sábado, 9 de agosto de 2025

Agosto Lilás Psicóloga alerta os sinais silenciosos de violência contra a mulher e como isso pode afetar o cérebro

 

Agosto é o mês da conscientização pelo fim da violência contra a mulher. A campanha Agosto Lilás, criada para reforçar a importância da Lei Maria da Penha, vai além das denúncias formais: é um momento para refletir sobre os tipos de violência que não aparecem nos noticiários, mas deixam cicatrizes profundas — inclusive no funcionamento do cérebro.

A psicóloga e neuropsicóloga Tatiana Serra, especialista em comportamento, destaca que a violência psicológica e emocional, muitas vezes invisível, pode ser tão devastadora quanto a física. “Estamos falando de relações marcadas por humilhação, controle, gaslighting, isolamento social e manipulação afetiva. Isso não deixa roxo no braço — mas pode desorganizar o sistema nervoso e comprometer áreas ligadas à memória, atenção, autoestima e capacidade de tomar decisões”, explica.


A violência que mexe com o cérebro

Tatiana lembra que o cérebro feminino exposto constantemente a ameaças emocionais entra em estado de alerta crônico. “O sistema de defesa se ativa, liberando altos níveis de cortisol. A longo prazo, isso pode levar a quadros de ansiedade, depressão, confusão mental e até alterações cognitivas”, aponta.

Em avaliações neuropsicológicas, a especialista relata que muitas mulheres apresentam queixas de esquecimento, insônia, dificuldade de foco e sensação de estarem 'desconectadas de si mesmas'. “Esses sintomas são comuns em vítimas de abuso emocional. É como se o cérebro estivesse tentando sobreviver a um campo de batalha invisível”, diz.


Sinais de alerta: quando procurar ajuda

Segundo a psicóloga, é importante desconstruir a ideia de que só existe violência quando há agressão física. “Frases como ‘você está louca’, ‘ninguém mais vai te querer’, ‘isso é culpa sua’ são formas de violência que destroem a autonomia emocional da mulher e precisam ser levadas a sério”, destaca.

Tatiana orienta que sinais como:

  • medo constante do parceiro,
  • baixa autoestima repentina,
  • isolamento de amigos e familiares,
  • culpa excessiva e
  • alterações de comportamento

devem ser observados com atenção — por si mesma e pelas pessoas próximas.


Denunciar é importante — mas acolher também é

A especialista reforça que nem sempre a vítima consegue sair da relação de forma imediata, e que o primeiro passo é o acolhimento sem julgamento. “A violência contra a mulher é também um problema de saúde mental pública. Precisamos oferecer espaços seguros, redes de apoio e acesso à psicoterapia, para que ela possa se reconhecer como vítima e se fortalecer emocionalmente”, afirma. 

Tatiana finaliza com um alerta: “Quem vive em uma relação que se diminui, se assusta ou se faz duvidar de si mesma o tempo todo, isso não é amor. É violência e quem sofre disso precisa saber que nunca está sozinha.”


Tatiana Serra, psicóloga e neuropsicóloga - CRP: 06/123778 - Neuropsicóloga pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), graduada em Psicologia pela Universidade Paulista (2014), analista do Comportamento pela Universidade de São Paulo (USP). Experiência de mais de 10 anos em Análise do Comportamento e desenvolvimento de famílias e equipe
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