Aos poucos, as escolas abrem suas portas para que estudantes de todo o país retomem suas atividades em sala de aula. Contudo, se engana quem pensa que esse retorno representa por si só uma volta à normalidade. Certamente, crianças e jovens voltam bem diferentes de quando ali estiveram pela última vez, em meados de março de 2020. A grande mudança diz respeito aos aspectos socioemocionais.
Nesse
período de pandemia, de isolamento e distanciamento social, diversas
características que abrangem os chamados soft skills, competências
socioemocionais que permitem ao indivíduo gerenciar emoções, solucionar
problemas, manter relações sociais e tomar decisões responsáveis, não só
deixaram de ser desenvolvidas nas crianças, como algumas até apresentarão,
nesse retorno escolar, sinais de momentâneo retrocesso, o que vai exigir de
professores e de coordenadores pedagógicos plena atenção para observar,
identificar, acolher e trabalhar essas habilidades com seus alunos. E isso deve
acontecer com estudantes de todas as idades. Afinal, ninguém passou indiferente
por essa pandemia.
Nessa
espécie de força-tarefa para a saúde mental de nossas crianças e jovens, alguns
pontos devem ficar mais destacados. Nos mais jovens, características como a
socialização e a autonomia podem apresentar sinais de alerta. Elas são
trabalhadas plenamente no ambiente escolar e é na convivência com e entre
crianças que esse tipo de habilidade é desenvolvido com vigor.
Nos jovens de etapas escolares mais avançadas, por sua vez, a ansiedade pode ser um dos itens mais observados. Vale destacar que, em tempos normais, ela já se apresentava preocupante, e na pandemia foi ainda mais intensificada. Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) divulgado recentemente e que envolveu sete mil crianças e adolescentes de todo o país revelou que um em cada quatro ouvidos apresentou esse tipo de transtorno durante a crise sanitária com níveis clínicos, o que representa necessidade de auxílio médico. Agora, no retorno das aulas presenciais, esse tipo de transtorno pode se manifestar ainda mais intensamente, com jovens estudantes mais tensos e mais inseguros com relação ao futuro.
Isso, sem deixar de citar outro item trabalhado nos soft skills e que também foi afetado pela pandemia: a cultura de estudo. Sim, porque abruptamente, esses estudantes tiveram que se moldar a uma nova forma de aula e de construção de conhecimento. Enquanto as escolas permaneceram com as portas fechadas, por mais que as aulas fossem ministradas de maneira virtual, cada um organizava ou ao menos tentava a melhor estratégia de estudo. Agora, mais do que nunca, será preciso aprender a aprender, ajudando o aluno no processo de construção do estilo de estudo.
Como
se percebe, o trabalho de escolas e educadores nesse retorno presencial às
aulas é desafiador. O momento é de acolhimento, observação, diagnóstico e foco
no socioemocional. Ele deve ser priorizado pelas instituições de ensino e
tratado com profissionalismo. No universo educacional, há opções como a startup
Vivadí, que fornece um programa completo de desenvolvimento dessas habilidades,
criadas especialmente para cada fase da vida escolar: ensino Infantil, Fundamental
e Médio. O programa oferece subsídios para que os colaboradores da escola
consigam coletar dados e fazer diagnósticos por meio de observações individuais
e também coletivas, que permitem uma fotografia do todo, com o registro de
comportamentos gerais. As informações são organizadas, sistematizadas e
devolvidas para a escola que, dependendo do cenário, recebe junto sugestões de
intervenções.
A
força-tarefa pela saúde mental das nossas crianças e jovens deve, assim,
envolver educadores, coordenadores pedagógicos, diretores e quantos mais
colaboradores puderem participar. O retorno presencial representa um enorme
desafio depois de tanto tempo sem esse contato. Mas, deve também representar
uma excelente oportunidade de prepara-los melhor, com mais segurança,
equilíbrio e habilidades sociais e emocionais que reflitam numa comunidade com
uma nova narrativa no pós-pandemia.
Mauricio Martins - professor, especialista em produtos para educação e co-fundador da Vivadí
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