No Dia do Amigo, celebrado em 20 de julho, psicóloga do CEJAM esclarece a dúvida e oferece orientações para cultivar as relações
Muitos afirmam que a solidão é o mal do século. De
fato, a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a gravidade desse
sentimento, tornando-o uma prioridade de saúde global para os próximos três
anos.
Pesquisa realizada pela Meta-Gallup em 142 países revelou que um
quarto da população mundial se sentia sozinha em 2023, representando aproximadamente
um bilhão de pessoas. No entanto, suspeita-se que esses números possam ser
ainda maiores. E o aspecto mais preocupante foi que as taxas mais altas de
solidão foram relatadas principalmente entre adultos, com idades entre 19 e 29
anos.
A falta de alguém para compartilhar momentos pode trazer sérios
prejuízos à saúde. De acordo com a Brigham Young University, nos Estados
Unidos, a situação pode ser tão prejudicial quanto o consumo diário de 15
cigarros.
Contudo, uma das estratégias para minimizar esses impactos é
fortalecendo as conexões com outras pessoas, e é aqui que a amizade desempenha
um papel crucial.
"Na vida adulta, as responsabilidades e compromissos, como
trabalho, família e relações amorosas, aumentam e passam a ser prioridades.
Isso deixa menos tempo e energia para investir em boas e novas amizades",
afirma Ana Paula Ribeiro Hirakawa, psicóloga do CEJAM - Centro de Estudos e
Pesquisas Dr. João Amorim.
Fatores como falta de tempo, preferência por comunicações via
redes sociais e superficialidade nas conversas podem agravar esse cenário.
Traumas passados e experiências negativas também podem influenciar
negativamente na capacidade de estabelecer confiança e criar conexões.
"Há inúmeros fatores que dificultam o fortalecimento das
amizades na fase adulta. Diferentemente da infância, as amizades tendem a ser
mais seletivas e baseadas em valores e interesses compartilhados, o que pode
ser considerado um desafio adicional", explica a psicóloga.
Mas, apesar dos obstáculos, a profissional garante que é possível
manter amizades antigas e construir novos laços. “Para isso, é importante estar
disposto a criar e buscar oportunidades para interações significativas, onde se
possa compartilhar experiências e emoções profundas, de preferência presencialmente.”
No caso da busca de novas relações, participar de atividades que
despertem o interesse pessoal e permitam encontrar pessoas com afinidades
similares pode ser um excelente ponto de partida.
Algumas ações que podem facilitar esse processo incluem
integrar-se a grupos ou clubes, oferecer-se como voluntário para causas que
façam sentido, comparecer a eventos sociais e de trabalho, além de manter-se
aberto e acessível. Ter uma escuta ativa e empática durante as conversas é
fundamental.
É essencial ter em mente que a amizade, acima de tudo, é uma via
de mão dupla, exigindo dedicação de ambas as partes. Não se trata apenas de
encontrar pessoas com interesses semelhantes, mas também de estar disposto a
investir tempo e energia na construção desses relacionamentos.
Uma pesquisa publicada pelo Journal of Personal and Social
Relationships concluiu que indivíduos que acreditam que a amizade depende
do acaso tendem a se sentir mais solitários. Em contrapartida, aqueles que
entendem que ter amigos requer esforço sentem-se menos solitários e,
consequentemente, possuem um maior número.
"Normalmente, levamos cerca de 30 horas de interação para
criar uma amizade casual. Para relações mais profundas, precisamos de mais, são
necessárias 140 horas para se conquistar um bom amigo e 300 para criar um
vínculo realmente significativo. Não tem jeito, esse processo requer tempo e
interesse de ambas as partes”, complementa Ana Paula.
A presença de amigos possui um impacto significativo e incontestável no dia a dia. Eles desempenham um papel crucial no bem-estar, além de promover a saúde física e mental. A troca de experiências, risos e até mesmo momentos de tristeza com eles torna a vida mais leve.
"A amizade tem o poder de proporcionar suporte emocional, intensificar a sensação de pertencimento e reduzir o estresse. Elas oferecem um ambiente seguro para a expressão de sentimentos, validação e apoio, e auxiliam na regulação emocional e no fortalecimento da autoestima", conclui a especialista.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial
site da instituição
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