Condição pode ameaçar a vida da mãe e
do bebê; ONG Prematuridade.com alerta sobre a importância do pré-natal de
qualidade e da realização regular de exames Freepik
O Brasil está
entre os países com o maior número de nascimentos prematuros no mundo, e uma
das principais causas desse problema é a pré-eclâmpsia, um distúrbio
hipertensivo que afeta cerca de 5% das mulheres grávidas. A condição, que se
manifesta após a 20ª semana de gestação, é diagnosticada durante o pré-natal
por meio da identificação de hipertensão arterial e proteinúria (presença de
proteína na urina).
“A doença pode comprometer diversos órgãos, incluindo
rins, sistema hematológico e fígado. Nos casos mais graves, pode evoluir para
eclâmpsia, caracterizada por convulsões, colocando em risco a vida da mãe e do
bebê”, explica o obstetra especialista em perda gestacional e pré-natal de alto
risco, Dr. Arlley Cleverson, consultor da ONG Prematuridade.com.
O médico destaca que o problema está associado a
alterações vasculares e inflamatórias que impactam diretamente a saúde
materno-fetal.
Alguns fatores de risco aumentam a probabilidade de
desenvolver pré-eclâmpsia, incluindo hipertensão crônica, histórico da doença
em gestações anteriores, diabetes, trombofilia (como a Síndrome
Antifosfolípide), obesidade, gravidez gemelar, histórico familiar e doenças
autoimunes, como lúpus. Em certas situações, o sistema imunológico da gestante
libera proteínas que afetam os vasos sanguíneos, provocando vasoconstrição e
elevação da pressão arterial, o que pode levar à evolução para eclâmpsia.
As complicações podem ser severas. Para a mãe, uma
das mais graves é a Síndrome HELLP, caracterizada por hemólise (destruição das
hemácias), elevação das enzimas hepáticas e queda das plaquetas. Para o bebê, a
pré-eclâmpsia pode levar à restrição do crescimento intrauterino devido à
insuficiência placentária, podendo resultar em óbito fetal ou neonatal.
De acordo com o especialista, cerca de um terço dos
casos de pré-eclâmpsia resultam em parto prematuro. "Isso ocorre porque a
insuficiência placentária impede o fornecimento adequado de oxigênio e
nutrientes para o feto, tornando necessária a interrupção precoce da gestação
para preservar a vida do bebê", alerta.
Alguns fatores que podem aumentar o risco incluem
doenças autoimunes, diabetes, obesidade, doença renal crônica, fertilização in
vitro, histórico familiar, idade materna superior a 40 anos ou gravidez na
adolescência. No entanto, é importante ressaltar que a pré-eclâmpsia pode
surgir mesmo em mulheres sem essas condições preexistentes.
Diante da gravidade do quadro, o acompanhamento
pré-natal regular é essencial. “Gestantes devem monitorar frequentemente a
pressão arterial e procurar atendimento médico imediato se os valores
ultrapassarem 140/90 mmHg de forma recorrente ou atingirem 160/110 mmHg. Outros
sinais de alerta incluem dor de cabeça intensa, alterações visuais, tontura,
dor abdominal intensa (especialmente no lado direito abaixo das costelas),
náuseas e mal-estar”, destaca o Dr. Arlley.
Dados do Ministério da Saúde: Em 2023 (últimos dados
disponíveis) foram registrados 7.846 casos de pré-eclâmpsia, entre os tipos
moderado, grave e não especificado. Os dados referentes ao ano passado, ainda
são parciais. No último dia 14 de fevereiro, o Ministério da Saúde, divulgou
uma nota técnica compreendendo que a suplementação de cálcio se configura como
uma importante estratégia para redução da morbimortalidade materna, principalmente
de mulheres negras e indígenas. O órgão passou a orientar o uso universal do
carbonato de cálcio para gestantes com início na 12ª semana de gestação até o
momento do parto, com objetivo de prevenir pré-eclâmpsia. Em nota, “a adoção
dessa prática no âmbito da APS, na rotina das Unidades Básicas de Saúde (UBS),
possibilitará o cuidado integral às gestantes durante o pré-natal, com vistas
ao alcance do cuidado em saúde com universalidade e equidade étnico-racial”.
A ONG Prematuridade.com atua intensamente na
disseminação de informação sobre os fatores que podem levar ao parto prematuro,
incluindo a pré-eclâmpsia. A entidade reforça a importância do pré-natal de
qualidade e da realização de exames de rotina.
“Além do monitoramento dos sintomas, é essencial
manter uma alimentação equilibrada, ingerir bastante líquido e, se indicado
pelo médico, utilizar AAS ou suplementação de cálcio para reduzir os riscos da
doença”, finaliza o especialista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário