Desgastes gerados em razão da poluição sonora e luminosa e longos períodos de deslocamentos contribuem para doenças, como ansiedade e depressão. Projeto estimula estudantes a terem maior consciência e participação na construção do seu entorno
A organização do espaço urbano influencia
diretamente a forma como nos relacionamos com as pessoas e com o ambiente ao
nosso redor. Além disso, o modo como a cidade está estruturada pode favorecer
ou dificultar a adoção de hábitos saudáveis e, por isso, o bem-estar dos indivíduos
muitas vezes está atrelado a fatores coletivos.
“As políticas urbanísticas têm efeito direto na
saúde e na qualidade de vida da população. As mudanças e intervenções que
ocorrem na cidade moldam nosso estilo de vida e nossas relações sociais”, explica
Paulo Saldiva, coordenador do núcleo de saúde urbana do Laboratório Arq.Futuro
de Cidades do Insper.
O especialista afirma que a organização do espaço
público pode contribuir, por exemplo, para a prevenção ou disseminação de
doenças, já que o planejamento urbano é responsável por mediar questões
relativas à habitação, mobilidade, saneamento e segurança, além de incentivar
projetos para a implementação de áreas verdes, espaços culturais e de lazer.
Outros riscos à saúde física, como diabetes,
obesidade e hipertensão também podem ser favorecidos pela vida urbana. O ritmo
de vida acelerado na cidade pode induzir o consumo de alimentos
industrializados. Além disso, o tipo de mobilidade e o perfil de trabalho
predominantes nas cidades exigem um esforço cada vez menor, o que favorece
doenças cardíacas e respiratórias.
E não é apenas a saúde física que é prejudicada.
“Estudos recentes já mostraram que os transtornos mentais são cada vez mais
comuns no ambiente das cidades. O ritmo intenso de trabalho, o longo tempo de
deslocamento, o desgaste promovido pela poluição sonora e luminosa podem
contribuir para sintomas de depressão e ansiedade, além de estresse e
dificuldades na convivência social”, complementa o especialista.
Dependendo da maneira como a cidade e seus
recursos estão disponibilizados, o indivíduo pode ser incentivado ou
desmotivado a adotar determinados hábitos. Por isso, é importante que o
planejamento urbano seja capaz de avaliar as demandas locais e aliá-las ao
crescimento econômico da região.
Para
entender mais sobre o assunto, o “Aprendendo a viver na cidade”, projeto
didático formulado pela BEĨ Educação, discute conceitos de urbanismo e
cidadania com o objetivo de contribuir para a formação de indivíduos mais
conscientes e participativos na construção de seu entorno. O projeto parte da
premissa de que os jovens brasileiros devem ser incentivados a assumir o
protagonismo e intervir socialmente na cidade onde vivem, de modo a se
mobilizarem na busca por solução de problemas sociais urbanos.
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