DATASUS aponta grande queda nas cirurgias de catarata realizadas no País. Doença dobra a chance de acidentes.
A pandemia de
COVID-19 provocou uma queda dramática no Brasil do número de cirurgias de
catarata realizadas pelo SUS (Sistema Único de Saúde). De março a agosto
deste ano foram realizados 204 mil procedimentos contra 311 mil no mesmo
período de 2019. Os dados são do DATASUS que atende a maior parte dos
brasileiros.
Segundo o
oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, perito em
Medicina do Trânsito e membro da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego
(ABRAMET) o relatório do DATASUS é alarmante. Isso porque, estudos mostram que
a catarata dobra o risco de acidentes no trânsito. Além desta redução nas
cirurgias, comenta, parte dos motoristas estão dirigindo com carteira vencida
por causa da interrupção dos exames de renovação neste período. Pior: O número
de brasileiros com mais de 60 anos esta aumentando e a maior causa da doença é
o envelhecimento. Outras causas elencadas pelo oftalmologista são o uso
permanente de corticoide, alta miopia, diabetes e traumas oculares.
Sintomas
Queiroz Neto
afirma que a catarata torna opaco nosso cristalino, lente interna do olho.
Quanto mais progride, menor a agilidade na direção. Isso porque, a visão
responde por 85% da nossa integração com o meio ambiente e, portanto, está
diretamente relacionada ao reflexo no trânsito que vamos perdendo conforme
envelhecemos Não por acaso, a última pesquisa nacional de saúde realizada pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para o Ministério da
Saúde mostra que entre 60 e 64 anos 6,8% dos brasileiros afirmam ter
alguma dificuldade para dirigir. Dos 65 aos 70 anos 12,2% e aos 75 anos
ou mais chega a 39,2%. Os principais sinais de alerta que indicam
catarata são:
- Mudança
frequente do grau dos óculos.
- Perda
da visão de contraste.
- Diminuição
da visão de profundidade
- Visão
de halos ao redor da luz.
- Dificuldade
de enxergar à noite ou em ambientes escuros.
- Aumento
da fotofobia (aversão à luz) a ponto de gerar cegueira momentânea causada
por faróis contra.
Diagnóstico
O oftalmologista
afirma que o diagnóstico de catarata é feito em uma consulta oftalmológica de
rotina. A maioria das pessoas nem desconfia ter a doença logo no início porque
a visão não sofre alterações perceptíveis. Por isso, é comum a cirurgia só
acontecer depois de meses e em alguns casos mais de um ano após o diagnóstico.
O especialista ressalta que o momento certo de operar é quando começa ficar
difícil realizar tarefas cotidianas como trabalhar no computador ou ler placas
de trânsito. Esperar a catarata madurar torna a cirurgia mais perigosa. “A
catarata muito madura impede a visualização do fundo do olho e a chance
de lesão na capsula do cristalino onde é mplantada a lente intraocular.
A cirurgia
A cirurgia é
ambulatorial e feita com anestesia local. Queiroz Neto explica que consiste em
aspirar o cristalino opaco com ultrassom através de um pequeno corte feito no
canto da íris, parte colorida do olho, e implantar uma lente intraocular no
espaço do cristalino. A boa notícia é que a cirurgia hoje pode ser feita de
forma personalizada. Significa que além de eliminara opacidade, corrige vícios
de refração e pequenas imperfeições. O laser de femtosegundo tornou o
procedimento maus seguro e preciso porque eliminou a imprecisão natural dos
cortes manuais. Quem já teve a indicação de cirurgia não deve continuar
adiando a operação por medo de contaminação pelo sar-cov-2 “Em menos de
meia hora é possível resgatar a autonomia e na maioria dos casos se
livrar dos óculos para corrigir miopia ou astigmatismo”, conclui.
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