Valorizar pessoas. Esse é o segredo para
transformar a cultura de uma empresa, afinal, elas são as principais
responsáveis por disseminar essa cultura convertendo-a em resultado. Mais do
que oferecer um espaço para descompressão e programa de funcionário do mês, a
valorização inclui confiar nos colaboradores e despender de um ambiente que
estimule a autonomia e a liberdade em todos os níveis, para sugerir ações e
melhorias. É um processo complexo, mas que acaba trazendo resultados bastante
positivos para as empresas - de acordo com um estudo do Forrester, companhias
com colaboradores engajados, possuem 81% a mais de satisfação do cliente.
Eu acredito que as pessoas sejam um fator decisivo
para geração de valor de um negócio, desde que exista espaço para elas.
Trabalhar valores como liberdade, responsabilidade e confiança é essencial para
que a inovação bata à porta – assim, o colaborador tem espaço para ir
além de suas atividades e a burocracia não impedirá que ele resolva os
problemas do dia a dia.
Há seis anos, quando expliquei aos meus amigos que
iria trazer para o Brasil uma empresa com os mesmos valores da matriz na
Holanda, que incentiva a autonomia e a liberdade, a frase que eu mais ouvi foi:
“É muito legal, mas com brasileiro não funciona”. Eles estavam errados – o
primeiro passo foi estabelecer uma relação de confiança mútua. Usando a
tecnologia e processos bem desenhados, a empresa fornece um ambiente no qual os
colaboradores conseguem entrar em um estado de mente chamado FLOW - no qual
você está altamente concentrado e, por isso, consegue tirar muitas atividades
da sua lista de tarefas e evita as interrupções.
É claro que dependendo do tamanho e tempo de vida
da empresa o processo de disseminar a cultura pode acontecer de forma mais
ágil. Um grande banco com 40 mil funcionários espalhados por escritórios em
diferentes regiões do país passará por esse processo de forma mais lenta que
uma empresa MPME recém-inaugurada com toda equipe no mesmo espaço de trabalho.
Ainda assim, em ambos os casos, alguns dos caminhos são os mesmos: incentivar
as lideranças a disseminarem a cultura entre suas equipes e contratar
colaboradores que tenham o perfil da cultura proposta.
É preciso aceitar que toda mudança leva tempo.
Tenho um cliente da área de TI de uma empresa, que investiu na mudança de
mindset mostrando que a equipe está lidando com pessoas e não com metas ou
apenas obedecendo “ordens” do chefe. Começaram a agir visando fazer a diferença
no trabalho dos colegas, criando a qualidade de vida para que ele pudesse
desempenhar melhor o seu trabalho e assim se sentir feliz e produtivo. Algum
tempo depois outras áreas começaram a notar as mudanças e se interessaram pelas
iniciativas tomadas pelo departamento de TI para aplicá-las em suas próprias
áreas.
Criar um ambiente de integração entre as áreas
acelera o processo de disseminação da cultura da empresa, e para isso é preciso
o entendimento que todos podem se ajudar. Proporcionar happy hour, salas
de descompressão com videogame e pebolim podem dar um ar divertido ao ambiente,
mas não pode ser a única estratégia. É preciso mostrar ao colaborador que é
possível realizar tarefas partindo de um caminho diferente e confiando que ele
terá a fluidez e autonomia necessárias para alcançar seus objetivos e fazer a
diferença no dia de outra pessoa é o que realmente torna um colaborador feliz,
construindo uma cultura positiva para a empresa.
Confiar nos colaboradores é dar liberdade para que
possam trabalhar a favor da mudança de mindset e, acredite, ver processos
arcaicos deixados para trás é libertador.
Tiago Krommendijk - diretor de operações da TOPdesk
Brasil. Formado em sociologia pela Wageningen University & Research, na Holanda,
atua pela empresa desde 2007 e foi o responsável por sua idealização no Brasil
em 2013.
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