Associação adverte sobre os riscos que esse tipo de carga tem na vida
dos humanos, dos animais e do meio ambienteDivulgação
Segundo levantamento realizado pela Comissão de Estudos e
Prevenção de Acidentes no Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos no Estado
de São Paulo, os veículos que transportam líquidos inflamáveis são os que mais
se envolveram em acidentes nas estradas, em 2020. Os dados foram calculados com
base nas informações fornecidas pela Agência de Transportes (ARTESP), pela
Companhia Ambiental (CETESB), pelo Comando do Policiamento Rodoviário (CPRV) e
pela Pro-Química, todos localizados no estado de São Paulo.
De acordo com a pesquisa, das 939 ocorrências (acidentes e
incidentes) registradas nas rodovias paulistas, 23% foram com Etanol (ONU
1170); 16%, com Óleo Diesel (ONU 1202); e 8%, com Gasolina (ONU 1203 e ONU
3475). A Rodovia Governador Mário Covas (Rodoanel - SP021) é o local com o
maior número de incidentes (15,7%), seguido da Rodovia Castelo Branco (SP280),
com 14,4%.
As cargas perigosas são produtos que podem causar danos, ou
apresentar riscos à saúde dos humanos, dos animais (terrestres ou aquáticos) e do
meio ambiente. A Associação Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT), através
do Regulamento da Agência Nacional de Transporte Terrestre (RNTRC)
classifica-os em nove classes: os explosivos, os gases, líquidos e sólidos
inflamáveis, as substâncias oxidantes ou tóxicas, os peróxidos orgânicos, os
materiais radioativos e os compostos corrosivos.
Segundo o secretário executivo da Associação Brasileira de
Transporte e Logística de Produtos Perigosos, Eduardo Leal, a responsabilidade
pela segurança das cargas perigosas é compartilhada entre a indústria, as
transportadoras, os pontos de venda ou de distribuição e o motorista
profissional – deve estar treinado e atualizado a respeito das regulamentações
mais atuais. Para auxiliá-los, a Associação criou, no início da pandemia, a
Comissão Especial de Atualização dos Requisitos Legais no Transporte de
Produtos Perigosos.
Nela, ocorrem reuniões semanais a respeito dos principais assuntos
no setor para os associados e os demais interessados. Outro recurso utilizado
pela ABTLP são as lives, gravadas e postadas no
canal da Associação no Youtube, com palestras sobre temas variados, como o uso
das tecnologias para a prevenção de acidentes na estrada, as alterações no
Código de Trânsito Brasileiro (CTB), os incidentes com tombamentos, a amarração
da carga e os equipamentos de segurança utilizados no transporte de cargas
perigosas.
A assessora técnica da Associação Brasileira de Transporte e
Logística de Produtos Perigosos (ABTLP), Maria dos Anjos, que também é
secretária administrativa executiva Comissão de Estudos, participou do curso
Visão Zero, trazido ao Brasil pelo trabalho do coordenador da Comissão de
Estudos, coronel Gilberto Tardochi.
O curso é uma forma de compreender e desenvolver um sistema seguro
de mobilidade, partindo da premissa que nenhuma morte é aceitável; e a vida
humana, prioridade. Dessam forma, uma verdadeira mudança de paradigma no meio
corporativo, em que o objetivo não pode ser um número “aceitável” de mortes,
pois nenhuma morte ou lesão grave é aceitável.
Contudo, mesmo que empresários se conscientizem, a possibilidade
de acidente sempre existe. Em um cenário de acidente as consequências podem
atingir as esferas administrativa e criminal. E dependendo do caso, tanto o
transportador quanto o expedidor da carga serão penalizados. Daí a
importância de o transportador estar no local assim que o evento acontecer para
fornecer o suporte humano e material.
Segundo a
diretora administrativa da Zorzin Logística e integrante da ABTLP, Gislaine
Zorzin, “outra coisa enfatizamos nos debates e nas palestras na associação é o
não incentivo à jornada noturna, porque o sono leva à perda da tomada de
decisões racionais. O que mais tem nos ajudado a prevenir esses erros é a
introdução das tecnologias para fiscalização dos períodos de atuação do
motorista e o cumprimento dos horários de alimentação e de descanso. As câmeras
de vigilância, os sistemas de telemetria, o de roteirização e os aplicativos de
controle de frota e de criação de mapas inteligentes são muito úteis nesse
sentido”.
Parte da
implementação dos softwares envolve o treinamento com os colaboradores e os
motoristas a respeito do uso correto dessas plataformas. “Muitos dos
caminhoneiros profissionais que trabalham conosco confirmam a praticidade do
digital. Porém, estruturar um programa de orientações envolve a internalização
dos conceitos principais por meio de palestras que abranjam todos os fatores
envolvidos na preservação do colaborador e do produto que transportamos”,
complementa Gislaine.
O exemplo da
Zorzin mostra que o tema vai além do que se tem como ideia quando o assunto é o
papel das transportadoras na redução de acidentes no transporte de produtos
perigosos. No início deste mês, a empresa realizou, entre os dias 4 e 7 de
outubro, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho (SIPAT), que
trabalhou temas como a dependência de produtos químicos, os cuidados com a
coluna, a realização periódica de exames de sangue e de glicemia, a saúde
mental, entre outros.
A ABTLP possui
23 anos de atuação no segmento de produtos perigosos e sempre conscientiza seus
associados para que ocorram menos incidentes nesse segmento do transporte de
cargas. “Realizamos esses cuidados prévios, por meio de publicações nas redes
sociais, de treinamentos in company, de envio de informativos
pelo site da Associação, do disparo de circulares por e-mail, de mensagens via
WhatsApp. Em geral, de tudo que facilite a chegada da informação para as
transportadoras”, finaliza Leal.
Sobre a entidade:
A ABTLP foi criada para defender os interesses de transportadores
e operadores logísticos com atuação no segmento de produtos perigosos, junto
aos poderes constituídos em âmbito nacional, estadual e municipal.
Gislaine Zorzin - Formada em logística pela Uniradial São Paulo e atua como diretora
administrativa e de novos negócios na Zorzin Logística. Além disso, integra o
Projeto 25 desenvolvido pela Associação Brasileira de Transporte e
Logística de Produtos Perigosos (ABTLP).
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