Pesquisar no Blog

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

O paradoxo dos altos voos e as dificuldades de pouso

No vasto ecossistema empresarial, há criaturas majestosas que sempre chamam nossa atenção: os profissionais C-level. Com suas armaduras reluzentes, polidas pelos anos de experiência, e os títulos pomposos - CEO, CMO, CFO - eles representam o ápice da hierarquia corporativa. Contudo, por mais surpreendente que possa parecer, essas águias do mercado, quando fora de seus ninhos corporativos, às vezes encontram dificuldades em alçar novos voos. Mas como isso é possível?

Primeiro, é importante entender que o céu empresarial não é feito apenas de altitudes estratosféricas. Há uma teia complexa de relações, demandas e expectativas. Quando um profissional C-level deixa seu cargo, seja por decisão própria ou circunstâncias da vida, ele carrega consigo um legado. Para muitos recrutadores, esse legado é ambivalente: de um lado, a experiência inestimável; de outro, um conjunto de preconceitos e inseguranças sobre a capacidade desse profissional de se adaptar a novos cenários.

"Será que ele se adaptaria a nossa cultura?"; "E se suas expectativas salariais forem altas demais?"; "Será que ele não está super qualificado para o que temos?". Essas são perguntas que rondam a mente de quem decide sobre contratações.

Ademais, há uma percepção - nem sempre correta - de que os profissionais que já atingiram o ápice podem ser menos maleáveis, menos dispostos a mudar e, de certa forma, mais apegados às suas zonas de conforto. Essa imagem contrasta com o dinamismo que muitas empresas buscam em um mundo de negócios em constante transformação.

A visibilidade desses profissionais também pode ser uma faca de dois gumes. Ter uma marca pessoal forte é ótimo, mas pode também gerar resistências. Como uma borboleta que chama atenção pela sua envergadura e cores, o profissional C-level é visado, analisado e, muitas vezes, julgado antes mesmo de mostrar suas competências.

Por outro lado, essa dificuldade de recolocação também nos faz refletir sobre o próprio conceito de sucesso profissional. Talvez, no século XXI, a ideia de chegar ao topo e permanecer lá seja uma visão ultrapassada. A carreira moderna, liquida como diria Bauman, pede movimento, reinvenção e, acima de tudo, adaptabilidade.

Para os profissionais C-level que enfrentam esse desafio, talvez a solução não esteja em buscar o próximo grande título, mas em redescobrir o que os fez subir inicialmente: paixão, curiosidade e a capacidade de trazer mudanças significativas por onde passam.

Em uma era de startups, inovações disruptivas e horizontes profissionais em constante expansão, é preciso entender que o céu não é o limite, mas apenas um dos muitos panoramas que o profissional moderno pode explorar. E, às vezes, a descida pode ser tão enriquecedora quanto a subida.

Fica aqui uma dica aos recrutadores!

 

Francisco Carlos
CEO Mundo RH
www.mundorh.com.br

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados