Informações do
Ministério da Saúde comprovam que é incorreto apontar enlatados como os
principais culpados pela doença
Muita gente ainda pensa que alimentos enlatados,
como vegetais, patês e pescados, estão fortemente associados à incidência de
uma doença grave: o botulismo. De notificação obrigatória, trata-se de doença
não contagiosa, causada por uma bactéria que paralisa os nervos e pode levar à
morte.
Mas, segundo informações oficiais do Ministério da
Saúde, que podem ser conferidas no website do órgão, “os alimentos mais
comumente envolvidos são: conservas vegetais, principalmente as artesanais
(palmito, picles, pequi); produtos cárneos cozidos, curados e defumados de
forma artesanal (salsicha, presunto, carne frita conservada em gordura – “carne
de lata”); pescados defumados, salgados e fermentados; queijos e pasta de
queijos e, raramente, em alimentos enlatados industrializados”.
Mas o que é botulismo? É uma doença neuroparalítica
causada por uma toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum.
Esta bactéria produz esporos que sobrevivem em ambientes com pouco oxigênio. A
doença ocorre quando alguém ingere essas toxinas junto com alimentos
conservados de maneira inadequada. De acordo com o Ministério da Saúde, é
necessário evitar o consumo de alimentos que estiverem em “latas estufadas,
vidros embaçados, embalagens danificadas e com alterações no cheio e no
aspecto”.
A engenheira de alimentos Thais Fagury, presidente
da Associação Brasileira de Embalagens de Aço (Abeaço), explica que as
conservas, carnes e doces enlatados são produzidos industrialmente, seguindo
normas rigorosas de higiene e de segurança. “Os enlatados são submetidos a
altas temperaturas, que eliminam agentes microbiológicos. Além disso, a lata de
aço não permite a entrada de luz ou de oxigênio, o que poderia deteriorá-los”,
ressalta.
Segundo ela, apenas as latas que estiverem
estufadas não devem ser consumidas. “O mesmo vale para qualquer embalagem
estufada, pois isso indica que houve falha no processamento do produto, fazendo
com que alguma reação indesejada ocorresse no alimento. Não significa
botulismo, mas a ocorrência de alguma reação no alimento – química ou
microbiológica. Por isso, o consumo não é indicado, já que não sabemos que tipo
de reação ocorreu”, explica a especialista. Não há problema em consumir o
produto, no entanto, se a lata estiver amassada. “Atualmente as latas de aço
são revestidas com um verniz de segurança que impede que o metal entre em
contato com o alimento”, frisa.
Outro ponto que deixa muita gente em dúvida é sobre
lata enferrujada. “Não há problema em consumir, exceto nos casos em que haja
perfuração na embalagem, ou seja, contato do produto/alimento com o meio
externo”, explica, assinalando que ferrugem indica que o processo natural de
degradação do aço está acontecendo. “O importante, neste caso, é ficar de olho
no prazo de validade estampado na lata.”
A boa notícia é que, embora seja uma doença grave,
o botulismo é também raro. De acordo com dados do Datasus, em 2018 houve apenas
seis casos confirmados no Brasil e, em 2017, apenas um.
Veja outras dicas do Ministério da Saúde:
- Produtos industrializados e conservas caseiras que não ofereçam segurança devem ser fervidos ou cozidos por pelo menos 15 minutos antes de serem consumidos. Altas temperaturas podem eliminar as toxinas do botulismo.
- O período de incubação (entre a contaminação e o início dos sintomas) pode variar de 2 horas a 10 dias, com média de 12 a 36 horas. Quanto maior a concentração de toxina no alimento ingerido, menor o período de incubação.
- Embora existam três formas de o botulismo ser diagnosticado (alimentar, infantil ou por contaminação de feridas na pele), em todas elas as manifestações são neurológicas e/ou gastrointestinais.
- Todas as formas de botulismo podem matar, se não tratadas adequadamente, e são consideradas emergências médicas. Por isso, com a presença de qualquer sintoma é essencial procurar ajuda médica imediata. No Brasil, o botulismo está diretamente relacionado à contaminação alimentar.
- Os sintomas do botulismo variam de acordo com o tipo de infecção da doença. No entanto, os sintomas mais comuns da doença, de forma geral, são: dores de cabeça, vertigem, tontura, sonolência, visão turva, visão dupla, diarreia, náuseas, vômitos, dificuldade para respirar, paralisia descendente da musculatura respiratória, braços e pernas.
Leia aqui todas as informações do Ministério da
Saúde: http://saude.gov.br/saude-de-a-z/botulismo.
Associação Brasileira de
Embalagem de Aço (Abeaço)
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