Quando o
adolescente se sente seguro e acolhido, desenvolve atitudes positivas que o
preparam para a vida
Pais educam e a escola ensina. Certamente, você já
ouviu ou leu essa frase em algum lugar. Mas saiba que, hoje em dia, com o
avanço da ciência na área da educação, não precisa ser exatamente assim. Família
e escola devem andar juntas e se ajudarem, mutuamente, no desafio de apoiar o
jovem na superação das dificuldades que encontra no seu dia a dia, da melhor
forma possível.
Passamos grande parte das nossas vidas no ambiente
escolar e é cada vez mais necessário ensinar habilidades para que os alunos
tenham mais bem-estar por meio da educação positiva. Assim, pais e professores
podem auxiliar os jovens e crianças a lidarem com suas emoções, valorizarem
relacionamentos positivos e oferecer ferramentas para desenvolver maneiras mais
saudáveis para reagir aos seus sentimentos, pensamentos e estímulos. A
psicologia positiva propõe um novo olhar sobre a natureza da felicidade e do
bem-estar. Ao valorizar as qualidades humanas, é possível fomentar uma vida
mais plena e significativa.
“Os pais devem buscar uma
relação transparente com os filhos, conquistando a confiança e não impondo. O
adolescente deve vê-los como adultos que sejam referência de autoridade e
respeito. Dessa forma, podem ter em quem se espelhar como adultos
emocionalmente saudáveis, no futuro”, explica Flora Victoria, mestre em
Psicologia Positiva Aplicada, pela Universidade da Pensilvânia, e presidente da
SBCoaching.“Além disso, devem valorizar os comportamentos adequados dos filhos,
explicar os motivos de suas escolhas e atitudes, sendo ao mesmo tempo amorosos
e firmes, usando de práticas educativas positivas”, completa.
As regras colocadas para os filhos precisam ser
claras. Na adolescência, os pais costumam exigir mais tarefas e
responsabilidades, sendo que, em alguns casos, tais exigências não foram
ensinadas, tornando difícil a cobrança de algo que não orientado.
Quando o adolescente se vê seguro e acolhido na
relação com os pais, desenvolve atitudes positivas e proativas, pois se sente
estimulado e com autonomia para seguir em frente. Sabe que receberá apoio tanto
se acertar como se errar, tendo sempre com quem contar.
A escola, por sua vez, não é somente uma
transmissora de conhecimento, ela desenvolve competências que permitem que os
jovens entendam sobre seus limites e potencialidades, tenham condições para
lidar com os desafios, sejam capazes de dialogar, manter relacionamentos
positivos e consigam trabalhar em conjunto, não apenas nas tarefas
desenvolvidas em suas dependências, mas em todos os momentos de sua vida.
Diante das constantes transformações sociais,
alcançar a realização pessoal e profissional depende, cada vez mais, do
desenvolvimento das competências socioemocionais características de
adultos emocionalmente fortes. Ou seja, além de proporcionar a construção das
habilidades cognitivas dos alunos, as escolas passam a entender a importância
de incluir em seu currículo conteúdos que promovam o desenvolvimento
emocional, social e psicológico.
“Além do aspecto comportamental, no futuro, de nada
adiantará ter conhecimentos técnicos e não ter competências éticas,
comportamentais e de responsabilidade. Elas não são inatas e fixas. É possível
aprendê-las, praticá-las e ensiná-las no ambiente escolar ou dentro de casa”,
afirma Flora.
Para a especialista, “adolescentes incentivados a
encontrar significados e propósitos em todas as suas ações, seja dentro de casa
ou na escola, podem elevar a incidência de emoções positivas no dia a dia e,
assim, gerar uma onda de bem-estar capaz de refletir em todas as esferas de
suas vidas”.
Martin Seligman, Ph.D. da Universidade da
Pensilvânia, reforça a importância do investimento em educação positiva para
gerar mais bem-estar entre os jovens. Considerado o pai da psicologia positiva,
Seligman afirma que a sensação de plenitude é composta por cinco elementos:
emoções positivas, engajamento, relacionamentos, significado e realização.
A psicologia positiva é o caminho para o indivíduo
identificar suas forças, virtudes e valores. Conhecida como a Ciência da
Felicidade, ela traz um novo enfoque científico para o funcionamento positivo
do ser humano e o caminho para quem quer desfrutar de uma vida plena e feliz.
Tanto a escola como os pais precisam incentivar os
adolescentes a entender a importância de utilizar diferentes linguagens e
plataformas para se expressar, compartilhar ideias, experiências e sentimentos.
Assim, poderão desenvolver a capacidade para construir argumentos e opiniões de
maneira qualificada e saber defender as próprias ideias e pontos de vista. Além
disso, essa competência valoriza a ética, os direitos humanos e a
sustentabilidade social e ambiental.
No Brasil, ainda é necessário percorrer um longo
caminho quando o assunto é educação, mas um avanço significativo pode acontecer
a partir do próximo ano, quando as escolas brasileiras precisarão incluir as
habilidades socioemocionais nos seus currículos, conforme prevê a nova Base
Nacional Comum Curricular (BNCC). Pois tanto no ambiente escolar, como na vida,
as habilidades cognitivas se misturam às emocionais. Poder contar com uma
metodologia sistematizada, que tem o propósito de formar indivíduos com valores
mais sólidos e atitudes positivas, ou seja, emocionalmente fortes, é um grande
progresso.
Trata-se de uma mudança de paradigma considerável
para os professores que, mais do que ministrar matérias, agora também terão que
ensinar o aluno a se relacionar com o mundo ao redor. É importante que os
adolescentes saibam reconhecer as próprias emoções e as dos outros para
desenvolver a capacidade de lidar com elas. E, também, possam criar posturas e
atitudes como solidariedade, empatia, resolução de conflitos e a cooperação,
além de tomar decisões de maneira responsável.
O coaching e a psicologia positiva podem ser
aplicados em, pelo menos, 5 das 10 competências gerais da BNCC. São elas:
- Compreensão
das relações do mundo corporativo e tomada de decisões, alinhadas ao
projeto de vida pessoal, profissional e social.
- Argumentação
com base em fatos, dados e informações confiáveis para formular, negociar
e defender ideias e pontos de vista.
- Autoconhecimento
e reconhecimento de suas emoções e dos outros, com capacidade de lidar com
elas e com a pressão do grupo.
- Exercício
da empatia, diálogo, resolução de conflitos e cooperação, fazendo-se
respeitar e proporcionando respeito ao outro.
- Ação
pessoal e coletiva com autonomia, responsabilidade, flexibilidade,
resiliência e determinação.
SBCoaching
(Sociedade Brasileira de Coaching)
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