uma prevalência média de 15 casos por 100 mil habitantes, conforme a última atualização da Federação Internacional de Esclerose Múltipla e Organização Mundial da Saúde publicadas em 2013. O médico neurologista Alexandre Castro (CRM - 17286), explica que, em tempos de pandemia viral, como a do novo coronavírus, pessoas acometidas pela EM precisam ficar mais atentas, pois alguns medicamentos podem reduzir a imunidade do organismo às infecções virais e alerta para a necessidade de atenção à doença. 

Segundo o médico que atende no Centro Clínico do Órion Complex, o impacto da Covid 19 está relacionado ao estágio de gravidade da Esclerose. Indivíduos bem controlados e com pequenos déficits não apresentam maiores riscos de complicações. “Por outro lado, pacientes com a doença mais avançada, idosos, cadeirantes ou mesmo acamados, que possuem outras comorbidades, como diabetes, pneumopatias ou cardiopatias podem fazer parte do grupo de risco”, detalha Alexandre. O portal da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla, inclusive, lista algumas condutas que precisam ser observadas para quem está em tratamento e cada fase da doença. 

O documento traz orientações importantes como usar preferencialmente serviços telefônicos ou on-line para entrar em contato e receber  atendimentos médicos e tratamentos multidisciplinares, que no caso da EM, pode envolver fisioterapias, massagens, pilates e outras rotinas que exigem contato físico.    

A EM é uma doença neurológica crônica em que as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central.  Suas causas envolvem tanto aspectos genéticos quanto ambientais. De acordo com Alexandre, existe uma predisposição genética envolvida, sobretudo em relação a genes relacionados ao MHC da classe 2, ligados ao sistema imunológico do ser humano. “Porém, uma série de outros genes podem também ter algum grau de influência. Fatores ambientais como o tabagismo, deficiência de vitamina D e algumas infecções virais também podem contribuir para a origem do processo auto-imune”, completa o médico. 

Embora haja formas progressivas da doença, o mais comum é que ela apareça de uma vez, e acomete em sua maior parte, pacientes adultos entre 18 e 55 anos, com predomínio entre as mulheres. Os surtos da doença são caracterizados por sintomas neurológicos súbitos, como alteração visual (neurite óptica), sintomas sensitivos, fraqueza, fadiga, vertigem, visão dupla, alterações da fala, paralisia facial, alterações neuropsiquiátricas, dentre outros.  

Mesmo com tantos avanços da medicina, a Esclerose Múltipla não tem cura, mas existem tratamentos com medicamentos imunomoduladores que são capazes de reduzir a possibilidade de novos surtos. Os tratamentos podem modificar a evolução da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente. “Para o tratamento especificamente dos surtos em geral utilizamos corticoides, plasmaférese ou imunoglobulinas. Outros imunossupressores, anticorpos monoclonais e demais terapias são utilizadas dependendo do contexto clínico apropriado”, explica o neurologista que lembra que a atividade física e um estilo de vida saudável também são de suma importância. A equipe envolvida no tratamento é, em geral, multidisciplinar, incluindo neurologia, oftalmologia, reumatologia, fisiatria, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, nutricionista e psicologia.


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