terça-feira, 12 de maio de 2020

Cuidados com a saúde mental dos idosos na quarentena precisam ser redobrados


Medidas de reclusão social podem mascarar sintomas de depressão e distúrbios psiquiátricos; atenção durante a pandemia da covid-19 deve ser redobrada


Desde a chegada da pandemia do novo coronavírus ao Brasil, a população com idade acima de 60 anos tem sido o foco da preocupação, uma vez que esse é o grupo mais vulnerável à doença. Os cuidados com o distanciamento social para esta população é a melhor forma de evitar o contágio, mas os cuidados com a saúde mental precisam ser redobrados.
Por isso a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) chama atenção para a necessidade de focar a atenção na saúde mental dos idosos durante o confinamento, pois as medidas de reclusão social podem mascarar sintomas de depressão e de ansiedade e trazer à tona distúrbios psiquiátricos já existentes. Características naturalmente atribuídas ao isolamento social podem ser sinais de quadros mais graves, que podem colocar saúde e a vida do idoso em risco.
“Quem já faz tratamento de quadros mais graves, como depressão e ansiedade, inclusive que necessitam de acompanhamento medicamentoso, precisa de um cuidado adicional agora, pois neste momento existem mais motivos para uma piora desses tipos de quadros”, afirma a psicóloga, especialista em Gerontologia e membro da diretoria da SBGG, Dra. Valmari Aranha.
De acordo com a especialista é preciso ficar muito atento a mudanças muito bruscas de comportamento e da personalidade desta população. “A quarentena pode mascarar sintomas de depressão na medida em que força as pessoas a se manterem isoladas dentro de casa e perderem controle sobre sua rotina, tais como alimentação, sono, realizar menos atividades físicas e de lazer e também terem menos contato com amigos e familiares que poderiam lhes ajudar com as dificuldades”, explica. 
Além da depressão é preciso que as famílias fiquem muito atentas com outras doenças que podem se agravar devido o excesso de tempo dentro de casa, como o transtorno de ansiedade generalizada e a síndrome do pânico. “Além disso, é necessário prestar atenção nos idosos que moram sozinhos e que podem acabar tomando medicamentos em associação ao consumo de álcool”, alerta a psicóloga e especialista em gerontologia.

Idosos lideram casos de depressão 
No Brasil, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem cerca de 30 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Entre os idosos de 60 a 65 anos, 1,2% tinha depressão em 2017, de acordo com a OMS, representando a faixa etária com mais pessoas depressivas no Brasil.
Por isso esse cuidado é urgente, uma vez que, além de serem a população mais atingida pela doença, também representam uma das faixas etárias mais vulneráveis ao desenvolvimento de quadros graves de depressão. “Não é porque o momento justifica inseguranças, medos, tristeza e desesperança que não precisamos cuidar, que podemos deixar de prestar atenção em sinais de agravamento destes sintomas nos idosos da nossa família”, conclui a especialista. 



SBGG - A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia

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