Em um mundo cada vez mais competitivo, a alfabetização é a chave para o sucesso
acadêmico e social. No entanto, cerca de 4% das crianças brasileiras enfrentam
um obstáculo significativo nesse caminho: a dislexia. Esse transtorno
específico de aprendizagem, que se manifesta principalmente durante a fase de
alfabetização, pode impactar profundamente o futuro dessas crianças,
dificultando não apenas a leitura e a escrita, mas também sua autoconfiança e
interação social.
De acordo com o
Dr. Gilberto Ferlin, médico foniatra do Hospital Paulista, para entender melhor
a dislexia é fundamental realizar o “diagnóstico etiológico”, que investiga a
origem do distúrbio. “Identificar as causas subjacentes frequentemente
encontradas no desenvolvimento atípico da linguagem permite um planejamento
mais assertivo das terapias, ajudando a minimizar as dificuldades acadêmicas e
sociais associadas”, enfatiza o médico.
Déficit de atenção
Ele explica que, muitas vezes, a dislexia não aparece isoladamente. O déficit
de atenção, um transtorno que afeta a capacidade de concentração e o controle
dos impulsos, pode ocorrer junto com a dislexia, tornando o aprendizado ainda
mais desafiador. “Crianças com ambos os distúrbios enfrentam um panorama
complicado, pois as dificuldades de foco podem agravar os problemas de leitura
e escrita. Essas crianças podem se sentir ainda mais frustradas, pois, além das
dificuldades específicas da dislexia, elas lidam com a falta de atenção e
organização”, esclarece.
Por isso que o
diagnóstico correto é tão importante – conforme destaca o Dr. Ferlin. “O médico
foniatra desempenha um papel fundamental, buscando alterações na linguagem e no
comportamento que possam explicar o quadro. Um diagnóstico preciso pode guiar o
tratamento de maneira integrada, abordando tanto a dislexia quanto o déficit de
atenção”.
Particularidades
A particularidade
de cada caso, por sua vez, demanda intervenções especificas para as múltiplas
combinações possíveis, tanto para o diagnóstico de TDAH como dos transtornos
específicos de aprendizagem, especialmente se associados ou não.
A eficácia das
intervenções pode passar por adequação dos métodos de ensino. Propostas como
avaliações orais, atividades práticas e prazos mais longos para tarefas
escritas são algumas das estratégias recomendadas. “As habilidades de leitura e
escrita são formas simbolizadas de comunicação e dependem da linguagem. Assim,
o foco deve estar nas habilidades linguísticas, que são essenciais para a
aprendizagem”, destaca o médico.
Conscientização
Com a aproximação do Dia das Crianças, Dr. Ferlin alerta sobre a importância da conscientização em torno da dislexia, do déficit de atenção e dos transtornos de linguagem. “É vital que a sociedade reconheça o impacto que esses transtornos podem ter na vida social e acadêmica das crianças. A identificação precoce é um passo crucial, e os pais têm um papel central nesse processo”.
Abaixo seguem os principais sinais que pais e professores devem sempre observar
nas crianças:
Sinais de dificuldades/transtorno de aprendizagem:
Dificuldades de leitura. Ou seja, leitura lenta e
hesitante; erros frequentes ao ler palavras, mesmo que já conhecidas.
Problemas com a escrita. Ou seja, dificuldade em
escrever palavras corretamente (ortografia); reescrever frequentemente ou
evitar tarefas de escrita.
Dificuldades em matemática. Ou seja, dificuldade com
senso numérico, memorização de fatos aritméticos, precisão e fluência em
cálculos e raciocínio matemático.
Sinais de alterações em habilidades linguísticas. Ou
seja, nashabilidades que as pessoas
desenvolvem ao se relacionarem e comunicarem umas com as outras.
Dificuldades em rimar ou aprender canções. Ou seja, em
reconhecer ou criar rimas, assim como em memorizar letras de músicas.
Confusão com sons e letras. Isto é, dificuldade em
identificar e manipular sons de palavras (fonemas). É comum a inversão ou troca
de letras em palavras (ex: "b" por "d").
Sinais de Déficit de Atenção (TDAH):
Dificuldade em Manter a Atenção. Ou seja, em se
concentrar em tarefas ou atividades, além do desvio frequente de atenção
durante aulas ou tarefas.
Impulsividade. Ou seja, dificuldade em esperar a sua vez
ou interromper os outros. Tomar decisões precipitadas sem pensar nas
consequências.
Desorganização. Ou seja, dificuldade em seguir
instruções ou completar tarefas. Bagunça frequente em materiais escolares e
ambiente.
Hiperatividade. Isto é, agitação constante, dificuldade
em ficar parado. Necessidade de se mover frequentemente, mesmo em situações
inadequadas.
Desatenção que gera “esquecimento”. Não lembrar de
compromissos, tarefas ou objetos pessoais. Dificuldade em lembrar-se de
instruções ou recados.
Obs: Se pais ou professores notarem esses sinais, é importante buscar uma
avaliação profissional. O diagnóstico precoce pode facilitar intervenções
adequadas e ajudar as crianças a desenvolverem suas habilidades de aprendizagem
e sociais. Além disso, um ambiente de apoio e compreensão é fundamental para o
sucesso dessas crianças.
Hospital Paulista de Otorrinolaringologia
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