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Embora a tuberculose
seja frequentemente vista como uma doença do passado, ela ainda acomete muitas
pessoas. A doença foi amplamente controlada em muitos países, mas continua a
ser um problema de saúde pública, inclusive no Brasil. Dados do DataSUS mostram
que, em 2024, o Sistema Único de Saúde registrou 12.190 internações por
tuberculose pulmonar e 1.178 óbitos. Os números foram maiores do que em 2023,
quando foram contabilizadas 11.927 internações (+ 2,2%) e 1.126 mortes (+
4,62%).
Neste mês, a data
de 24 de março é marcada como Dia Mundial de Combate à Tuberculose e o cenário
da doença no Brasil traz um alerta de que é preciso fazer muito para esse
enfrentamento. Estudo desenvolvido pelo Instituto Gonzalo Muniz, braço da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na Bahia, aponta que as atuais políticas
públicas em curso no Brasil não serão suficientes para que o país atinja as
metas fixadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) voltadas para a
eliminação da tuberculose, que são, em 2035, reduzir em 95% a mortalidade e em
90% o número de casos; e, em 2045, exterminar a doença.
O tratamento da
tuberculose envolve o uso prolongado de medicamentos e acompanhamento médico,
com custos significativos. Por meio de seu banco de dados, a Planisa - líder em
soluções para gestão de custos na saúde na América Latina – apurou os custos
dos pacientes do SUS, que foram codificados por meio da SIGTAP (Sistema de
Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e
Materiais) no código do procedimento: 03.03.01.021.5 – Tratamento de
Tuberculose (A15 a A19). O SIGTAP registra e classifica os procedimentos
realizados no âmbito da saúde pública no Brasil, sendo fundamental para o
controle, a gestão e o pagamento de serviços de saúde no SUS.
O estudo da
Planisa analisou181 pacientes e o custo médio chegou a R$ 10.906 por
tratamento, evidenciando a carga financeira significativa para os sistemas de
saúde pública. “O custo por paciente pode variar amplamente, dependendo da
gravidade da doença e do contexto local. Os tratamentos podem durar de seis
meses a dois anos, exigem recursos consideráveis, incluindo medicamentos de
primeira e segunda linha; diagnósticos laboratoriais, como cultura de escarro e
exames moleculares; e internações hospitalares em casos graves”, fala o diretor
de Serviços da Planisa e especialista em custos hospitalares, Marcelo Tadeu
Carnielo.
Um estudo feito por pesquisadores da Fiocruz Bahia, e publicados no periódico
The Lancet Regional Health – Americas, em novembro de 2024, mostrou que o custo
total da tuberculose para o sistema de saúde pública entre 2015 e 2022 foi de
aproximadamente US$ 1,3 bilhão. Embora os custos tenham variado de acordo com
cada população, a atenção é atraída para os gastos com casos de retratamento,
totalizando US$ 23,5 milhões. “É importante notar que esse valor não considera
o custo do primeiro tratamento para cada paciente. Além disso, uma grande parte
dos casos de retratamento apresentou LTFU (Long-Term Follow-Up, que significa
"seguimento a longo prazo”) como o resultado do tratamento
anti-tuberculose, potencialmente representando uma grande barreira para a
sustentabilidade do sistema de saúde”, salienta a pesquisa.
Custos
indiretos: Impacto econômico e social
O diretor de
Serviços da Planisa lembra que a tuberculose também acarreta custos indiretos,
que podem ser ainda mais expressivos. “Há a perda de renda, pois os pacientes.
muitas vezes. são afastados do trabalho durante o tratamento, o que afeta
diretamente sua renda familiar; há o impacto na produtividade, uma vez que a
doença reduz a capacidade de trabalho dos indivíduos, afetando a economia em
geral; além das sequelas e custos futuros, já que casos avançados podem deixar
sequelas permanentes, exigindo tratamentos de longo prazo e aumentando os
gastos com saúde”, lista.
Desafios no
controle de custos
Carnielo pontua
que, apesar da disponibilidade de tratamentos gratuitos em muitos países, como
o Brasil, a falta de diagnóstico precoce e a adesão inadequada ao tratamento
aumentam os custos. “Além disso, a resistência bacteriana eleva o preço das
medicações e prolonga o tempo necessário para a cura”, conclui.
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