sábado, 9 de agosto de 2025

Volta às aulas: como apoiar a readaptação das crianças à rotina escolar?

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Educadora orienta famílias sobre os desafios do retorno, a importância da rotina e os impactos do uso excessivo de telas nas férias



Com o fim das férias, alunos de todas as idades enfrentam o desafio da readaptação à rotina escolar. A transição entre um período de horários livres e maior uso de telas e o retorno às aulas pode causar resistência, cansaço, ansiedade e dificuldades de concentração, tanto para os alunos quanto para as famílias. 

Segundo a educadora parental e especialista em infância e adolescência Priscilla Montes, esse é um momento que exige mais presença, escuta e orientação dos adultos. “A volta às aulas não é apenas sobre reorganizar a mochila ou comprar material escolar. É um processo emocional, que pede acolhimento e parceria. A criança precisa se sentir segura para se reconectar com os compromissos, com os vínculos sociais e com os novos aprendizados”, afirma. 

Um ponto que merece atenção neste ano letivo é a lei que restringe o uso de celulares nas escolas públicas e privadas, sancionada recentemente. De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2024, 81% dos brasileiros entre 9 e 17 anos já possuem celular próprio, e o tempo médio de uso entre adolescentes pode ultrapassar quatro horas diárias. Plataformas como WhatsApp, YouTube, Instagram e TikTok estão entre as mais acessadas diariamente. 

“Durante as férias, esse tempo de tela tende a aumentar ainda mais, o que interfere diretamente no sono, na concentração e até na disposição física. O retorno às aulas, sem a presença constante do celular, será também um exercício de presença, escuta ativa e redescoberta das interações reais. E isso pode ser desconfortável no início, mas é essencial para o desenvolvimento saudável”, explica a educadora. 

Para Priscilla, essa mudança de cenário pode gerar resistência, mas também representa uma oportunidade de reencontro com a rotina escolar de forma mais consciente. “O uso excessivo de telas afasta as crianças do tempo presente. E a escola, quando acolhe e propõe vínculos reais, é justamente o espaço para restaurar essa conexão com o agora.” 

Ela reforça que o papel da família é essencial para que esse recomeço aconteça com tranquilidade: “Não adianta esperar que a criança ‘se ajuste sozinha’. A previsibilidade da rotina, os combinados claros e a validação das emoções fazem toda a diferença nessa fase”, ressalta. 

Antes de retomar cobranças por desempenho ou produtividade, a especialista orienta que os adultos priorizem o vínculo e o cuidado. “Uma escuta afetuosa, uma conversa sobre o dia na escola e o reforço das conquistas diárias ajudam a criança a se sentir motivada e segura. A conexão vem antes da correção, sempre!”, afirma.Para um retorno mais leve e consciente, ela dá algumas dicas e orienta:

  • Reorganize gradualmente os horários de sono e alimentação nos dias anteriores à volta às aulas;
  • Converse com a criança sobre as expectativas para o novo semestre e escute como ela se sente em relação a isso.
  • Acompanhe de perto o dia a dia escolar, valorizando os pequenos avanços e fortalecendo o vínculo com a escola.
  • Estabeleça combinados sobre o uso de telas em casa, criando momentos de qualidade offline em família.

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