Psicóloga da Rede Mater Dei explica sobre o papel
da psicologia na qualidade do descanso
A insônia, caracterizada pela dificuldade de iniciar o
sono e mantê-lo de forma contínua durante a noite, ou pelo despertar antes do
horário desejado, é um problema que afeta 72% dos brasileiros, segundo estudos
da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A condição, que pode estar relacionada a
fatores como expectativas, problemas clínicos, emocionais ou excitação
associada a eventos específicos, é um dos principais distúrbios do sono no
país. A privação de sono, por sua vez, pode indicar alterações na saúde física
ou mental, sendo frequentemente associada a transtornos psiquiátricos, como
ansiedade, depressão e transtornos de personalidade.
A Semana do Sono, evento anual que ocorre em todo o
território nacional, tem como objetivo levar à população informações
qualificadas sobre a importância do sono para a saúde física e mental. Em 2025,
a semana será comemorada entre os dias 14 e 20 de março, trazendo à tona
discussões sobre como a psicologia e a qualidade do sono estão intrinsecamente
ligadas. A psicóloga clínica Mary Diniz, que atua nos Hospitais Mater Dei Santa
Clara e Mater Dei Santa Genoveva, da Rede Mater Dei em Uberlândia, explica como
os fatores psicológicos, emocionais e comportamentais influenciam diretamente o
descanso e o bem-estar dos indivíduos.
A relação entre Psicologia e qualidade do sono
De acordo com a psicóloga, a psicologia desempenha um papel
fundamental tanto na prevenção quanto no tratamento de distúrbios do sono.
Fatores como estresse, ansiedade e depressão podem prejudicar
significativamente a qualidade e a quantidade do sono, criando um ciclo vicioso
em que a falta de sono agrava os sintomas psicológicos e vice-versa. "O
sono é essencial para a regulação emocional e a recuperação psicológica.
Durante o sono, o cérebro processa emoções e experiências do dia, o que é
crucial para o equilíbrio mental", explica Mary Diniz.
Impacto do sono na saúde mental
A qualidade do sono tem uma relação direta com a saúde
mental. Distúrbios como insônia e apneia do sono estão frequentemente
associados a condições como depressão, ansiedade, transtorno bipolar e
transtornos psicóticos. A privação do sono pode intensificar os sintomas dessas
condições, afetando também a capacidade cognitiva, incluindo memória, atenção e
tomada de decisões. "Um sono reparador é fundamental para restaurar o
equilíbrio emocional e melhorar o humor, permitindo que a pessoa lide melhor
com as adversidades do dia a dia", destaca a psicóloga.
Fatores psicológicos que prejudicam o sono
Entre os principais fatores psicológicos que podem
prejudicar o sono estão o estresse, a ansiedade e a depressão. O estresse, seja
agudo ou crônico, ativa o sistema nervoso autônomo, elevando os níveis de
cortisol e dificultando o relaxamento necessário para o sono. Já a ansiedade,
caracterizada por preocupações excessivas e medos, pode levar a uma excitação
fisiológica que impede o adormecimento. A depressão, por sua vez, está
frequentemente associada a problemas significativos de sono, seja pela
dificuldade de adormecer ou pelo excesso de sono.
Estratégias para quebrar o ciclo vicioso
Para interromper o ciclo vicioso entre a falta de sono e os
problemas mentais, a psicóloga recomenda uma série de estratégias. A terapia,
ou psicoterapia, é uma das abordagens mais eficazes, ajudando a promover
mudanças de pensamentos disfuncionais e melhorar a higiene do sono. A meditação
também é uma prática recomendada, pois ajuda a reduzir os níveis de estresse e
ansiedade. Em casos mais graves, a medicação pode ser necessária, mas sempre
com acompanhamento médico.
“Além disso, a higiene do sono é fundamental. Estabelecer
uma rotina de sono consistente, criar um ambiente propício ao descanso e evitar
substâncias estimulantes antes de dormir são práticas que podem ajudar a
melhorar a qualidade do sono. A prática regular de exercícios físicos também é
benéfica, pois ajuda a reduzir o estresse e regular o ritmo circadiano”, afirma
Mary.
O Impacto da tecnologia no sono
O uso excessivo de tecnologia, especialmente celulares antes
de dormir, pode ter um impacto significativo na qualidade do sono e na saúde
mental. A luz emitida pelas telas interfere na produção de melatonina, hormônio
responsável por regular o sono, além de manter o cérebro ativo e aumentar a
ansiedade. "O uso de dispositivos eletrônicos antes de dormir pode atrasar
o início do sono e reduzir sua qualidade, além de afetar diretamente a saúde
mental, aumentando a ansiedade e a depressão", alerta a especialista.
Educação sobre o sono
Profissionais de saúde têm um papel essencial na educação
das pessoas sobre a importância do sono. Durante as consultas de rotina,
médicos, psiquiatras, psicólogos e enfermeiros podem fornecer informações sobre
os benefícios do sono adequado e as consequências da privação do sono.
Campanhas de conscientização também são formas eficazes de educar a população.
Além disso, o diagnóstico e tratamento adequados de distúrbios do sono são
fundamentais para restabelecer a qualidade de vida dos pacientes.
Mary lembra que a
qualidade do sono é um pilar fundamental para a saúde mental e física. “Através
de orientações adequadas, práticas de higiene do sono e, quando necessário,
intervenções terapêuticas e medicamentosas, é possível melhorar
significativamente a qualidade do descanso e, consequentemente, o bem-estar
geral”.
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