quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Psicóloga da Escola da Inteligência explica como identificar sintomas de depressão em crianças e jovens e o que fazer

Especialista detalha que é fundamental criar uma rede de apoio que ofereça segurança em expressar seus sentimentos de forma a evitar o isolamento e até mesmo o suicídio

 

Pesquisa do IBGE revela que as meninas estão sentindo mais a saúde mental negativa do que os meninos. O estudo foi realizado com adolescentes de 13 a 17 anos e informa que para 29,6% das meninas a vida simplesmente não vale a pena. Entre os meninos, o índice daqueles que também pensam da mesma forma está em 13%. Cerca de 40% das meninas não aceitam o próprio corpo, enquanto que entre os garotos o número chega a 24,5%. Outro ponto de atenção é com relação ao bullying na escola: 57,8% das meninas e 20% dos meninos disseram já ter sofrido. Esses são indícios de que jovens e adolescentes podem estar com quadro de depressão.

 

A psicóloga e consultora Educacional da Escola da Inteligência Ana Lídia Zerbinatti informa como perceber os sintomas de depressão e, principalmente, de como colaborar com quem precisa, mas que não consegue pedir ajuda. “Para evitar que este quadro se agrave mais, é fundamental estar próximo, dar atenção e ter um acompanhamento médico. Isso envolve a participação direta da família, amigos e professores”, explica.

 

Para facilitar a identificação dos sintomas e saber o que deve ser feito para ajudar os adolescentes neste momento tão difícil, Ana Lídia traz dicas que podem ser colocadas em prática pelas pessoas próximas. A seguir estão os detalhes:

 

1.     Saber o que é a depressão e quais fatores a desencadeiam

A depressão é uma doença multideterminada. Não existe uma única causa, mas um grupo delas. É a resposta do nosso organismo para um conjunto de fatores quando passamos por perdas significativas na nossa vida. Por exemplo, traumas físicos e/ou emocionais; problemas familiares, acadêmicos, no relacionamento, entre outros. Isso traz mudanças ao estado psíquico da pessoa até o ponto em que ela acaba adoecendo. Ou seja, uma desestrutura na rotina, da perda de sentido, significado e de propósito na vida dessa pessoa.

 

2.     Tomar cuidado com a massificação das redes sociais

Os maiores índices de depressão, automutilação e suicídio entre crianças e adolescentes estão correlacionados com a massificação do acesso às redes sociais. Por exemplo, segundo investigação do jornal norte-americano The Wall Street Journal, um relatório interno realizado pelo Facebook informa que o Instagram, que faz parte da mesma empresa, está relacionado a danos à saúde mental de adolescentes. O estudo informou que 13% dos usuários britânicos e 6% dos norte-americanos relataram ter pensamentos suicidas em decorrência do uso do aplicativo. Este pode ser um indicativo do perigo do uso excessivo das redes sociais porque pode proporcionar a perda de referência do que é próximo da realidade dele. São padrões excessivos de felicidade, sucesso, beleza inacessíveis que podem levar à depressão.

 

3.     As consequências na saúde mental ocasionadas pela pandemia

A pandemia trouxe uma perda muito grande na rotina de socialização. Momentos de lazer foram prejudicados e isso pode ocasionar problemas de saúde mental. O primeiro passo é que as famílias observem seus filhos, como se comportam, expressam suas emoções, quem são seus amigos. Quanto mais a gente conhece, mais tem vínculo familiar e consegue se aproximar para fazer a intervenção e estar atento aos sinais. É muito comum ouvir de famílias que sofrem com casos de depressão, de automutilação ou mesmo de suicídio que o jovem não falou nada. Muitas vezes, a gente não está prestando atenção nos sinais daquela depressão

 

É importante conhecer os sintomas da depressão e, principalmente, seus filhos porque o que mais se destaca é a mudança de comportamento daquela criança ou adolescente. Geralmente, é uma apatia, falta de vontade de fazer as coisas. Porém, faz parte do comportamento dos jovens, principalmente os adolescentes, ficarem mais entediados e com falta de interesse. Por isso, não é apenas a mudança em si, algo que acarreta em prejuízos para aquele jovem. Por exemplo, se a família começa a perceber que a pessoa não quer mais sair com os amigos, perdeu o interesse em atividades de que antes gostava, reclama de ter que ir à escola, começa a ter dificuldade na escola, perda ou excesso de peso e sono. A partir de qualquer desses indícios, é preciso ficar atenta.

 

4.     A importância da relação integrada entre família e escola

A escola também precisa conhecer seus alunos, estar atenta a esses sinais e fazer os encaminhamentos adequados. A escola deve orientar a família. O mesmo vale para a família e ambos precisam atuar de forma conjunta. A disciplina de educação socioemocional ajuda a prevenir para que o aluno possa se conhecer melhor, expressar o que sente, se aproximar mais dos amigos, família e professores, conseguir pedir ajuda quando necessário, gerenciar e reduzir situações de estresse. É importante que a pessoa com depressão tenha um acompanhamento médico porque se trata de uma doença e que as pessoas em volta criem uma rede de apoio ao paciente. É papel da família, escola e amigos estar presente, incentivar e acompanhar o tratamento porque mostra à pessoa que ela não está sozinha.

 


Escola da Inteligência


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