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Educadora orienta famílias sobre os desafios do retorno, a importância da rotina e os impactos do uso excessivo de telas nas férias
Com o fim das férias, alunos de todas as idades
enfrentam o desafio da readaptação à rotina escolar. A transição entre um
período de horários livres e maior uso de telas e o retorno às aulas pode
causar resistência, cansaço, ansiedade e dificuldades de concentração, tanto
para os alunos quanto para as famílias.
Segundo
a educadora parental e especialista em infância e adolescência Priscilla
Montes, esse é um momento que exige mais presença, escuta e orientação dos
adultos. “A volta às aulas não é apenas sobre reorganizar a mochila ou comprar
material escolar. É um processo emocional, que pede acolhimento e parceria. A
criança precisa se sentir segura para se reconectar com os compromissos, com os
vínculos sociais e com os novos aprendizados”, afirma.
Um
ponto que merece atenção neste ano letivo é a lei que restringe o uso de
celulares nas escolas públicas e privadas, sancionada
recentemente. De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2024, 81% dos
brasileiros entre 9 e 17 anos já possuem celular próprio, e o
tempo médio de uso entre adolescentes pode ultrapassar quatro horas diárias.
Plataformas como WhatsApp, YouTube, Instagram e TikTok estão entre as mais
acessadas diariamente.
“Durante
as férias, esse tempo de tela tende a aumentar ainda mais, o que interfere
diretamente no sono, na concentração e até na disposição física. O retorno às
aulas, sem a presença constante do celular, será também um exercício de presença,
escuta ativa e redescoberta das interações reais. E isso pode ser
desconfortável no início, mas é essencial para o desenvolvimento saudável”, explica
a educadora.
Para
Priscilla, essa mudança de cenário pode gerar resistência, mas também
representa uma oportunidade de reencontro com a rotina escolar de forma mais
consciente. “O uso excessivo de telas afasta as crianças do tempo presente. E a
escola, quando acolhe e propõe vínculos reais, é justamente o espaço para
restaurar essa conexão com o agora.”
Ela
reforça que o papel da família é essencial para que esse recomeço aconteça com
tranquilidade: “Não adianta esperar que a criança ‘se ajuste sozinha’. A
previsibilidade da rotina, os combinados claros e a validação das emoções fazem
toda a diferença nessa fase”, ressalta.
Antes de retomar cobranças por desempenho ou produtividade, a especialista orienta que os adultos priorizem o vínculo e o cuidado. “Uma escuta afetuosa, uma conversa sobre o dia na escola e o reforço das conquistas diárias ajudam a criança a se sentir motivada e segura. A conexão vem antes da correção, sempre!”, afirma.Para um retorno mais leve e consciente, ela dá algumas dicas e orienta:
- Reorganize gradualmente os horários de sono e alimentação nos
dias anteriores à volta às aulas;
- Converse com a criança sobre as expectativas para o novo
semestre e escute como ela se sente em relação a isso.
- Acompanhe de perto o dia a dia escolar, valorizando os
pequenos avanços e fortalecendo o vínculo com a escola.
- Estabeleça combinados sobre o uso de telas em casa, criando
momentos de qualidade offline em família.

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