Especialista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz ressalta os principais fatores de risco para o desenvolvimento da Doença Renal Crônica
Para conscientizar a população sobre a importância da prevenção e
apoiar pacientes que convivem com alguma Doença Renal Crônica (DRC), celebra-se
nesta quinta-feira, 13 de março o Dia Mundial do Rim. Nesse ano, a campanha
promovida pela Sociedade Brasileira de Nefrologia tem como tema: "Seus
rins estão ok? Faça exame de creatinina para saber!", enfatizando a
detecção precoce por meio dessa medição.
No Brasil, a Doença Renal Crônica (DRC) é uma preocupação crescente,
dados do Ministério da Saúde apontam que, entre 2019 e 2023, houve um aumento
de mais de 150% no número de atendimentos relacionados à condição na rede
pública. Além disso, ainda segundo o ministério, a prevalência estimada de DRC
em adultos é de 6,7%, triplicando em indivíduos com 60 anos ou mais.
De acordo com Dr. Américo Cuvello, chefe do Centro Especializado
em Nefrologia e Diálise do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o diagnóstico precoce
se torna fundamental uma vez que as doenças renais muitas vezes são
assintomáticas em estágios iniciais e intermediários, sendo o exame de
creatinina o método mais acessível e eficaz para investigar a função renal.
A creatinina é uma substância produzida pelos músculos como
resultado do metabolismo da creatina, composto essencial para a geração de
energia. Normalmente, os rins filtram a creatinina do sangue, a eliminando pela
urina. Quando a função renal está comprometida, os níveis de creatinina no
sangue tendem a aumentar, pois os rins não conseguem eliminá-la adequadamente.
Portanto, alterações nos valores de creatinina podem indicar desde
pequenas disfunções renais até quadros mais graves de insuficiência renal. O
acompanhamento regular desse exame é essencial para detectar precocemente
qualquer alteração na função renal e evitar a progressão da doença.
O médico destaca que os grupos de risco incluem: pessoas com
doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes, obesidade, tabagistas
e idosos. "É crucial que indivíduos com esses fatores de riscos, ou com
histórico familiar de problemas renais, incluam em seus check-ups de rotina
exames de urina com medição de creatinina para avaliar o funcionamento dos
rins", orienta o especialista.
Alguns sinais podem indicar a necessidade de investigação médica.
Alterações visíveis na coloração e consistência da urina, por exemplo, podem
indicar problemas renais. “A presença de espuma excessiva ao urinar pode
significar perda de proteína pelos rins e algum grau de lesão renal. Já a
presença de sangue pode ser um indício de patologia renal ou das vias
urinárias. Nestes casos, sempre é necessária a avaliação de um médico”, reforça
o especialista.
Nutrição e saúde renal
A alimentação tem um papel crucial no controle das doenças renais.
O nefrologista explica que a dieta do paciente renal deve ser adaptada conforme
o estágio da doença. “Indivíduos s em tratamento conservador podem necessitar
de restrição proteica, enquanto aqueles que iniciam a diálise podem precisar de
uma maior ingestão de proteínas”, explica.
O equilíbrio entre macronutrientes também deve ser avaliado. O
consumo excessivo de sódio e proteínas pode agravar a formação de cálculos
renais, e a ingestão exagerada de fósforo e potássio, encontrados em
refrigerantes, chocolates, embutidos e algumas frutas, como a carambola, pode
causar complicações em pacientes renais, tornando o acompanhamento nutricional
essencial para a manutenção da saúde.
A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que a
ingestão de sódio não ultrapasse 2 gramas por dia, o equivalente a
aproximadamente 5 gramas de sal de cozinha. Já a ingestão de proteínas deve ser
ajustada conforme a condição renal do paciente, sendo geralmente recomendada
entre 0,8 a 1 grama por quilo de peso corporal para indivíduos saudáveis,
enquanto pacientes com DRC podem precisar de restrições específicas conforme
orientação médica.
“Dietas ricas em carnes vermelhas, embutidos e fast food podem
aumentar a concentração de cálcio na urina e favorecer o surgimento de cálculos
renais”, alerta o especialista.
Beba água
Outro fator importante é a hidratação. A baixa ingestão de água
aumenta significativamente o risco de formação de cálculos renais. “Não há uma
quantidade exata de litros de água que as pessoas devem ingerir diariamente,
mas o ideal é que não sintam sede, pois isso já é um sinal de desidratação. Um
bom indicativo de hidratação é a frequência urinária, o ideal é urinar pelo
menos uma ou duas vezes por período do dia, com urina clara e sem odor forte”,
orienta o Dr. Américo.
“Hoje sabemos que 80% dos pacientes com diagnóstico de DRC são
portadores de diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica e síndrome
metabólica. O controle adequado dessas condições e hábitos de vida saudáveis,
são fundamentais para a prevenção da doença”, explica o especialista.
Embora a hemodiálise seja a forma mais conhecida de terapia renal substitutiva, o Centro de Nefrologia e Diálise do hospital disponibiliza todas as técnicas, sempre priorizando a individualização dos cuidados e a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, a instituição conta com nefrologistas altamente capacitados para oferecer o que há de mais atualizado no tratamento conservador. Também dispõe de equipes especializadas em transplante renal, garantindo a melhor alternativa terapêutica para cada caso.
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