Os
desafios e pressões enfrentados pelo setor de Saúde devido à crise da Covid-19
terão efeitos significativos sobre a necessidade, já inerente ao setor, de
aumentar o nível de maturidade de programas de Governança, Riscos e Compliance
(GRC). Maiores exigências em relação à gestão de riscos e conformidade refletem
na implementação de programas dinâmicos, robustos e altamente tecnológicos.
Tal
tendência é confirmada pelos dados expostos no relatório “O mercado Global de Governança,
Riscos e Compliance até 2025” desenvolvido pela Bravo Research,
braço de pesquisa qualificada e insights da Bravo GRC, e publicado em julho
deste ano. Segundo o levantamento, o mercado de GRC no Brasil terá um
crescimento anual médio de 10,8% para o setor de Saúde entre 2019-2025, atrás
apenas do setor Bancário-Securitário, que deverá crescer 11,6%, conforme
demonstra o quadro a seguir.
No
mundo, em termos absolutos, o setor de Saúde poderá se tornar o segundo maior
em mercado após 2025, com projeções de U$7,5 bilhões, enquanto
Bancário-Securitário e Manufatura aparecem com projeções de U$10,3 bilhões e
U$7,6 bilhões já em 2025, respectivamente.
A
pesquisa “2021 Healthcare Compliance Benchmark Survey”, conduzida pela SAI
Global em parceria com a Strategic Management Services nos Estados Unidos,
trouxe à tona dados muito relevantes sobre a área de Hospitais e Instituições
da Saúde, os quais corroboram com as tendências trazidas pelo levantamento da
Bravo Research e ainda revelam findings cruciais como a preocupação com a
privacidade de dados e registros médicos dos pacientes. Tendo em vista o
contexto de pandemia, o aumento exponencial da quantidade de informações
coletadas pelo setor em razão da avalanche de atendimentos e internações é um
forte fator explicativo. Seguindo a mesma lógica, a gestão dos gastos e
conformidade regulatória aparecem como segunda e terceira top prioridades.
Em
meio à crise da Covid-19, o estresse sofrido pelo setor evidenciou pontos
críticos para o gerenciamento de riscos, não somente atrelados ao compliance e
privacidade de dados (legislações, normas e regulamentos diante de um fluxo
enorme de procedimentos e dados), mas também financeiros e de gestão dos
recursos. Tais pontos têm reflexo nas principais iniciativas para 2021 notadamente
relacionadas à privacidade de dados, cybersecurity, auditoria, riscos
regulatórios e implementação de softwares e tecnologias.
No
entanto, apesar das prioridades serem claras, as empresas do setor de Saúde
ainda têm um longo caminho a percorrer para garantir o cumprimento das etapas
e, efetivamente, atingir tais prioridades. Todo este cenário emergente de
iniciativas, prioridades e identificação de riscos está sendo imposto por uma
profunda transformação cultural que unifica tecnologia, as ameaças na área de
segurança de dados, o compliance e a governança.
Mergulhar
nesta transformação implica alto nível de treinamento e metodologias renovadas.
Os serviços de treinamento figuram como prioridade no planejamento de
contratação de serviços terceirizados. Contudo, o processo de avaliação de
aderência à “cultura do compliance” ainda deixa larga margem para
aperfeiçoar-se. Sobre este tema, a pesquisa da SAI Global revela que 71% dos
respondentes aplicam avaliações exclusivamente internas para acessar seu grau
de aderência à “cultura do compliance”, enquanto apenas 29% elaboram avaliações
através de processos independentes de análise por partes de fora da
organização, como por exemplo a contratação de auditorias externas.
As
metodologias empregadas para identificar, analisar e direcionar os riscos
enfrentados pela organização são bastante variadas, conforme revelou a pesquisa
da SAI. Para aprimorar os Sistemas de Gestão da Aprendizagem e compliance
dentro das instituições, as empresas de Saúde apostam em metodologias de
treinamento que permeiam o ambiente de trabalho a todo instante, o que inclui
treinamentos ao vivo, online, por email ou até por newsletters.
O
setor de Saúde é extremamente sensível à gestão e privacidade dos dados,
principalmente pelo rápido aumento do volume de dados que passa a ter acesso.
Além disso, este setor deve colocar sua energia no estabelecimento de uma
governança aberta que seja capaz de abraçar a gestão, a visibilidade dos
riscos, além de um programa de compliance efetivo, evitando assim vazamento de
dados e descasamentos financeiros que podem provocar desequilíbrio das contas e
colocar a saúde e a reputação da empresa em risco.
Suelen A. da Silva
- Research Coordinator na Bravo GRC, Mestre em Estratégia Empresarial pela FGV
EAESP, com especialização em estratégia para negócios sustentáveis pela Harvard
Business School.
Ísis Camarinha - Analista de Research na Bravo GRC, Doutora em Economia Política Internacional pela UFRJ e Mestre em Economia pela PUC-SP.
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