Médico esclarece como o anticoncepcional pode
auxiliar no controle da doença
A endometriose é uma condição que afeta milhões de mulheres em todo o mundo, causando dor intensa e impactando significativamente a qualidade de vida. Quando o assunto é tratamento, muitas pacientes têm dúvidas sobre a eficácia dos anticoncepcionais na gestão dessa doença.
Para esclarecer essas questões, Dr. Patrick Bellelis,
ginecologista especializado em endometriose e colaborador do Hospital das
Clínicas da Universidade de São Paulo, responde às principais dúvidas
relacionadas ao tratamento de endometriose com anticoncepcionais. Confira:
O anticoncepcional cura a endometriose?
Embora não curem a endometriose, os contraceptivos podem desempenhar um grande papel no controle dos sintomas.
Estimulado pelo hormônio estrógeno, o endométrio reveste o útero e se desenvolve todos os meses, preparando o órgão para uma possível gravidez. Quando ela não ocorre, esse resíduo é “descartado” através da menstruação. Na endometriose, esse tecido se forma fora da cavidade uterina, causando desconforto intenso e irregularidades menstruais — e é justamente nesse ponto que os hormônios sintéticos agem.
“A progesterona presente nos anticoncepcionais age em oposição ao
estrógeno. Por isso, os contraceptivos são uma boa ferramenta para reduzir o
crescimento e inflamação do endométrio fora do útero, aliviando a dor e, em
alguns casos, diminuindo a progressão da doença”, afirma Bellelis.
Todos os anticoncepcionais são igualmente eficazes para tratar a
endometriose?
Hoje, no mercado, todos os anticoncepcionais têm progesterona em suas fórmulas e podem tratar a endometriose com eficácia. “Algumas vezes, esse método é recomendado para suprimir a menstruação, mas isso não altera a evolução da doença. É comum que optemos pela supressão da menstruação apenas para melhora da qualidade de vida da paciente", explica.
A escolha da pílula também deve levar em consideração a gravidade
dos sintomas e as necessidades individuais.
Anticoncepcionais hormonais são seguros a longo prazo para mulheres com
endometriose?
Sob a supervisão médica adequada, os anticoncepcionais hormonais são geralmente seguros para uso no longo prazo. No entanto, não são recomendados para mulheres com risco elevado de câncer de mama e trombose.
“É importante monitorar regularmente a paciente para avaliar a
resposta ao tratamento e qualquer efeito colateral potencial. Cada uma pode
responder de maneira diferente aos diferentes tipos de anticoncepcionais”,
comenta Patrick.
Como os anticoncepcionais auxiliam no controle da endometriose?
Ao interromper o ciclo menstrual normal ou reduzir os níveis de estrogênio, os anticoncepcionais podem criar um ambiente menos favorável para o crescimento da endometriose. Além de aliviar a dor e reduzir a progressão da doença, eles ajudam a regular o ciclo menstrual e podem diminuir a formação de novos tecidos endometriais fora do útero.
“Por mais que os anticoncepcionais não sejam uma cura definitiva
para a endometriose, eles são uma ferramenta para o manejo dos sintomas e a
melhoria da qualidade de vida das pacientes. É essencial que mulheres com essa
condição discutam suas opções com um ginecologista especializado para encontrar
o tratamento mais adequado às suas necessidades”, conclui o médico.
Clínica Bellelis - Ginecologia
Patrick Bellelis - Doutor em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP); graduado em medicina pela Faculdade de Medicina do ABC; especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); além de ser especialista em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pelo Hospital das Clínicas da USP. Possui ampla experiência na área de Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva, atuando principalmente nos seguintes temas: endometriose, mioma, patologias intrauterinas e infertilidade. Fez parte da diretoria da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) de 2007 a 2022, além de ter integrado a Comissão Especializada de Endometriose da FEBRASGO até 2021. Em 2010, tornou-se médico assistente do setor de Endometriose do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da USP; em 2011, tornou-se professor do curso de especialização em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva — pós-graduação lato sensu, do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês; e, desde 2012, é professor do Instituto de Treinamento em Técnicas Minimamente Invasivas e Cirurgia
Nenhum comentário:
Postar um comentário