Especialista
aborda a importância da inclusão e do atendimento diferenciado no contexto educacional
A convivência no ambiente escolar desempenha um
papel fundamental no desenvolvimento social e na saúde mental de crianças e
jovens. Ana Paula Barbosa, psicopedagoga e professora de Serviço Social do
Centro Universitário de Brasília (CEUB) afirma que o ambiente escolar precisa
ser inclusivo, acolhedor e preparado para atender às necessidades específicas
de cada criança, garantindo seu desenvolvimento integral e a promoção de uma
sociedade mais justa e igualitária.
Ana Paula destaca a importância da inclusão social
de crianças com deficiência no ambiente escolar, afirmando que a Lei do
Estatuto da Pessoa com Deficiência, aprovada em 2015, assegurou esse direito.
No entanto, ela ressalta que a inclusão escolar ainda é um desafio, com muitas
famílias enfrentando dificuldades para encontrar vagas em escolas privadas ou
acesso a salas de recursos na rede pública.
De acordo com pesquisa realizada pela Fundo das
Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 2022, a exclusão escolar afeta
principalmente os mais vulneráveis. Na classe AB, 4% não frequentam a escola,
enquanto na classe DE esse percentual chega a 17%, quatro vezes maior. Entre os
motivos para não frequentar a escola estão o trabalho, dificuldades de
aprendizagem e cuidado com familiares. Transporte, gravidez, desafios
relacionados à deficiência e racismo também foram citados. Mesmo entre os
estudantes que estão atualmente na escola, 21% consideraram desistir nos
últimos três meses, principalmente devido à dificuldade em acompanhar as
explicações e atividades dos professores.
"A inclusão não se resume apenas à matrícula,
mas também à garantia de condições adequadas para que a criança com deficiência
possa conviver e aprender no ambiente escolar", explica Ana Paula. Ela
destaca a importância de equipes multiprofissionais, acessibilidade e recursos
pedagógicos para proporcionar um ambiente acolhedor e propício ao
desenvolvimento dessas crianças.
Como estratégia de desenvolver um atendimento
diferenciado, a psicopedagoga ressalta a necessidade de uma avaliação
individualizada das necessidades de cada criança. Ela enfatiza a importância de
contar com profissionais como psicólogos, psicopedagogos e neuropsicopedagogos,
que possam oferecer suporte especializado para atender às demandas específicas
de cada criança.
"A inclusão exige uma equipe especializada,
com conhecimentos técnicos e teóricos para amparar as crianças e suas
famílias", ressalta Ana Paula. A professora destaca a importância das
salas de recursos e do cumprimento das políticas de inclusão para proporcionar
um atendimento educacional especializado adequado.
Ao abordar a questão do ambiente de aprendizagem,
Ana Paula reforça a importância da inclusão das crianças com deficiência nas
mesmas salas de aula que as demais. No entanto, ela destaca a necessidade de
ajustes na estrutura e no número de profissionais para garantir uma inclusão
efetiva. "Essa tarefa demanda mais atenção, planejamento e acolhimento por
parte da escola. É necessário aumentar o número de professores e auxiliares ou
reduzir o tamanho das turmas para que a inclusão aconteça de forma
adequada", afirma.
Sobre o papel da escola no desenvolvimento social
das crianças com deficiência, a psicopedagoga ressalta sua importância
fundamental. Ela destaca que a escola é o espaço onde as crianças passam grande
parte de seu tempo e desenvolvem suas habilidades sociais "Ser inclusivo
movimenta todo o ambiente educacional. Professores e escolas precisam se
adaptar, estudar mais, criar dinâmicas e pensar em acessibilidade. As crianças
que convivem com a diversidade aprendem sobre as diferenças, promovendo um
movimento de mudança e um melhor desenvolvimento humano no contexto
escolar", conclui Ana Paula.
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