Espaço construído
no local da tragédia de 2019 é iniciativa inédita no país
Leo Drumond
Nitro
Aberto ao público desde janeiro de 2025, o Memorial
Brumadinho já é um dos mais significativos espaços de memória do Brasil.
Localizado onde a barragem da Mina Córrego do Feijão se rompeu em 2019,
vitimando 272 joias, o memorial convida visitantes de todo o país a conhecer,
refletir e não esquecer a maior tragédia humanitária já ocorrida em solo
brasileiro em um local de trabalho. E não esquecer para não repetir.
O Memorial é fruto de uma mobilização histórica
liderada pelos familiares das vítimas, que lutaram pelo direito à memória e por
um espaço digno de homenagem às chamadas “joias” — como passaram a se referir
aos entes perdidos. Com uma arquitetura que une simbolismo e sensibilidade, o
local fomenta a reflexão para o aprendizado.
Inaugurado seis anos após a tragédia, o Memorial
Brumadinho surgiu a partir da escuta ativa das famílias, com gestão
independente garantida pela Fundação Memorial de Brumadinho — uma instituição
privada, sem fins lucrativos, criada especialmente para manter e administrar o
espaço com participação direta dos familiares no conselho curador.
Mais que um espaço de lembrança, o Memorial é um
lugar de reflexão. Com dois espaços expositivos, um bosque com 272 ipês
amarelos — um para cada vida perdida —, uma escultura monumental, um espaço
meditativo, além de uma drusa de cristais e uma sala dedicada à guarda digna
dos segmentos corpóreos das vítimas, o local proporciona uma experiência forte
a todos que se dispõem a visitá-lo.
A visita é gratuita e o memorial já atraiu
visitantes de diversas partes do Brasil, que encontram ali não apenas um
tributo às vítimas, mas um território onde a memória serve como instrumento de
mudança.
Simbolismo
Semelhante à iniciativas internacionais como o
Memorial 11 de Setembro (EUA), o Memorial de Auschwitz (Polônia) e a ESMA
(Argentina), o Memorial Brumadinho também foi construído in situ — ou seja, no
local da tragédia. O objetivo é manter viva a lembrança do que não pode se
repetir e fomentar a reflexão sobre esse episódio marcante para o país.
Além das exposições, o Memorial desenvolve projetos
educativos e de pesquisa voltados a temas como meio ambiente, direito à
memória, geografia, história e reparação simbólica. Com isso, reafirma o
compromisso de se tornar referência em iniciativas que dialogam com memórias
traumáticas no Brasil e no mundo.
“Este não é apenas um espaço de lembrança”, afirma
Fabíola Moulin, presidente da Fundação Memorial de Brumadinho. “O Memorial
Brumadinho reflete o compromisso ético com a reparação simbólica e com a preservação
das memórias daqueles que foram vitimados pelo rompimento da barragem. É um
lugar que nos obriga a lembrar, a refletir e a lutar para que tragédias como
essa jamais voltem a acontecer”, conclui.
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